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Variação Diurna, Espacial E Sazonal Dos Dinoflagelados No Arquipélago São Pedro E São Paulo No Nordeste Do Brasil

Trabalho Universitário: Variação Diurna, Espacial E Sazonal Dos Dinoflagelados No Arquipélago São Pedro E São Paulo No Nordeste Do Brasil. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  6/1/2015  •  1.439 Palavras (6 Páginas)  •  527 Visualizações

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VARIAÇÃO DIURNA, ESPACIAL E SAZONAL DOS

DINOFLAGELADOS DO ARQUIPÉLAGO DE SÃO PEDRO E SÃO

PAULO (NORDESTE DO BRASIL)

Cristiane Salazar de Lira1; Maria Luise Koening2

1Estudante do Curso de Licenciatura Biológicas – LB1- UFRPE; E-mail: cristianesalazar03@gmail.com,

2Docente/pesquisador do Depto de Oceanografia– CTG – UFPE. E-mail: koening@ufpe.br

Sumário: O presente trabalho foi desenvolvido no Arquipélago de São Pedro e São Paulo

com o objetivo descrever a variação diurna, sazonal e espacial dos dinoflagelados. As

amostras foram coletadas em duas estações (Cabeço da Tartaruga e Enseada) durante cinco

dias consecutivos do período chuvoso e de estiagem nos horários da manhã e da tarde, por

meio de arrastos horizontais subsuperficiais de 10 minutos de duração, com uma rede de

plâncton com abertura de malha de 45 μm. Um total de 97 espécies de dinoflagelados foi

identificado. No período chuvoso, na estação Cabeço da Tartaruga foram identificadas 50

espécies, sendo 11 exclusivas nessa estação. Na estação Enseada foram registradas 42

espécies, com três exclusivas da estação. As espécies mais representativas foram:

Ceratocorys horrida Stein, Neoceratium massiliense (Gourret) Jørgensen, Neoceratium

pentagonum Gourret, Neoceratium tripos (O. F. Müller) Nitzsch, Neoceratium teres

Kofoid e Ornithocercus quadratus Schütt. A maior riqueza taxonômica foi registrada no

período de estiagem e no horário da manhã na estação do Cabeço da Tartaruga. A análise

estatística demonstrou não haver diferenças significativas entre os fatores local e horário,

entretanto, no que se refere ao período sazonal, houve diferença significativa.

Palavras-chave: dinoflagelados; ilhas oceânicas; plâncton oceânico; variação temporal e

sazonal

INTRODUÇÃO

Os dinoflagelados são importantes membros do plâncton tanto em ambientes de água doce

como marinhos, embora a maior variedade de formas seja encontrada em ambiente

marinho (LEE, 2008). São organismos unicelulares com ciclo de vida que permite habitar,

alternativamente, o plâncton, como células vegetativas móveis e o bentos como cistos

imóveis (CARDOZO, 2007). De acordo com Lage (1996), constituem um grupo de

organismos eucarióticos com características muito peculiares e apresentam uma grande

diversidade morfológica, nutricional e de hábitos de vida, sendo ainda responsáveis por

florações espetaculares, a maioria sem conseqüências danosas, entretanto, certas espécies

podem ser tóxicas a ponto de provocar impactos econômicos negativos (REVIERS, 2006).

Além disto, são considerados bons indicadores biológicos das massas de água, sendo

também, os melhores biomarcadores oceanográficos. A região nordeste do Brasil vem

desenvolvendo trabalhos em áreas de plataforma continental e águas oceânicas, com o

objetivo de ampliar os conhecimentos sobre a diversidade, distribuição e ecologia da

comunidade fitoplanctônica com ênfase ao grupo dos dinoflagelados. Este trabalho é,

portanto, uma complementação dos estudos anteriormente desenvolvidos na área.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Foram analisadas amostras coletadas por meio de arrastos horizontais subsuperficiais com

duração de 10 minutos, a uma velocidade de dois a três nós, com o auxílio de rede de

plâncton com abertura de malha de 45 μm durante 5 dias consecutivos (de 4/06 a

08/06/2010) correspondendo ao período chuvoso, e no período de estiagem dos dias (1/01

a 08/01/2011), com exceção dos dias (02 e 03/01/2011) nesse mesmo período. As coletas

foram diárias, pela manhã e à tarde, em duas estações fixas, uma localizada na estação

