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ADMINISTRAÇÃO É CIÊNCIA OU ARTE?

Por:   •  2/4/2019  •  Resenha  •  1.200 Palavras (5 Páginas)  •  220 Visualizações

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Mattos (2009) busca com o texto desvendar a ambiguidade da pergunta “administração é ciência ou arte?” e, a partir dela, examinar a pertinência de discutir-se “cientificidade” em nosso saber. O autor parte da ideia de que “a Administração ainda se encontra em uma fase amalgamada de arte e ciência” (p. 350), sendo ciência “um campo de estudos [...]” que “possui um corpo teórico próprio, articulado de forma a indicar a seus seguidores como se portar em casos específicos, prevendo resultados desse comportamento” (p. 350), enquanto que “a arte é considera uma habilidade, o desenvolvimento de habilidades ainda baseadas essencialmente na intuição, no risco de serem tomadas sem que seus resultados sejam previsíveis” (p. 350).

O autor discute que o sentido por trás da pergunta se situa na intenção pré-estabelecida pelo locutor. A entonação vocal na formulação da questão, ou a posição dos termos “ciência e arte” são indicativos de que o inquirente tem uma pré-disposição a assumir a administração como ciência ou arte, isto é, “o problema de quem diz: “Administração é ciência ou arte?” pode estar em outro plano e ser menos objetivo do que parece. Pode ser o de alguém que se imagina na administração com atitude racional, ou de outro que sente ali ameaçado seu pendor intuitivo. Então perguntam porque estão querendo argumentar em um sentido interiormente já adotado” (p. 351).

Mattos (2009) sugere que “administração enquanto ciência” evoca significado relacionado à racionalização das práticas administrativas. Ele fundamenta sua argumentação no status generalista que as práticas industriais ganharam ao final do século XIX. Essas práticas foram aplicadas e legitimadas socialmente pela incorporação ao capitalismo. No caso da “administração enquanto arte”, “cada um [...] pensa o que quer e entende o que quer do que lhe contra-argumentam”, isto é, a intuição guia o indivíduo pela reflexão que ele faz sobre o movimento artístico.

Ao longo dos séculos XIX e XX o caráter excludente entre ciência e arte foi se exaurindo. O positivismo que reinou por dois séculos propunha que a ciência empírica deveria ser amparada pela racionalidade. Quando essa ideia foi contraposta, os novos defensores da racionalidade se esforçaram no uso da matemática para criar uma lógica incontestável. Contudo, inevitavelmente, o positivismo se abriu às relações sociais, e a ciência ocidental foi redimensionada a partir do século XX. Desse ponto da história em diante, a ciência se abre para a arte, e o caráter excludente perde sua validade. Sendo assim, a ciência é “um saber entre outros” (p. 353), não mais importante que a arte (muito embora tenha assumido hegemonicamente o triunfo político e econômico, através da tecnologia).

A ciência e a arte se relacionam de tal forma que, a materialidade da ciência se apresenta de maneira artística. Mais além, o rigor pragmático da ciência existe na prática artística. Isso significa que a motivação pessoal incorre nas práticas de quem faz ciência e arte. “A impulsão do cientista pela percepção interior do belo está presente em um modelo teórico ou matemático e é imune ao rigor observacional e ao teste empírico. Esses dois últimos aspectos da ciência estão mais relacionados à legitimação do conhecimento científico [...] enquanto o primeiro ao surgimento mesmo do que há de diferencial nele” (p. 354).

A perspectiva apresentada sobre o caráter excludente entre arte e ciência se aprofunda quando se questiona se um saber é ou não ciência. O debate sobre o tema repercutiu desde o século XIX até meados do século XX. A questão da demarcação ou linha divisória entre o que é ciência e não ciência, consiste em um critério teórico sustentável, independente da aplicação do conhecimento. A filosofia da ciência se desdobrou sobre a matéria estabelecendo o que é ou não ciência através do método investigativo, e, portanto, campos do saber que quiseram ser chamados de ciência, tiveram que se readequar metodologicamente. O caráter científico se deu através da independência do conhecimento. Dessa forma, a ciência contradiz o senso comum, e rejeita “pseudociências” que não são capazes de gerar soluções. Esse movimento durou até as décadas de 1960 e 1970, onde a sociologia da ciência “entrou especificamente na dimensão epistemológica da produção social da ciência, rompendo a fronteira que até então a separava da filosofia da ciência” (p. 355).

As questões sobre a validade do que é ou não ciência foram discutidas por Karl R. Popper, que propôs um modelo de avaliação

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