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Um caso de ética num processo seletivo

Por:   •  29/3/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.833 Palavras (8 Páginas)  •  393 Visualizações

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Case de Seleção de Pessoas

Seleção de Trainees – o dia que a realidade decepcionou as expectativas

        

Andre Miotto

Homero Gonzaga

Kendy Franchini

Marcelo Ortiz

Nathan Pedroso

Renato Schimidt

Renato Moutinho

Tatiana Vida

Março/2017

Seleção de Trainees – o dia que a realidade decepcionou as expectativas

A expectativa

Durante o primeiro semestre de 2015, participei do processo seletivo de trainees de uma importante empresa do setor de gases industriais. Como Engenheira Química recém-formada em uma das melhores universidades do país, cheia de sonhos e ambições, aquela vaga representava muito para mim. Havia nutrido grande admiração pela empresa ao longo da minha graduação, e o programa de trainee prometia as oportunidades que buscava naquele momento para iniciar minha carreira com chave de ouro.

A estrutura do programa era de 2 anos, com plano de desenvolvimento baseado em 4 rotações em áreas técnicas, operacionais e de negócios. Haveriam também missões serem cumpridas, uma série de treinamentos técnicos e comportamentais para complementar a formação daqueles que seriam os futuros gestores da organização.        

O processo

As vantagens são inúmeras, mas ser contratado como trainee não é nada simples. No Brasil esses programas estão cada vez mais populares e concorridos: com centenas e, às vezes, milhares de candidatos por vaga. Por esse motivo, os processos seletivos dos programas de trainees foram se tornando cada vez mais robustos e maçantes, com diversas fases, para selecionar os candidatos ideais para a empresa: formação impecável, fluência em línguas, experiências relevantes, estágios, intercâmbios, perfil compatível com os valores e cultura da empresa, cheios de energia, vontade de crescer e fazer a diferença dentro da instituição.

As dificuldades do processo não me assustavam, de fato, o desafio só me deixava mais animada para a oportunidade que se tornava cada vez mais perto a cada etapa vencida com o e-mail de “Parabéns, você foi aprovada para a próxima etapa!”. Ao longo de meses, foram diversos testes onlines, dinâmica de grupo, resolução de cases, entrevistas em inglês, painel de negócios, muita preparação, estudo sobre o mercado, sobre a empresa, sobre os produtos, sobre as etapas... até que chegou o grande dia da fase final.

A decepção

                A fase final seria no escritório matriz da empresa: separei a roupa que usaria no dia anterior, dormi cedo, sai com antecedência de casa no dia seguinte e cheguei cedo no local, onde as duas entrevistas com gestores e uma com a chefe de rh da instituição me esperavam. Estava super animada e confiante: sentia-me preparada para o desafio e havia recebido excelentes feedbacks sobre a fase anterior.

                O primeiro gestor que me entrevistou era responsável pela área de negócios, me contou mais sobre a empresa, sobre a área dele, pediu para eu contar minha trajetória e motivações para trabalhar na empresa. Estava indo tudo bem, até que ele disse que gostou bastante de mim, mas tinha algumas preocupações, que ele achava que não tinha muito o perfil da empresa. Entendi aquele comentário como um teste para eu falar o porquê eu achava que tinha o perfil, relacionando as minhas características e habilidades com o que estudei sobre a empresa e o que havia sido exposto até aquela fase do processo. E foi o que fiz, ele falou que concordava, mas achava que eu era muito diferente das pessoas que trabalhavam na empresa. Não entendi muito bem, mas deixei passar, ele me faz mais algumas perguntas, fiz outras e a primeira entrevista terminou. Retornei para a sala de espera com os outros 5 candidatos (mais uma menina e quatro meninos), para aguardar a entrevista seguinte.

                A segunda entrevista foi com um gestor mais velho, com mais de 20 anos na empresa, que era responsável pelas áreas operacionais e desenvolvimento de produtos. Primeiramente quis testar meus conhecimentos de finanças, se entendia os fundamentos de análise de relatórios financeiros. Entendo que fui bem. Depois começou a questionar a experiência que já havia tido com indústria, engenharia e chão de fábrica, então contei sobre meus estágios, o que havia feito, os desafios que enfrentei em cada projeto, e ele começou a me olhar com desconfiança. Perguntei se queria que eu explicasse em maior profundidade algum ponto, e ele comentou que não. Que na verdade ele não conseguia me imaginar fazendo uma rotação da área industrial, lidando com o time operacional, e perguntou como eu faria para carregar um cilindro de gás com mais de 50 kg se fosse necessário.

                Achei a pergunta incomum, mas entendi como um novo teste para ver se eu era flexível e como lidaria com situações inusitadas, ou até machismo na área industrial. E respondi que se eu, por algum motivo, precisasse transportar um cilindro de 50 kg, com certeza não o carregaria nas costas, arrumaria algum carrinho, ou alguma forma mais inteligente de transporta-lo. Disse também que entendia que o ambiente de trabalho no chão de fábrica numa indústria era diferente do escritório, que eu já havia estagiado nos dois ambientes e soube transitar muito bem entre os dois ambientes, que não tinha nenhuma dificuldade de lidar com o time operacional. Que sabia impor respeito e fazer com que o time focasse nas tarefas que deveriam ser feitas.  O gestor insistiu, dizendo que a vida na indústria era pesada e que teria que lidar com pessoas bem diferentes de mim.

                

                Disse que eu não teria problema nenhum em lidar com pessoas diferentes de mim, que me sentia preparada para essa rotação e que poderia desempenhar um excelente trabalho lá e contribuir bastante com a experiência dos meus estágios anteriores, da minha graduação e do trabalho de iniciação científica que havia feito na faculdade com assunto correlato. Ele percebeu que não conseguiria me fazer mudar de ideia quanto a isso, e fez perguntas sobre outros assuntos. Aquela história de carregar cilindro me parecia absurda e estava na minha cabeça, não entendi o motivo da pergunta, ele parecia mais interessado em medir a minha força do que a maneira que eu poderia resolver os problemas que de fato importavam para a empresa.

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