Cabeço da Tartaruga (00° 55’, 47’’ N; 29° 37’, 04’’O), uma área exposta e outra na estação

Enseada (00° 55’, 08’’ N; 29° 20’, 73’’ O), área abrigada, no Arquipélago de São Pedro e

São Paulo. Todas as amostras foram fixadas e preservadas em solução de formaldeído a

4% tamponado. As amostras foram homogeneizadas e destas retiradas subamostras de 0,5

mL para a análise quali/quantitativa. A identificação baseada em bibliografia especializada

e contagem dos táxons foram feitas em microscópio ótico, onde uma lâmina de Sedgwick-

Rafter foi utilizada para quantificação. Os dados obtidos foram trabalhados quanto à

abundância relativa calculada segundo Lobo e Leighton (1986), considerando as

categorias: Dominante – espécie cuja ocorrência numérica é maior que 50% do número

total de indivíduos da amostra; Abundante – espécie cuja ocorrência superou o valor médio

de indivíduos da amostra e Rara – espécie cuja ocorrência foi inferior ao valor médio de

indivíduos da amostra. A riqueza específica foi considerada como o número de espécies

presentes em cada subamostra. A frequência de ocorrência foi calculada segundo Mateucci

e Colma, 1982 sendo consideradas as seguintes categorias: Muito frequente ( 70%),

Frequente (70% |— 40%), Pouco frequente (40% |— 10%) e Esporádica (£ 10%). A

diversidade específica (H’ =- pi.log2 pi) foi calculada segundo Shannon (1948), sendo

considerada alta quando os resultados obtidos foram  3,0bits.cel-1; média, com resultados

entre 2 e 3 bits.cel-1; baixa, entre 1 e 2 bits.cel-1; e muito baixa, com resultado  1 bit.cel-1;

e a equitabilidade (J = H’/log S), conforme Pielou (1977), sendo considerado baixa

equitabilidade resultados próximo a 0 e alta, valores próximo a 1. Para esses cálculos foi

utilizado o programa estatístico Diversity. A Análise de Variância (ANOVA) foi aplicada

visando detectar diferenças entre: A – Local (estações Cabeço da Tartaruga e Enseada); B –

Período (período de estiagem e chuvoso) e C- Horário (Manhã e Tarde) utilizando-se o programa

computacional PRIMER 6 (Plymouth Routines In Multivariate Ecological Research).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A comunidade de dinoflagelados na área estudada esteve constituída por 97 espécies,

representadas por 13 famílias (Figura 1). No período chuvoso foram identificados 12

gêneros e nove famílias, num total de 53 espécies de dinoflagelados. Na estação Cabeço da

Tartaruga foram identificadas 50 espécies, sendo 11 exclusivas nessa estação. Na estação

Enseada foram registradas 42 espécies, com três exclusivas da estação. No que se refere à

variação diurna, a estação do Cabeço da Tartaruga, apresentou um mínimo de 19 espécies

no período da tarde nos dias 03 e 05/06 e máximo de 27 espécies no dia 05/06 pela manhã.

Na estação Enseada houve uma variação de no mínimo 20 espécies no horário da tarde no

dia 01/06 e máximo de 24 espécies no horário da manhã do dia 05/06. No período de

estiagem foram identificados 17 gêneros e 13 famílias, num total de 85 espécies de

dinoflagelados. Tanto na estação Cabeço da Tartaruga como na estação Enseada foram

identificadas 66 espécies, com 19 espécies exclusivas nas estações. A variação diurna na

estação Cabeço da Tartaruga registrou um mínimo de 12 espécies no horário da tarde do

dia 04/01 e a maior variação ocorreu pela manhã nos dias 01/01 e 06/01. Na estação

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Enseada a menor variação ocorreu no dia 08/01 no horário da tarde e a maior, ocorreu nos

dias 05/01 e 06/01 nos horários da manhã e tarde, respectivamente (Fig. 2). As espécies

Ceratocorys horrida Stein, Neoceratium pentagonum Gourret, Neoceratium tripos (O. F.

