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CANTILLON, ESPAÇO E TEORIA ECONÕMICA

Por:   •  19/3/2016  •  Resenha  •  1.290 Palavras (6 Páginas)  •  486 Visualizações

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CANTILLON, ESPAÇO E TEORIA ECONÕMICA

Resumo

O artigo se propõe a apresentar a geografia econômica do Estado sobre a Natureza do Comércio em Geral e a discutir em que medida ela qualifica e/ou se entrelaça ao sistema teórico de Cantillon.

As concepções avançadas de processo de mercado e de circulação monetária, no sistema de Cantillon a análise locacional é muitas vezes limitada pela concepção agrícola e naturalista de economia.

I.  Introdução

O magistral estudo de Murphy (1986), ao esclarecer diversos pontos que permaneciam obscuros na biografia de Cantillon a despeito dos esforços pioneiros de Jevons ([1881] 2001) e de Higgs ([1931] 2001), contribuiu para consolidar entre os estudiosos a opinião de que o Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral foi o primeiro tratado sistemático, abrangente e moderno da economia política.

O Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral é uma obra única.

As influências entre teoria econômica e análise espacial são recíprocas.

2. A estrutura social e a configuração do espaço econômico

O senso comum reside na concepção da propriedade privada da terra.

Já a originalidade decorre da associação dessa filosofia política, delimitada pela discussão das origens e da justificativa da propriedade privada, a uma concepção sofisticada de ordem social, baseada na economia. A visão de estrutura social de Cantillon projeta-se em uma concepção de sociedade econômica que envolve estrutura social, produção e circulação.

O sistema de Cantillon compreende três classes sociais básicas: proprietários fundiários, trabalhadores agrícolas e arrendatários capitalistas. Ao trocarem o produto social, que emana da agricultura, estas classes são protagonistas do núcleo do ensaio e abrange as discussões sobre dinheiro, meio circulante e preços.

No sistema de Cantillon as decisões do proprietário rural é que determinam a capacidade de sustentação da população e o progresso da nação. Os proprietários de terra constituem a “classe independente” e as demais classes sociais – trabalhadores agrícolas, produtores manufatureiros, arrendatários capitalistas  são “dependentes”.

Murphy considera que a análise econômica do Ensaio estrutura-se por meio de uma escala, de complexidade  crescente. No primeiro nível teríamos uma economia centralizada, sob o comando dos proprietários da terra. O segundo nível explicitaria o predomínio do processo de mercado e das decisões descentralizadas. O terceiro nível abrangeria as trocas internacionais.

No sistema de Cantillon, as trocas de produtos agrícolas dão-se em uma primeira etapa aos burgos. Os produtores levam as mercadorias aos burgos, ao invés de os comerciantes mercadejarem pelo campo, de vila em vila. Um artifício para mostrar como se formam os preços, já que o processo de oferta e demanda e a formação de apenas um preço por mercado depende de informação.

De acordo com Cantillon, os proprietários mais modestos residem nas vilas e bugos porque não poderiam arcar com o custo de transporte dos meios de subsistência de suas propriedades até o local de residência, caso residissem em cidades mais distantes.

A iniciativa dos proprietários também é decisiva na constituição de cidades. Ao concentrar os proprietários ricos, as cidades atraem toda a sorte de produtores manufatureiros  e prestadores de serviços. Há economias de aglomeração e a possibilidade de que a população seja engrossada pelo estabelecimento  de instituições governamentais, das quais são mencionadas as cortes de justiça.

Para Cantillon, todos na cidade vivem da demanda dos nobres proprietários. O modelo de Cantillon é pródigo na estipulação de cadeias de causa última, as quais sempre acabam nos gastos dos proprietários de terra. Desse modo, por maior que seja a atenção concedida às externalidades de aglomeração, o tamanho das cidades é em última análise proporcional ao número dos proprietários de terra que nela decidirem morar, ou melhor, ao valor da renda de terra líquida de despesas de transporte e de tributos. Cantillon considera os valores líquidos, e não os brutos, por um lado porque os tributos são carreados às capitais, e por outro porque as despesas em transporte, ao não representarem demanda na cidade, não sustentam prestadores de serviços e produtores manufatureiros.

A capital, que se situa no topo da escala dos aglomerados urbanos, é a cidade em que o soberano decidiu estabelecer-se. A presença do soberano atrai a nobreza e os proprietários mais ricos. A capital é o foco em torno do qual gravitam os homens de dinheiro e os que lhes prestam serviços.

No que se refere à organização do espaço econômico e no âmbito de sua descrição da estrutura social – Cantillon lança mão de argumentos econômicos e não-econômicos. As decisões de cultivo provêm dos proprietários e, em certa medida, dos arrendatários capitalistas. Os proprietários ricos também favorecem a importação de bens de luxo, o que, na visão de Cantillon, deprime a capacidade de sustentação da população.

3. Circulação e custos de transporte

A população espalha-se pelo território nacional conforme as decisões de cultivo. Destas decisões depende o próprio tamanho da população, que é função da disponibilidade de meios de subsistência. De acordo com Cantillon, metade da população de uma nação vive no campo e metade nas cidades. Há um consumo significativo de alimentos e de matérias primas nas cidades, e os custos de transporte destes bens têm que ser levados em consideração na formação dos preços.

.Cantillon foi o primeiro autor a introjetar, em caráter sistemático, os custos de transporte na estrutura de preços e nos processos de mercado.

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