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Infecção Causada Pelo Vírus Sincicial Respiratório em Pediatria

Por:   •  24/5/2020  •  Artigo  •  5.839 Palavras (24 Páginas)  •  190 Visualizações

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Infecção Causada pelo Vírus Sincicial Respiratório em Pediatria

1. Introdução

As infecções respiratórias agudas são uma das grandes responsáveis pelos altos níveis de atendimento médico pediátrico, tanto hospitalar quanto ambulatorial, no mundo inteiro. Estas infecções são uma das principais causas de morbimortalidade entre crianças com menos de cinco anos de idade. Por morbimortalidade entende-se como o índice de pessoas que são mortas por causa de uma doença específica, isso dentro de determinado grupo da população.

O Vírus Sincicial Respiratório é o agente causador mais frequentemente identificado nestes distúrbios, sendo que este vírus é encontrado em escala mundial e tem sua circulação em meses de inverno.

Este vírus, quando em adultos, não costumam causar grandes problemas, sendo que sua manifestação mais comum neste grupo populacional é como uma gripe comum. Porém, em crianças, principalmente aquelas abaixo de cinco anos, pode causar grandes problemas de saúde atingindo as vias aéreas, sendo que sua manifestação pode se dar de várias formas, sendo as principais como bronquiolite, que é sua forma clássica, pneumonia e broncopneumonia.

A pneumonia viral em crianças com menos de 5 anos de idade é comumente causada pelo Vírus Sincicial Respiratório, o VSR. Além disso, quando em indivíduos idosos ou imunocomprometidos, este vírus pode causar pneumonia, sendo que sua infecção causa um grande impacto na função da via aérea, podendo piorar a resposta a uma provocação alérgica.

O VSR é um grande problema em neonatos, sendo que sua infecção comumente se manifesta como bronquiolite, sendo umas principais causas de internação deste grupo populacional em todo mundo. É um dos grandes motivos de óbito de crianças com menos de cinco anos de idade no mundo todo, chegando a até 199.000 óbitos por ano, e aproximadamente um milhão de internações todo ano (CABALLERO; POLACK; STEIN, 2017). Tal problema é encontrado principalmente em países em desenvolvimento, sendo que em países desenvolvidos não há uma frequência alta nos óbitos por conta do VSR. Em países desenvolvidos, o VSR é geralmente associado a doenças pulmonares crônicas, doenças neuromusculares, doenças cardíacas, síndrome de Down e nascimento prematuro (CABALLERO; POLACK; STEIN, 2017).

2. O Vírus Sincicial Respiratório

2.1 Características

O Vírus Sincicial é classificado dentro do gênero Pneumovirus, da família Paramyxoviridae. Estes vírus possuem um tamanho médio entre 120 a 300nm, são de simetria helicoidal e possuem morfologia esférica, seu envelope é composto de uma bicamada lipídica, esta derivada de membrana plasmática (LOURENÇÃO et al., 2005).

Seu genoma é composto por RNA de fita simples sense negativa, não segmentada, tendo aproximadamente 15.200 nucleotídeos. Ele possui apenas um RNA, que por sua vez codifica dez proteínas e é transcrito em mRNAs poliadenilados monocistrônicos (LOURENÇÃO et al., 2005).

Depois do vírus adentrar na célula hospedeira, há a transcrição do RNA em múltiplos mRNAs pelo RNA polimerase viral. Após a sua tradução, dão origem as proteínas virais específicas (LOURENÇÃO et al., 2005).

As proteínas virais podem ser divididas em dois tipos, as estruturais e as não-estruturais. As proteínas estruturais são: nucleoproteína (N), fosfoproteína (P), proteína de matriz (M), as proteínas M2-1 e M2-2, pequena proteína hidrofóbica (SH), proteína de adsorção (G), proteína de fusão (F) e complexo polimerase (L). Já as não-estruturais são: NS1 e NS2 (PERDIGÃO, 2009).

É possível classificar os vírus VSR em dois grupos distintos (A e B), essa divisão se dá com base na reatividade do vírus com os anticorpos monoclonais. Os estudos de sequência dos genes da nucleoproteína N, da fosfoproteína P, da pequena hidrofóbica SH e da proteína de ligação G têm confirmado essa divisão e há também identificado diversas variantes dentro de cada um dos grupos. O genótipo A é associado a uma maior gravidade da doença (LOURENÇÃO et al., 2005).

2.2 Transmissão

 

As formas de transmissão do VSR é algo estudado e especulado desde sua descoberta. A principal discussão de sua transmissão era a de se o vírus tinha sua transmissão efetuada primariamente pelos núcleos das gotículas ou se era pelo seu contato direto com elas.

Porém, através de diversos experimentos, foi descoberto que a transmissão pelo contato é predominante (LOURENÇÃO et al., 2005). Conforme já apresentado na introdução, sua transmissão é acentuada durante o inverno. Alguns estudos demonstram que, no Rio de Janeiro, foi possível observar uma acentuação de doenças causadas pelo VSR durante os meses de março, abril e maio, assim como no final do outono e no início do inverno, e nas regiões ao sul do Brasil, o padrão epidemiológico é mais parecido com aqueles dos países de clima temperado, tendo os seus picos no inverno e também no início da primavera(D’Elia C et al., 2005).

Um estudo extremamente interessante sobre a transmissão do VSR é o realizado por Hall et al (apud LOURENÇÃO et al., 2005), em que foi possível demonstrar com muita clareza como a transmissão do vírus se dá predominantemente pelo contato. Neste estudo, contou com participação de crianças infeccionadas recentemente pelo VSR, em que elas produziam uma grande quantidade de secreção, e foram internadas em berços com grades. Alguns voluntários foram levados para o quarto onde estavam as crianças, e foram então divididos em três grupos distintos. Os “Cuddlers”, que executavam cuidados de rotina, pegavam as crianças no colo e brincavam com elas; Os “Touchers”, que mantinham contato prolongado com os objetos presentes no ambiente das crianças e os quais haviam sido expostos a contaminação das secreções; Os “Sitters”, que apenas sentavam-se próximos aos berços das crianças, porém sem entrar em contato com nada presente no quarto. A conclusão do estudo foi a de que nenhum dos voluntários do grupo “Sitters” desenvolveram infecções pelo vírus sincicial respiratório, porém 5 dos 7 voluntários do grupo “Cuddlers” foram infeccionados pelo vírus e 4 dos 10 voluntários do grupo “Touchers” desenvolveram doenças por conta da infecção ao vírus. Como é possível observar pelo estudo, o contato direto com o vírus torna sua contaminação algo muito provável, o que torna este vírus um vírus de fácil disseminação. Além disso, o vírus consegue sobreviver a diversos ambientes e locais distintos, como roupas e objetos.

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