Müller) Nitzsch e Ornithocercus quadratus Schütt foram as mais representativas na área de

estudo. De maneira geral, a maior variação no número de táxons foi registrada no período

de estiagem e no horário da manhã na estação do Cabeço da Tartaruga. Estes dados

corroboram com aqueles encontrados por Tiburcio et al. (2011) para a mesma área, tendo

os autores justificado que o maior número de táxons na estação Cabeço da Tartaruga pode

ser decorrente da influência dos ventos e correntes, podendo talvez, estes serem

considerados eventos de perturbação, os quais favorecem mudanças na estrutura da

comunidade, uma vez que alguns dinoflagelados normalmente não toleram a alta

turbulência e preferem águas mais estáveis. A diversidade específica e equitabilidade

apresentaram uma média e alta diversidade, significando que a comunidade de

dinoflagelados está bem distribuída na área estudada.

Figura 1 – Famílias representativas no Arquipélago de São Pedro e São Paulo

Figura 2- Distribuição da riqueza dos dinoflagelados do Arquipélago de São Pedro e São

Paulo, no período chuvoso e de estiagem.

CONCLUSÕES

Os dinoflagelados estiveram bem representados pelo gênero Neoceratium que se destacou

pelo maior número de espécies, algumas delas indicadoras de águas da corrente do Brasil.

0

5

10

15

20

25

30

35

C-D1-M

C-D1-T

C-D2-M

C-D2-T

C-D3-M

C-D3-T

C-D4-M

C-D4-T

C-D5-M

C-D5-T

E-D1-M

E-D1-T

E-D3-M

E-D3-T

E-D4-M

E-D4-T

E-D5-M

E-D5-T

Período chuvoso

0

5

10

15

20

25

30

35

C.1-M

C.1-T

C.4-M

C.4-T

C.5-M

C.5-T

C.6-M

C.6-T

C.7-M

C.7-T

C.8-M

C.8-T

E.1-M

E.4-M

E.4-T

E.5-M

E.5-T

E.6-M

E.6-T

E.7-M

E.7-T

E.8-M

E.8-T

Períodio de Estiagem

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AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Pro-

Reitoria para Assuntos de Pesquisas e Pós Graduação (PROPESQ) pela concessão de bolsa

de Iniciação Científica (IC). A Profa. Sigrid Neumann Leitão pelas amostras coletadas pelo

projeto: Efeito da turbulência sob a migração vertical do plâncton no arquipélago de São

Pedro e São Paulo – Brasil.

REFERÊNCIAS

CARDOZO, L. S.; TORGAN, L. C.. Dinoflagelados em diversos habitats e hidroperíodos

na zona costeira do sul do Brasil. Acta Bot. Bras. 21(2), 2007, 411 – 419.

LAGE. O. M. O. S.1996. Estudo in vitro da toxidade do cobre (II) em dinoflagelados

marinhos. Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências. U. P. Centro de Citologia

Experimental.

LEE, R. E. Phycology. Cambridge University Press, New York, 2008. 547 p.

LOBO, E. & LEIGHTON, G. Estructuras comunitarias de las fitocenosis planctonicas de

los sistemas de desembocaduras de rios y esteros de la zona central de Chile. Rev. Biol.

Mar. 22(1), 1986, 1-29.

MATEUCCI, S. D.; COLMA, A. La metodologia para el estudo de Ia vegetácion.

Collection de Monografias Cientificas (Série Biologia)., n. 22, 1982. 168 p.

PIELOU, E. C. Mathematical ecology. Wiley, New York. 1977. 385p.

REVIERS, B. de. Biologia e filogenia das algas. Porto Alegre: Artmed, 2006. 280 p.

SHANNON, C. E. A mathematical theory of communication. Bulletin of System

Technology Journal, 1948 v. 27, p. 379-423.

TIBURCIO, A. S. X. S.; KOENING, M. L.; MACÊDO, S. J. & MELO, P. A. M. C. 2011.

Comunidade microfitoplanctônica do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Atlântico

Norte – Equatorial): variação diurna e espacial. Biota Neotrop. 11(2), p. 1-13

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