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Auto gestão

Por:   •  7/4/2016  •  Resenha  •  2.540 Palavras (11 Páginas)  •  171 Visualizações

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Introdução

Embora representando propostas e situações distintas, complementam-se, e, às vezes, confundem-se, no quadro de referência dos interesses empresariais, das políticas públicas voltadas ao mercado de trabalho e geração de renda, e mesmo, dos movimentos dos trabalhadores em busca de melhores condições de vida e trabalho. Temos mudanças na percepção do trabalho, dos valores a ele vinculados, do seu caráter coletivo e de suas possibilidades enquanto formadores de identidades e projetos sociais

Entre essas mudanças, destaca-se a valorização dos conhecimentos do trabalho pelo trabalhador e sua funcionalidade para o capital, no sentido do aumento da produtividade, como também, em sua potencialidade transformadora em termos de autonomia e emancipação. O projeto do trabalho coletivo enquanto possibilidade de transformação social, sendo substituído por alternativas de menor alcance, na qual esse projeto permanece ao lado de outros.

A valorização do trabalho autônomo empreendedor será igualmente ao trabalho informal, destacando seu potencial criador vinculo à predisposição individual ao risco e à inovação. Nestas, o caráter empreendedor, o serviço coletivo, explicaria o sucesso de empreendimentos nos quais os trabalhadores efetivamente mantem suas atividades, assim retomando a ideia de “projeto” emancipatório, não só na criação de uma alternativa ao desemprego e da precarização das relações de trabalho.

Uma Sociologia cultural do trabalho?

Não temos como pretensão aprofundar uma discussão acerca do conceito de cultura, aceitando sua definição a partir da convergência dos sentidos atribuídos ao termo pela Sociologia e Antropologia, como um sistema de significações envolvidas nas formas de atividade social, um conjunto de categorias e planos de ação compartilhados por um grupo, ou grupos, que não apenas definem coletivamente o mundo, mas o gerem e organizam. Todas as sociedades compreendem o significado de trabalho, variando historicamente seus determinantes em termos de estrutura da própria sociedade, à centralidade maior ou menor na formação de identidades sociais, tal como acontece no capitalismo.

Não apenas no conflito estrutural entre classes, mas também a própria formação das classes com suas formas de vida específicas e as condições de vida e trabalho em comum na formação de identidades coletivas e projetos políticos. Sobre as mudanças na condição operária com o “pós” fordismo e a reestruturação da indústria automobilística e o desmonte do trabalho coletivo, da solidariedade de classe e da própria condição de classe.

Focamos nossa discussão na relação cultura-relações de trabalho, a partir do eixo autonomia, gestão, heterogestão e autogestão. A cultura do trabalho é um conjunto de estratégias e atividades que se complementam, diferenciam-se e, às vezes, se confundem com o que poderíamos chamar de cultura de classe, do capitalismo, do assalariamento, empresarial, empreendedora, social empreendedora, na qual o trabalho configura fortemente as relações entre os atores. Maior individualização nas relações de trabalho, ao lado de formas de valorização do coletivo; novas proposições e interpretações do trabalho coletivo e de suas possibilidades; fim e retorno da ideia de projeto.

O Espirito do capitalismo e a cultura do empreendedorismo.

O protestantismo teria favorecido o desenvolvimento de uma nova ética que caracterizaria esse novo espírito do tempo, na qual, o trabalho duro seria recompensado, seja em termos materiais pelo acúmulo de riquezas, seja na relação com Deus que valorizaria o trabalho. O empreendedor seria o inovador combinando diversos fatores de produção como: trabalho, terra, capital, conhecimento e capital social na produção de bens e serviços para um mercado relativamente competitivo dentro de contextos determinados.

O empresário não seria parte necessariamente da burguesia, estando presente em vários setores sociais, a partir de indivíduos que incorporariam essa “psicologia” do empreendedor, marcada pela ambição social, engenhosidade, criação de novos produtos e empresas, bem como de oportunidade ou necessidade. O empresário, ao contrário, seria caracterizado pela liderança ao nadar contra a corrente rotineira. O sucesso dependeria igualmente de fatores subjetivos como a intuição, a capacidade de ver as coisas de uma forma que posteriormente evidencie estar correta.

Essa liderança se dá à sua revelia, uma vez que não busca convencer as pessoas da conveniência de determinadas atitudes, mas arrasta atrás de si os outros produtores. A relação entre empreendedorismo e individualismo, marca do espírito do capitalismo aparece nas propostas de organização do trabalho do chamado período taylorista-fordista, de forma contraditória. Desestímulo, reações informais e organizadas à intensificação do trabalho se tornam a consequência. Podemos afirmar que é o momento da consolidação do operário-massa, com as grandes concentrações operárias, fortes mobilizações coletivas contra a intensificação do trabalho, redução da jornada, melhores condições de trabalho e maiores salários, além de bandeiras políticas de transformação social que entram em declínio com a reestruturação dos anos 70.

O toyotismo ou pós-fordismo, como proposta de organização da produção e do trabalho romperia com a rigidez corporativa, individualizando mais o trabalhador, a partir da noção de participação, competitividade, metas a serem atingidas, levando a uma fragmentação crescente do coletivo de trabalhadores, individualizando o ambiente de trabalho. A diversificação de formas de contrato, a redução dos contratos por tempo determinado e a subcontratação, de forma tendencial, apontariam para uma retomada do indivíduo empreendedor como o homem do terceiro espírito do capitalismo.

Participacionismo, autocontrole e autogestão.

O debate sobre fordismo e toyotismo, marca a chamada crise da sociedade salarial, caracterizada pela regulamentação pelo Estado das relações capital-trabalho e a incorporação de direitos sociais vinculados ao contrato de trabalho formal.

As diferentes formas de inserção dos indivíduos na produção, sua formação e capacitação para enfrentar os desafios de um ambiente competitivo provocam grande desigualdade social e, por consequência o acirramento dos conflitos sociais. O capitalismo regulado teve, no período fordista, seu apogeu e passou a ser atacado com a crise de acumulação dos anos 70 e a reestruturação econômica que se seguiu.

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