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HISTORIA DAS IDEIAS SOCIOLOGICAS

Por:   •  15/3/2016  •  Trabalho acadêmico  •  23.914 Palavras (96 Páginas)  •  330 Visualizações

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FILOSOFIA E SOCIEDADE

A questão do “viver em sociedade” da Antiguidade à Idade Clássica

        Com os gregos da Antiguidade vem à luz um sistema inédito de participação na vida política: a democracia eclode ao mesmo tempo um pensamento filosófico livre e original sobre a sociedade. A Idade Média não se mostra propícia ao desenvolvimento de novas concepções.

A DEMOCRACIA ATENIENSE

História

        Adotadas sob a pressão dos camponeses, artesãos e comerciantes que reagiam contra a tirania e as desigualdades, as reformas de Clístenes abalaram completamente a face política da Grécia Antiga. Essas reformas criaram as condições de um regime que confere o poder ao povo: A substituição das antigas tribos por novas divisões. No V século, século do estratego Péricles, Atenas se torna a verdadeira capital da Grécia, lugar de fermentação científica, filosófica e artística. Em 403, um governo democrático reassume o poder: é o que vai condenar Sócrates.

Organização

        “Para falar em termos mais conformes ao uso em matéria constitucional, o povo possuía não somente a elegibilidade necessária para ocupar os cargos e o direito de eleger magistrados, mas também o direito de decidir em todos os domínios da política do Estado e o direito de julgar, constituído em tribunal, todas as causas importantes, civis e criminais, públicas e privadas. A concentração da autoridade na Assembléia, a fragmentação e o caráter rotativo dos postos administrativos, a escolha por sorteio, a ausência de burocracia remunerada, os júris populares, tudo isso contribuía para impedir que se criasse um aparelho partidário e, por via de consequência, de uma elite politica institucionalizada”.

  1. Filosofia e política na Antiguidade grega

        No século V a.C. os sofistas são, na Grécia, os primeiros que oferecem uma reflexão crítica sobre a organização dos seres humanos em sociedade. Em seu sentido primeiro, o termo “sofista” designa aqueles que possuem competência e saber. Mais tarde, progressivamente, serve para qualificar intelectuais que exercem de cidade em cidade, a arte da persuasão mediante a palavra. Os sofistas fustigam a escravidão e usam abundantemente a arma crítica. “O homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras): assim se exprime claramente e de forma lapidar essa negação da transcendência. Platão e Aristóteles irão contrapor – cada um à sua maneira – uma resposta crítica aos sofistas.

  1. A cidade ideal de Platão

        Platão entra em cena, na história, depois da queda da democracia ateniense. Marcado pelas turbulências políticas de seu tempo e pela condenação à morte, de Sócrates (do qual foi discípulo), ele procura antes de tudo um meio para chegar à cidade ideal, modelo de sociedade que escape à desordem e à erosão do tempo,  até a morte, Platão vive sempre animado por essa mesma preocupação com a ordem. Sempre com a mesma preocupação de pedagogia política, o filósofo funda a Academia, uma espécie de escola destinada a formar homens de Estado. Excetuando duas experiências desastradas na Sicília, assessorando o tirano Dionisio de Siracusa, o próprio Platão se mantém sempre à margem da vida política. A organização da cidade penhor da felicidade individual – não é como pensavam os sofistas, questão de opiniões, mas de técnica.

Platão – A alegoria da caverna

        Mediante um sistema de educação estritamente codificado, convêm selecionar os indivíduos em virtude das suas qualidades e colocá-los em três classes diferentes: os artesãos e os guardiões, dotados de uma sabedoria que os habilite para o exercício do governo.

Platão – As classes na cidade platônica

        Esse ordenamento ideal da cidade, tal como Platão o imagina, é somente a projeção na ordem social da estrutura da alma humana.

Aristóteles e o bem-viver em sociedade

        Aristóteles se afasta de Platão recusando não apenas o principio de comunidade, mas também a pertinência de toda oposição entre mundo sensível e mundo das Ideias. Não há razão para separar forma e matéria, alma e corpo. Abandonando o idealismo platônico, Aristóteles preconiza que se dê atenção aos fatos. Graças à vontade, à razão e à educação, só se atinge realmente esse ideal quanto à virtude se tornou um verdadeiro hábito, uma espécie de segunda natureza que, de maneira espontânea, governa do melhor modo os nossos atos. Mas o ser humano - assim pensa Aristóteles – nasceu antes de tudo para viver em sociedade: ele é um “animal político”. Dotado da palavra, acha-se apto para deliberar com seus semelhantes de modo que diga o que é justo e o que é injusto... Esse comércio da palavra se autoriza a busca do “bem-viver em sociedade” que fundamenta toda comunidade política. Diversamente de Platão, Aristóteles alimenta a persuasão de que não existe nenhum sistema político perfeito em si nem regras perfeitas de vida em sociedade. Na medida em que se afastam da tentação da tirania, três regimes lhe parecem, no entanto, mais aceitáveis: á democracia, a oligarquia e a monarquia. Primeiro objeto entregue pela natureza, a sociedade é, a imagem do corpo, um todo que tem a primazia necessariamente sobre as partes que o constituem. A família, lugar de procriação e de educação, forma neste sistema o grupo social de base. Ao contrário do que é preconizado por Platão, nem se deveria questionar sobre a dissolução dessa célula natural nem reivindicar a igualdade entre homem e mulher. Pois a organização social deve respeitar o padrão da natureza: ora, como se comprova, o homem é naturalmente dominador e a mulher levada à subordinação. Em nome desse mesmo princípio, o filósofo se recusa a condenar a escravidão que é, a seu ver, para os homens naturalmente inferiores.

ARISTÓTELES – AS FORMAS DE CIDADE

Os diferentes tipos de constituição

        Entre as formas de governo de tipo monárquico, costumamos designar com o nome de realeza aquela que leva em conta o interesse comum; quando a autoridade é exercida por um pequeno grupo, indo, todavia, além da unidade, é uma aristocracia (chamada assim ou porque são os melhores que governam, ou porque aí se tem em vista o maior bem para a cidade e seus membros). Quando, enfim, a multidão administra o Estado em vista da utilidade comum, o verno recebe o nome comum a todas as constituições, a saber, uma república.

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