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Grande Intercambio Biótico Das Américas

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Por:   •  8/8/2014  •  2.376 Palavras (10 Páginas)  •  1.623 Visualizações

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O Grande Intercâmbio Biótico das Américas (GIBA) e sua relação com a megafauna pleistocênica sulamericana

Introdução

Durante o Mesozóico Inferior, os continentes estavam em seu desenvolvimento máximo em um único continente denominado Pangea, situado na região central do globo terrestre e cercado pelo grande oceano denominado Panthalassa (TEIXEIRA et al., 2000). A fragmentação da Pangea iniciou-se ainda durante a era Mesozóica, marcado pela separação da Laurásia e Gondwana, pelo mar de Tethys (BENTON, 2005).

A placa correspondente a Laurásia era composta pelos atuais continentes do hemisfério Norte (Eurásia e América do Norte), já Gondwana era basicamente composta pelos continentes que hoje compõem o hemisfério Sul (incluindo a Antártida, América do Sul, África, Austrália e outros). Através da movimentação de placas tectônicas ocorridas no fim do Jurássico e início do Cretáceo, ocorreu fragmentação de parte do grande continente Gondwana, ocorrendo a separação da África e América do Sul e da Austrália e Antártica (POUGH et al., 2005).

Dessa forma a placa continental denominada Gondwana começava a deixar de existir como um supercontinente. Além disso, ocorreu a separação da América do Norte e Europa, surgindo o Oceano Atlântico que influenciou diretamente o modo de vida e distribuição da biota marinha. A África moveu-se em direção norte para a Eurásia, fechando o Oceano de Tethys e os Alpes. Além disso, a Índia colidiu com a Ásia, causando soerguimento da Cordilheira do Himalaia(TEIXEIRA et al., 2000).

Segundo PRESS et al.(2006), a Era Cenozóica é dividida em dois períodos muito desiguais, o Terciário e o Quaternário – que trata-se somente dos últimos dois milhões de anos. O Terciário é dividido em dois subperíodos denominados Paleógeno (dividido em Paleoceno, Eoceno, Oligoceno) e o Neógeno (dividido em Mioceno e Plioceno). Já o Quaternário encontra-se dividido em Pleistoceno e Holoceno (Figura 1).

Figura 1: Tabela Geológica detalhando a Era Cenozóica (Fonte: INTERNATIONAL STRATIGRAPHIC CHART)

Segundo BENTON (2005), durante o Neógeno, os continentes passaram a ter a conformação conhecida nos dias atuais. Além disso, a Era Cenozóica também é conhecida como a Idade dos Mamíferos, pois no começo do Cenozóico ocorreu a extinção da maior parte dos grandes répteis, principalmente durante o período entre Cretáceo e Terciário, conhecido também como limite K-T. Com a extinção dos dinossauros, os mamíferos passaram a ocupar os diversos nichos ecológicos disponíveis e disseminaram-se por todo o planeta, principalmente pelas Américas (PAULA-COUTO, 1979).

Segundo POUGH et al. (2005), os primeiros mamíferos teriam surgido no Triássico, durante a Era Mesozóica. Esses animais tipicamente tetrápodes descendentes dos primeiros sinapsídeos possuem dentre as principais características mamaliformes a existência de uma única fossa temporal de cada lado do crânio, presença de pêlos, ouvido médio com 3 ossículos, endotermia, metabolismo acelerado e a diferenciação de dentes molares que favorecem a mastigação e um melhor aproveitamento do alimento (HILDERBRAND, 1995 ). Além disso, os diversos grupos de mamíferos possuem dentições especializadas (heterodontia) que permitem um melhor aproveitamento da energia fornecida pelo alimento, principalmente entre os herbívoros.

Durante o Cenozóico, a invasão e evasão de novos táxons na América do Norte, se deram através de conexões com a Europa e com a Ásia (WEBB, 1978). Já a América do Sul esteve isolada por quase 80 milhões de anos após separar-se da massa continental Pangéia, até reconectar-se definitivamente com a América do Norte (FLYNN E WYSS, 1998). Essa nova conexão ocorreu a partir do soerguimento do Istmo do Panamá, associado possivelmente à tectônica de placas. Esse evento foi importante pois está relacionado diretamente ao fluxo de biotas reconhecido por Webb como o Grande Intercambio Biótico das Américas (GIBA). Este trata-se de um evento biogeográfico, promovido a partir do soerguimento do Istmo do Panamá, no qual ocorreu um intenso fluxo faunístico entre as Américas desde o Plioceno Superior (WEBB, 1978; MARSHALL, 1988).

Figura 2 – Idade do surgimento das famílias de mamíferos americanos. Fonte: MARSHALL (1988).

A figura 2 acima demonstra como os táxons mamíferos norte e sulamericanos foram drasticamente afetados com o soerguimento do Istmo do Panamá, resultando em um aumento significativo da diversidade mamífera (Figura 3).

Figura 3 – Diversidade de mamíferos ao longo de 9 milhões de anos, na América do Norte e Sul. Fonte: MARSHALL (1988)

Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo evidenciar através de levantamento bibliográfico, os principais aspectos em torno do Grande Intercâmbio Biótico das Américas e sua influência na extinção da megafauna sulamericana .

Herald Taxa

Apesar do Grande Intercâmbio Biótico das Américas (GIBA) ter sido um acontecimento biogeográfico de extrema importância para história biótica das Américas, este não teria sido o único evento de troca de táxons que ocorreu entre esses continentes. Observa-se no registro fossilífero um pequeno número de mamíferos que possivelmente teriam migrado antes do GIBA, alguns durante o Mioceno Médio a cerca de seis ou sete milhões de anos atrás (WEBB, 2006). Esses teriam sido pequenos eventos de dispersão isolada que ocorreram antes do soerguimento do Istmo do Panamá, ou seja não que não fazem parte do GIBA. Portanto são associados a Herald Taxa caracterizada como os eventos de dispersão ocorridos antes do soerguimento do Istmo do Panamá.

Os grupos que expandiram suas distribuições para ambas as Américas antes do soerguimento do istmo são tratados como casos de dispersão isolados devido a escassez de informações, associada ao conhecido hiato de seis milhões de anos existente no registro fossilífero (MARSHALL, 1988).

Como exemplo desses casos podemos citar os restos fósseis de determinados táxons

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