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O ornitorrinco”. In: Crítica à razão Dualista.

Por:   •  30/8/2018  •  Resenha  •  652 Palavras (3 Páginas)  •  547 Visualizações

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OLIVEIRA, Francisco. “O ornitorrinco”. In: Crítica à razão Dualista. São Paulo: Boitempo, 2003.

O ornitorrinco é um ensaio publicado por Francisco Oliveira juntamente a “Crítica à razão dualista” treze anos após a publicação da obra que norteou a questão do período pós-1964, no qual o modelo de desenvolvimento econômico – marcado pelo progresso desenfreado e consequentes inflação e crise – destacou processos que desencadearam e contribuíram para que grandes desigualdades sociais já existentes aumentassem e dessem um aporte ainda maior para a deterioração dos níveis de vida das classes trabalhadoras, principalmente por meio do regime de acumulação e da regulação do período. Nesse sentido, Oliveira sugeriu uma nova atitude que se voltasse para a questão social, uma ideologia que estivesse determinada a romper com o "atraso” trazido pelo período ditatorial, assim ele afirma que "nenhum determinismo ideológico pode aventurar-se a prever o futuro, mas parece muito evidente que este está marcado pelos signos opostos do apartheid ou da revolução social" (OLIVEIRA, 2003, p.119).

Assim, o autor apresenta a metáfora do ornitorrinco para retratar os estágios de “atraso” e “moderno” que coabitam na sociedade brasileira, beneficiando-se mutuamente e constantemente, sendo o Brasil um país com forte presença do agronegócio ao mesmo tempo que possui indústrias. Então, o ornitorrinco é usado por Oliveira por ser um animal de difícil definição e por possuir, assim como a sociedade brasileira, vários estágios de evolução não finalizados em uma única forma definida, ou seja, a convivência de várias formas distintas em um mesmo corpo.

Para Oliveira, se no período ditatorial os planos do governo eram direcionados ao combate à pobreza com o estímulo ao desenvolvimento econômico, atualmente esses esforços estão sendo direcionados ao crescimento econômico, com alta dependência do capital externo e aliadas a uma grande dívida interna. A alta produtividade do trabalho, ou seja, o aumento da mais-valia relativa, é uma caraterística cada vez mais frequente em nossa sociedade, o que faz aumentar a quantidade de trabalho informal e precarizado, principalmente no setor de serviços.

Além disso, Oliveira discorre sobre a revolução molecular-digital, que vem reforçar a dependência do país de tecnologias avançadas que não estão disponíveis graças à falta de acumulação científico-tecnológico anterior que produzisse conhecimento para o futuro, aumentando assim nossa dependência financeira externa.

Por fim, o autor descreve sobre a organização dos trabalhadores após os anos de 1980, afirmando que esses movimentos perderam força, sobretudo com seu acesso aos fundos de pensão, destacando a formação de uma nova classe que tem um consenso ideológico formada pelo PT e PSDB. Após analisar as chances de desenvolvimento no Brasil, o autor termina seu ensaio de forma pessimista constatando que todos os caminhos levarão o país às condições anteriores de acumulação e desigualdades sociais.

A partir do exposto pode-se concordar com Oliveira ao observar que o Brasil vive uma crise identitária, não possuindo sistemas econômico, político e social bem delimitados, sendo literalmente uma mistura como o ornitorrinco, que é mamífero mas tem bico e põe ovos. E, nessa acepção, pode-se acreditar que para dar fim à essa crise é necessário uma reforma político-social que torne o sistema político mais delimitado e sólido, além de um maior investimento público em ciência e tecnologia para que seja possível uma menor dependência tecnológica do exterior. A contribuição do ensaio dá-se no sentido de apresentar a necessidade de tal reforma.

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