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Trabalho F.M.E.I

Por:   •  16/6/2016  •  Artigo  •  1.356 Palavras (6 Páginas)  •  263 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

PROFESSOR(A): ÉDINA REGINA BAUMER

ACADÊMICO(A): KETRYN GIUSTI MANENTI

Uma enciclopédia especial

Se o histórico da humanidade, visto sob o ramo social, fosse compactado em uma enciclopédia, notoriamente alguns capítulos seriam destinados ao relato da trajetória de pessoas portadoras de deficiências, sendo estas tanto físicas quanto intelectuais. Ao estudar estes capítulos em especial, constata-se que inúmeros empecilhos marcaram a história traçada por este grupo devido não apenas por suas limitações, mas, principalmente pela a diferença explícita entre estas pessoas e o coletivo formado pelos demais indivíduos.

Nos primórdios da civilização humana, quando nenhum meio de comunicação verbal havia sido implantado a fim de formar uma linguagem padrão, gestos, desenhos e grunhidos substituíam discursos e palavras. Neste contexto, muitas deformidades, tanto físicas quanto mentais, passavam imune a percepção dos outros conviventes. Um surdo em uma comunidade onde a linguagem ainda não era utilizada não teria atribuído o rótulo de deficiente como exemplificam José Roberto Carlos e Lucia Terezinha Zanato Tureck, autores do texto “Reflexões sobre a Inclusão da Pessoa com Deficiência na Sociedade” presente no livro “Pessoa com deficiência na sociedade contemporânea: problematizando o debate” (CASCAVEL, 2016, p-67).

Pulando alguns milênios, durante o Império Romano, as crianças que nasciam com alguma deformidade física ou intelectual eram destinadas ao sacrifício. Segundo Silva (1986), tal ato era considerado uma forma de solução para o problema e não teve origem nos povos romanos pois muitos já haviam utilizado ou utilizavam o mesmo método.

Nesses tempos, havia quem assimilava pessoas doentes ou deficientes a pecadores e filhos do Diabo, os quais nasceram com deformidades afim de pagar pecados cometidos por parentes próximos ou pelo próprio indivíduo em vidas passadas. De modo abrangente, é possível fazer uma analogia com as pessoas ditas como amaldiçoadas no período em que a bruxaria era vigorosamente sentenciada pela igreja católica.

Como visto durante o texto, o passado apresentou-se rigoroso com as pessoas portadoras de necessidades especiais (daí a denominação de pessoas especiais, ultimamente muito utilizada). Com ênfase no século XX, a consciência do tratamento inapropriado não apenas a deficientes mas também a diversos outros grupos com diferenças culturais, bélicas ou religiosas por exemplo, começou a ser debatida e analisada por cidadãos em geral como também por lideres governamentais ou de outras atuações. Com o reconhecimento de que estas ações são inadequadas e xenofóbicas, a solução para esta mazela social começou a ser vista como uma necessidade coletiva de algumas nações. Utilizando como argumento central o temor de uma Terceira Guerra Mundial influenciada por políticas semelhantes à política nazista, a qual assumiu papel decisivo para a Segunda Guerra Mundial e que provocou o massacre de todos que possuíam ligações com crenças judaicas na Alemanha e seus arredores, motivou as demais nações a apoiarem a mesma causa.

Apesar das inúmeras iniciativas, muito ainda tem de ser feito para melhorar a condição de vida desses indivíduos. Porém, muitas conquistas já foram alcançadas, como o “Estatuto da Pessoa com Deficiência” o qual define leis que garantem direitos para este tipo de pessoa:

I – acessibilidade: possibilidade condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaço, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; (BRASIL. Lei nº 13.146, 2015, art. 3)

Atualmente o foco em facilitar a acessibilidade de pessoas especiais não está apenas na lei, mas também em muitas indústrias e comércios. Adotando como exemplo a Padaria Manenti, situada em Jacinto Machado- SC pode-se notar, ao entrar no estabelecimento, a preocupação dos proprietários quanto ao bem estar dos clientes.

O proprietário Volnei Manenti afirma que a adoção da rampa na porta de entrada do estabelecimento foi apenas a primeira iniciativa e que já possui em mãos o projeto de uma reforma a qual será realizada até o final deste ano. A reforma recriará um espaço mais acessível em todo o ambiente além de anexar um banheiro adequado às necessidades de portadores de deficiência física ao estabelecimento. Ele também relata que a rampa não facilitou a vida apenas de deficientes físicos mas também de idosos e gestantes que possuíam dificuldades para subir os degraus substituídos.

Segundo Manenti, a integração de um deficiente físico à sua equipe seria vista como uma nova experiência pelo empresário, porém explica com sinceridade que um deficiente mental não se adequaria ao espaço de trabalho devido à utilização de maquinas que ameaçariam a segurança do indivíduo. Ele também expõe sua opinião argumentando:

Imagine a lição que meus funcionários iriam receber ao trabalhar ao lado de uma pessoa que teria todos os motivos para estar em casa aposentado(a) mas que, em vez disso, prefere levar uma vida independente. [...] Meus empregados vivem reclamando, creio que com a convivência com uma pessoa assim eles pensariam duas ou mais vezes antes de reclamar da vida. (MANENTI, 2016)

Quando comparado o discurso do empresário com o relatado no livro de Cascavel é notável uma contradição:

[...] pode-se observar dois tipos de atitudes para com pessoas doentes ou portadoras de deficiência: uma atitude de aceitação, tolerância, apoio e assimilação e uma outra, de eliminação, menosprezo e destruição. (CASCAVEL, 2006, p-65)

E, ainda:

[...] ao refletir-se quanto à possibilidade de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade de forma geral, compreender que sua inclusão é irrestrita, uma vez que todos estes, de uma forma ou de outra, subsistem nesta sociedade e sua condição de inclusão plena no mercado produtivo não é potencializada por não interessarem enquanto mão-de-obra para extração da mais valia. Apesar de em alguns casos, em áreas específicas da produção industrial, essas pessoas serem muito bem aproveitadas [...] Este fenômeno não existe face à bondade de empresários, assim como a exclusão de maneira geral não ocorre por posturas diabólicas, e sim, pela busca da maior extração de mais valia, isenta de qualquer emoção. (CASCAVEL, 2006, p-83)

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