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A Importância dos Fósseis Neoproterozóicos para o Entendimento da Evolução

Por:   •  11/7/2022  •  Seminário  •  3.075 Palavras (13 Páginas)  •  117 Visualizações

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A Era Neoproterozóica é marcada por mudanças significativas em termos de evolução, Wang et al. (2019) afirma que o início dessa Era foi marcado pela presença de pouco oxigênio na atmosfera, o que indicaria também um oceano mais anóxico e uma complexidade biológica dos organismos muito menor do que a de Eras posteriores. Contudo, no decorrer do Neoproterozóico, ocorreram alguns eventos como reajustes tectônicos e mudanças tanto nos oceanos quanto no clima que, associados a um aumento na quantidade de oxigênio presente nas superfícies dos oceanos, foram responsáveis por essa evolução biológica que se seguiu até o Cambriano (WANG et al., 2019).

Diversos estudos foram realizados em folhelhos ricos em matéria orgânica, devido a capacidade dos mesmos de conseguirem preservar de forma eficiente os fósseis dos organismos da época, microfósseis e fósseis visíveis a olho nu, como dos protistas gigantes. Entretanto, nem todos os organismos deixam registros fáceis de identificar morfologicamente, por isso, um método encontrado por pesquisadores foi utilizar a composição bioquímica desses organismos para identificar e rastreá-los de forma indireta através dos seus biomarcadores (WANG et al., 2019).

Biomarcadores são fósseis geoquímicos que estão preservados em moléculas bioquímicas estáveis e podem ser detectados em rochas que possuem esqueletos de carbono, em outras palavras, são oriundos de organismos vivos e parte da sua estrutura química se manteve preservada nessas rochas, podendo nos fornecer incontáveis informações sobre determinado período geológico (BASTOS et al., 2014). Alguns biomarcadores são característicos de certas espécies, enquanto que outros são comumente encontrados em diversos organismos. Hopanos e esteranos são dois biomarcadores de grande relevância para a geoquímica orgânica e, quimicamente, consistem em dois grupos de hidrocarbonetos cíclicos, sendo o primeiro um modo de identificar procariontes e o segundo os eucariontes (WANG et al., 2019).

Os folhelhos ricos em matéria orgânica, já mencionados, são os folhelhos negros, datam do final do Neoproterozóico para o início do Cambriano e estão presentes em diversas partes do mundo, fornecendo uma maior gama de dados que, inclusive, podem ser relacionados um ao outro, isso se dá, pois, quando se trata desse período, a formação dos continentes era diferente da atual, tratava-se do supercontinente Gondwana, onde ainda não havia ocorrido a fragmentação dos mesmos. Foram os estudos nesse tipo de rocha que permitiriam identificar que as maiores fontes de matéria orgânica desse período foram as algas verdes (clorofíceas), cianobactérias, esponjas e, em alguns locais, os dinoflagelados (WANG et al., 2019).

Um evento famoso e muito estudado é a "Explosão Cambriana" que teria sido, em suma, um processo de radiação evolutiva e, nesse caso, faz referência ao período em que surgiu repentinamente a maior parte dos Filos do Reino Animalia (WANG et al., 2019; LEE; DOREY, 2018).

Esteranos

Os esteranos são derivados dos esteróis, substância orgânica que compõe diversas vitaminas e hormônios, esses compostos possuem várias cadeias cíclicas de carbono (Figura 1) e, por isso, possuem denominações como C29. Wang et al. (2019) discute em sua pesquisa algumas contradições com relação ao esterano C29 (onde 29 caracteriza os 29 átomos de carbono da molécula) observadas em outros trabalhos, como a contribuição deles para o conteúdo de matéria orgânica ter advindo de plantas terrígenas ou não e o fato de possivelmente a presença desse biomarcador indicar a origem de organismos marinhos que apareceram posteriormente, principalmente algumas classes de algas.

Figura 1 - Estrutura química de Biomarcadores

Fonte: Adaptado de Wang et al., 2019.

Corroborando com essa informação é entendido que as algas verdes, as clorofíceas, são a maior fonte de C29 no pré-Cambriano e no início do Paleozóico, pela abundância desse biomarcador em sua composição (WANG et al., 2019). Além disso, Wang et al. (2019) encontrou em suas amostras de folhelhos neoproterozóicos e pré-cambrianos da China uma abundância do C29 quando comparado ao C27 e C28, o que sugere a significativa contribuição das clorofíceas para a matéria orgânica encontrada.

Os esteranos C30 (Figura 1) são representados por moléculas mais específicas, como 24‑n‑propilcolestano e 24‑isopropilcolestano, as quais os distinguem, o primeiro é comumente utilizado como biomarcador de pelagoficeas por ser o principal constituinte do esterol dessas microalgas, já o 24‑isopropil colestano é um biomarcador para esponjas, com exceção de estar presente em apenas duas outras classes de pelagoficeas marinhas, sendo detectado em rochas e óleos neoproterozóicos e, posteriormente, amplamente encontrado em rochas fanerozóicas (WANG et al., 2019; ROHRSSEN et al., 2015).

Microfósseis

Define-se como microfósseis, os organismos inteiros, ou parte deles (carapaças ou placas), preservados a partir de processos geológicos. Sendo os que formam carapaças, divididos em dois grupos, de acordo com sua composição química. Os carbonáticos, com carapaças formadas a partir da ligação de Carbono e Oxigênio com o Cálcio, e os silicosos, cuja carapaça é composta por Oxigênio e Silício (CAMINHA; LEITE, 2015).

Estes microfósseis não podem ser vistos a olho nu, sendo quase que obrigatório o uso de equipamentos de ampliação, como microscópios e lupas, responsáveis pela ampliação do seu tamanho original em até 2000 vezes. Tal característica é fundamental para a nomenclatura desse grupo, uma vez que acaba por representar os seres diminutos que viveram no passado (CAMINHA; LEITE, 2015). A categorização desses ancestrais pode ser feita de maneira artificial, sem que haja uma relação de parentesco entre eles. Por exemplo, os palinomorfos, são isolados a partir de um método de preparação química, capaz de eliminar a porção carbonática e de silicatos e concentrar a matéria orgânica, significando um processo de destruição dos pequenos fósseis mineralizados e a preservação dos de parede orgânica, sendo assim constantemente classificados em palinomorfos, de acordo com suas características morfológicas (CAMINHA; LEITE, 2015).

Os microfósseis observados no trabalho de Wang et al. (2019) foram acritarcos acantomórficos e alguns fosfatizados, os primeiros foram encontrados em abundância e levam a crer que são antecessores dos dinoflagelados. Este fato é considerado de extrema relevância, pois os dinoflagelados são um grupo de organismos unicelulares unidos por

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