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O Mississippi John Hurt

Por:   •  28/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.279 Palavras (6 Páginas)  •  83 Visualizações

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                  Álvaro De Campos

Álvaro de Campos, como já pudémos constatar a partir de textos presentes no manual, é uma criação fictícia ou heterónimo de Fernando Pessoa que nasceu em Tavira, tendo – se formado, posteriormente, em engenharia naval, em Glasgow, na Escócia, o que constitui um facto determinante, na medida em que, esta realidade se encontra intrinsecamente relacionada com o facto de a sua poesia absorver e conter experiências itinerantes, sendo, portanto, fortemente influenciada pelas viagens efetuadas pelo mesmo.

Falando em concreto do universo poético de Álvaro de Campos, podemos denotar que este se encontra dividido em três fases distintas, quer a nível temático, quer a nível espácio –temporal. Com efeito, as fases inerentes à obra de Álvaro de Campos encontram –se ordenadas cronologicamente da seguinte forma: Fase Decadentista, Fase Futurista e Fase Intimista. Por esta mesma razão, é usual afirmar que Álvaro de Campos é o heterónimo de Fernando Pessoa cuja poética apresenta a curva evolutiva mais acentuada, na medida em que este foi o único, de entre todos os heterónimos de Fernando Pessoa, a ostentar fases poéticas tão distintas e antagónicas entre si.

Primeiramente temos a fase decadentista. Com efeito, o Decadentismo, que fora fortemente influenciado por uma viagem realizada por Álvaro de Campos ao Oriente, é tipificado por temas, tais como, a monotonia existencial, a carência de objetivos de vida, a necessidade de atingir novas sensações, a abulia (que corresponde a um estado de apatia, inércia e indiferença), o tédio, o enfado, a náusea, entre outros. Perante toda esta profusão de realidades de cunho decadente, o sujeito poético vai encontrar refúgio no ópio e nos sonhos oriundos da sua viagem ao Oriente. Posto isto, os estupefacientes surgem na primeira fase da poética de Álvaro de Campos como o único meio que o eu lírico dispõe para se evadir da monotonia, tédio e abulia em que se encontra embrenhado, tendo, no entanto, um efeito evasivo praticamente nulo. Para além do que já foi referido, pode –se também afirmar que os poemas da fase Decadentista são profundamente marcados pelo Romantismo e pelo Simbolismo, uma vez que, para além das temáticas já evocadas, bastantes elementos de ambas as correntes literárias se encontram patentes nos mesmos, tais como: focalização no ponto de vista do indivídio, em detrimento da visão objectiva da realidade inerente às obras realistas; utilização de figuras de estilo, tais como a aliteração e a assonância, bem como o recurso consistente a imagens e símbolos .

O poema que melhor define a nivel temático e estético a primeira fase inerente à obra de Álvaro de Campos é o Opiário. Com efeito, no poema que acabei de referir, evidenciam –se características próprias de um ser envolto numa existência desprovida de sentido e animosidade, refugiando – se no ópio e nos sonhos provenientes do Oriente (Ler). Para além do universo temático de Opiário, a nível estético o poema apresenta igualmente características próprias do decadentismo: se formos minunciosos, é possível denotar que o uso constante de quadras e decassílabos, simultaneamente ao recurso a um tom satírico, acaba por conferir ao poema uma tonalidade displicente, própria de um ser embrenhado no tédio e na náusea (Ler).

Subsequentemente temos a fase Futurista, também conhecida como Fase Sensacionista. A poética da fase Futurista, cuja temática e estética são praticamente diametralmente opostas às utilizadas por Álvaro de Campos na fase Decadentista, foi vigorosamente influenciada, tanto pelo Manifesto Futurista escrito pelo poeta, escritor e ideólogo italiano Filippo Tommaso Marinetti (considerado o fundador da ideologia futurista), como pela poesia sensacionista do poeta Norte – Americano Walt Whitman, ao qual dedicou o poema Sensacionista Saudação a Walt Whitman. Com efeito, os poemas da fase já aludida são caracterizados pela celebração hiperbólica do triunfo da máquina e da civilização moderna, ou seja, os poemas da Fase Futurista constituem uma exaltação ao Mundo moderno e ao progresso técnico – científico vigente no início do Século Vinte. Encontra – se patente nestes poemas uma atração quase erótica vivida pelo sujeito poético em relação às máquinas, símbolo da Era moderna, bem como a exaltação da beleza dos “ maquinismos em fúria” e da força da maquinaria, em detrimento da beleza tradicionalmente concebida, tal como se pode denotar na seguinte estrofe: (Ler). Posto isto, o futurismo nesta fase expressa – se na glorificação da civilização Industrial e do progresso técnico, na ruptura com o subjectivismo da lírica Decadentista, na formulação de uma estética baseada, não na ideia de beleza, mas na de força e na transgressão da moral estabelecida, estabelecendo, Álvaro de Campos nos seus poemas, a apologia de um novo Homem desprovido de sensibilidade, saudável, amoral e dominador.

Por outro lado, os poemas desta fase apresentam paralelamente uma vertente sensacionista, na medida em que nos é apresentada a vivência do sujeito poético de acordo com a profusão de sensações experienciadas pelo mesmo. Posto isto, o sujeito poético assume também uma postura masoquista, na medida em que procura sentir a violência e a força de todas as sensações, bem como uma necessidade de ultrapassar os limites das sensações numa vertigem insaciável.  Com efeito, o excesso de sensações e o masoquismo vividos pelo eu lírico estão bastante evidenciados nos poemas desta fase, tal como se pode observar na seguinte estrofe do poema Ode Triunfal: (Ler). Tal como Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos apresenta –se, nesta fase, como um poeta sensacionista, mas, no entanto, este último afasta –se de seu Mestre, uma vez que permuta a serenidade da natureza pela exaltação ao Mundo moderno. Deste modo, Álvaro de Campos afasta – se de Alberto Caeiro, deixando – se persuadir pelos excessos inerentes ao Futurismo. De um ponto estético e estilístico, os poemas Futuristas são caracterizados pela utilização do verso livre e pelo recurso constante a onomatopeias, aliterações, frases exclamativas e interjeições evidenciando os excessos do Futurismo, tal como se pode documentar nos poemas Ode Triunfal e Ode Marítima: (Ler).

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