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Psicologia Médica

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Por:   •  10/10/2013  •  1.706 Palavras (7 Páginas)  •  883 Visualizações

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A prática cirúrgica é um dos procedimentos mais antigos da medicina, em tempos passados sobreviver a uma operação era considerada uma vitória. Com a evolução da medicina e da tecnologia, houve um incremento nos materiais cirúrgicos, nas técnicas operatórias, na formação dos médicos, nas condições gerais dos centros cirúrgicos, concomitante a essas melhorias o procedimento cirúrgico passou a ser planejado conforme as necessidades de cada pessoa, visando à cura e a melhora na qualidade de vida (GABARRA; CREPALDI, 2009).

Na Idade Média, a cirurgia era uma técnica rude, que demandava do paciente, a capacidade de tolerar a dor e, dos médicos, a capacidade de praticar a crueldade. Os médicos tinham pouco conhecimento sobre técnicas de assepsia e anestesia. Para aliviar a dor, os pacientes eram submetidos a mais sofrimentos (MORTON, 2009).

O estado geral do indivíduo é influenciado e influencia na qualidade de vida. Trata-se de uma relação de causa e efeito, a qual interfere na interpretação do individuo sobre sua melhoria de vida (MATHISEN et al, 2007). Com isso, o procedimento cirúrgico e seus efeitos interferem diretamente na percepção da qualidade de vida de uma pessoa. Sendo assim, tudo o que estiver ligado à cirurgia, causará mudanças na dinâmica e vida do paciente.

Todo acontecimento humano é um fenômeno biopsicosociocultural (JUAN, *). Com isso, o ato cirúrgico deve ser compreendido em toda sua totalidade, desde o diagnóstico – comportamento e reações do paciente – e organização do ambiente e da equipe, até o desenvolvimento da cirurgia, abrangendo as técnicas utilizadas, os resultados e, inclusive a cultura em que se insere o paciente influencia no acontecimento como um todo.

Segundo Tercero et al (2005), toda e qualquer intervenção cirúrgica é uma situação crítica que expõe o indivíduo a um estresse físico e emocional. Esses fatores desencadeiam, no sujeito, elementos complexos que vem a se manifestar em emoções, fantasias, atitudes e comportamentos que dificultam o desenvolvimento da prática médica.

Para Juan (*), qualquer evento novo ou desconhecido gera nas pessoas um sentimento de ansiedade e medo. No campo da cirurgia não é diferente, sendo possível supor que a antecipação desse evento desencadeia sentimentos potencialmente negativos baseados na avaliação cognitiva de cada indivíduo. O sujeito que se submete a uma cirurgia sente-se frágil, emocionalmente instável, impotente frente à situação, inseguro de como será a operação, medo da dor e da morte (SEBASTIANI; MAIA, 2005).

Na obtenção do controle do medo e da ansiedade, algumas estratégias são utilizadas pelo paciente antes da cirurgia: confiança na equipe de saúde, crenças religiosas, controle do pensamento, companhia de familiares/amigos. Mas importante que este paciente esteja ciente da necessidade da cirurgia e que ele não está imune dos riscos oferecidos por tais procedimentos (FIGHERA; VIERO, 2005).

Segundo Bess d’Alcantara (2008) a preparação cirúrgica deve abranger o pré-operatório, o peri-operatório e o pós-operatório. Söderman et al (2007) mostraram que o estresse e a ansiedade pré-cirúrgica são limitações na reabilitação do paciente pois prolongam os tempos de recuperação.

Alguns fatores desencadeantes da ansiedade pré-operatória são: algia pós-operatória, sensação de incapacidade, dependência, afastamento do trabalho e da família (STODDARD et al, 2005). No que condiz a redução do estresse pré-cirúrgico, o que é comumente utilizado é a preparação psicológica, em que se fornecem informações acerca do procedimento e o comportamento a ser adotado. Sendo assim, são essenciais ao enfrentamento da situação cirúrgica as intervenções psicológicas e educacionais (MITCHELL, 2007). Nesse período é importante que se mobilize grande parte da energia psíquica e física para que o sujeito saiba lidar com o estresse situacional. É importante destacar que o estresse cirúrgico aumentado e prolongado pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, o que contribui no alto índice de morbi-mortalidade (DAIAN el al, 2012).

Já no âmbito do pós-operatório, o grau de estresse é agravado caso o indivíduo tenha em sua história de vida vivência de temor ou fobias diante de enfermidades e, a incidência também é influenciada pelo estado atual do paciente. Por ser um momento de crise e que gera certa instabilidade na vida do sujeito, para Juarez (2005) é fundamental que o indivíduo sofra uma adaptação à sua nova realidade. Alguns fatores que podem dificultar a recuperação pós-cirúrgica, afetando seu conforto e qualidade de vida são o medo e a ansiedade (STODDARD et al, 2005).

É inerente, aos pacientes cirúrgicos, situações de estresse e ansiedade, contudo, uma evolução satisfatória acontece naqueles em que foram desenvolvidas estratégias adequadas de enfrentamento. Logo, é imprescindível que nas consultas pré-operatórias seja iniciado o cuidado psicológico, proporcionando ao sujeito a oportunidade de falar e esclarecendo as possíveis suas possíveis dúvidas (DAIAN et al, 2012).

Daian et al (2005) ainda afirma que o estresse cirúrgico no paciente ocorre em três etapas. A primeira caracteriza-se como sendo a fase de alarme, onde o sistema nervoso central é estimulado, ocorre à liberação de catecolaminas de base hipotalâmica, que pode ocasionar hipertensão arterial e taquicardia. Essa fase não se classifica como sendo fenômeno patológico. Se o estressor for de curta ou média duração, essa fase é parte do processo adaptativo do organismo. A segunda etapa tem a característica da mobilização do corpo para o preparo da resposta de luta-fuga. A terceira e última etapa é a de exaustão, é o estádio em que a energia de adaptação predispõe a doenças e até mesmo à morte (GIANNOUDIS et al, 2006). Além disso, a intensidade e a duração da resposta ao estresse cirúrgico dependem da intensidade e duração do estímulo estressor. Quanto mais agressivos e complexos são os procedimentos cirúrgicos, mais se associam ao alto risco da fase de exaustão, com consequências físicas e psíquicas (DAIAN et al, 2005).

As emoções ocasionam efeitos diretos nos hormônios do estresse e podem modular a função imune. Sendo assim, a quantidade de anestesia necessária para a administração pode ser influenciada pela resposta emocional do indivíduo à cirurgia, onde os efeitos do sistema imunológico e endócrino podem variar. Assim, indivíduos com maior grau de ansiedade no pré-operatório terão mais dor no pós-operatório e, consequente diminuição da função imune (DAIAN et al, 2005).

O enfrentamento do processo cirúrgico é influenciado pelo somatório de experiências

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