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ICC Introdução A Ciencia Da Computação

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Por:   •  3/4/2014  •  1.160 Palavras (5 Páginas)  •  286 Visualizações

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ESTUDO DE CASO: MST SOCIEDADE ANÔNIMA

A empresa têxtil Matrics, localizada em Apucarana, no Paraná, produz cinco mil bonés e duas mil camisetas para um cliente especial: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Estima-se que a receita mensal com a encomenda seja de R$25 mil, representando um faturamento de R$ 300 mil por ano. Eles sempre pagam em dia. Há oito anos, a Matrics fornece roupas, chapéus e bandeiras para os militantes do movimento. Nenhum cliente da empresa cresceu tanto em tão pouco tempo. E aquilo que, no inicio, despertava uma certa desconfiança nos donos da Matrics hoje é o carro-chefe da produção.

Há dias em que todos os 45 funcionários dedicam-se exclusivamente ao MST. O gasto dos sem-terra com as camisetas e bonés revela um lado pouco conhecido de uma organização que vem chacoalhando o país. É a versão S.A. do MST. Hoje, os sem-terra atuam como se formassem uma grande corporação empresarial, com todas as divisões internas: produção, vendas, logística, finanças, treinamento e marketing. E, como têm capacidade para promover ações relâmpago em diversos pontos do território nacional, muitas delas simultâneas, os sem-terra reúnem qualidades que faltam a muitas empresas: liderança, disciplina e determinação.

Na retórica, o MST ainda é bastante duro e agressivo. Os líderes pregam a ocupação à força dos latifúndios, a ampla reforma agrária e até mesmo uma revolução socialista. No entanto, na prática, muitas das iniciativas do movimento são 100% capitalistas. O MST administra um caixa milionário, explora o valor da sua marca como poucas empresas, recolhe vastas contribuições internacionais, vende e exporta seus produtos, faz intermediação financeira nos empréstimos agrícolas governamentais e treina intensamente seus quadros profissionais. Um exemplo é a construção de um centro de formação em Guararema, São Paulo, ao custo de R$ 7,4 milhões. Assim como muitas multinacionais, o MST também terá sua “universidade corporativa”, batizada como escola Nacional Florestan Fernandes. Uma outra escola já funciona em caçador, Santa Catarina.

No organograma do poder, a corporação também tem seu CEO. Ainda que não exista formalmente o cargo de presidente, o líder incontestável, desde a fundação do movimento, em 1984, é o gaúcho João Pedro Stédile. Abaixo de Stédile, há um número restrito de executivos, como Gilmar Mauro, de São Paulo, Roberto Baggio, do Paraná, e Mário Lill, do Rio Grande do Sul. Estes três fazem parte da direção central e Lill cuida das finanças. Descendo na hierarquia, chega-se aos 90 coordenadores regionais em 23 dos 26 estados brasileiros e aos militantes – quase todos assalariados. Mas de onde vem o dinheiro para manter tanta gente em acampamentos, tantos quadros internos e promover ocupações em regiões tão remotas?

Na prática, ainda que haja um certo grau de delegação de poderes, a descentralização não é absurda. O MST tem quatro grandes fontes de recursos. Uma das principais é o próprio setor público, especialmente o governo federal. Por meio de convênios com ministérios como Desenvolvimento Agrário, Trabalho e Educação, o movimento tem acesso a verbas próximas a R$ 8 milhões por ano. São recursos, na maioria dos casos, para treinamento e assistência técnica nos assentamentos. Em segundo lugar, vêm as doações nacionais, da Igreja Católica progressista, e internacionais. O MST S.A. conta com enorme simpatia das ONGs européias e algumas delas, como a alemã Caritas e a francesa Frères des Hommes, estão ajudando a levantar a Escola Nacional Florestan Fernandes. Cerc de 65% dos r$7,4 milhões orçados vêm de fontes européias. Uma terceira fonte de renda é a cobrança de 1% do que é produzido nos assentamentos. Já existem, organizadas, 150 cooperativas e agroindústrias ligadas ao MST em todo o país. Cada uma fatura, em média, R$30 mil mensais e algumas fornecem a multinacionais como a Parmalat e a Ceval. As cooperativas têm uma receita anual próxima a R$ 54 milhões por ano e o 1% representa R$540 mil. Por último, há ainda um pedágio de 3% cobrado na liberação de empréstimos para a agricultura familiar ou para projetos habitacionais. Somando tudo, chega-se a uma receita de R$ 20 milhões por ano.

Ao mesmo tempo em que invade fazendas, o MST fortalece sua marca por meio de um amplo aparato de marketing. O movimento tem um jornal mensal, com tiragem de 20 mil exemplares, uma revista trimestral com 10 mil unidades e ainda criou diversas rádios nos assentamentos. Nas lojas do movimento, são vendidos

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