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A PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ESPACIAL NA ABORDAGEM DE MARCELO LOPES DE SOUZA

Por:   •  20/7/2021  •  Artigo  •  1.537 Palavras (7 Páginas)  •  147 Visualizações

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Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2012. ISSN 2317-9759

A PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ESPACIAL NA ABORDAGEM DE MARCELO LOPES DE SOUZA

BARRETO, Adriano Albuquerque1

BARROS, Solange de Moraes2

OLIVEIRA JUNIOR, Constantino Ribeiro de3

Introdução

O desafio das cidades, antes de qualquer coisa, perpassa pelo problema de compreender as cidades nas suas particularidades e pensar o que se quer delas como projeto urbano-social. Entre essas duas realidades nos últimos dias temos escutado muitas vezes conceitos como desenvolvimento sustentável das cidades, planejamento e gestão urbana, além de acirradas discussões a respeito dos instrumentos do direito urbano nos meios acadêmicos e nas prefeituras. Como referência hoje temos o Estatuto da Cidade e os Planos Diretores que procuram garantir que a apropriação do espaço urbano seja equitativa, ou pelo menos que restrinja indevidas estratégias inviáveis ao bem comum. Mas até que ponto podemos considerar os avanços democráticos em relação às decisões frente ao planejamento e a gestão urbana? Quais são as estratégias de desenvolvimento em pauta nas conferências das cidades? O presente trabalho tem por objetivo avaliar em que medida a perspectiva de desenvolvimento implica em ações positivas ou negativas no que se refere à democratização das cidades. A partir da leitura de desenvolvimento sócio-espacial elaborada por Marcelo Lopes de Souza pretendemos apontar alguns conceitos fundamentais no que se refere a abordagem e a gestão das cidades.

Objetivos

Explorar aspectos fundamentais da perspectiva sócio-espacial elaborada por Marcelo Lopes de Souza.

Avaliar em que medida é possível aplicar a perspectiva sócio-espacial às estratégias democráticas de gestão urbana.

Metodologia

Este é um trabalho eminentemente teórico onde procuramos pensar a categoria de desenvolvimento sócio-espacial (SOUZA, 2002; SOUZA, 2003) e sua aplicabilidade na gestão das cidades.

Resultados e Discussão

Marcelo Lopes de Souza alerta que a conceituação do termo “desenvolvimento” contém sérios equívocos enraizados através de discursos ideológicos/políticos (SOUZA, 2002). O desenvolvimento das cidades, para ele, pode ser associado, a primeira vista, ao crescimento horizontal ou vertical das cidades, a modernização urbana, ao embelezamento ou remodelação

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  1. Mestre em Ciências Sociais Aplicadas UEPG, Licenciado em Geografia UEPG e Acadêmico do Curso de Serviço Social UEPG.
  1. Prof. Dra. do Curso de Serviço Social e docente do Programa de Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas a UEPG. Coordenadora do NEPIA (Núcleo de estudos, pesquisas, assessoria e extensão e na área da infância e adolescência).
  1. Prof. Dr. do Curso de Educação Física e docente do programa de mestrado em Ciências Sociais Aplicadas UEPG. Faz parte do Grupo de Estudos: Esporte, lazer e sociedade.

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Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2012. ISSN 2317-9759

urbana e a diversidade de equipamentos urbanos bem organizados. Pode-se ainda, além disso, ser percebido do ponto de vista econômico, na atração das indústrias e empresas para cidade e o consequente aumento do PIB local (SOUZA, 2003). Mesmo com este olhar, Souza afirma que as aparentes conquistas da cidade não expressam as demais dificuldades geradas por elas, seja em relação aos problemas ambientais, ou mesmo, os problemas sociais urbanos de violência e segregação espacial.

Souza a partir deste antagônico processo de uma cidade supostamente desenvolvida questiona: Pode-se chamar “desenvolvimento” uma mudança em que se desconsideram os “efeitos colaterais” em termos sociais e ambientais (SOUZA, 2002)? Sabemos que a resposta é não. Os custos sociais e ambientais de tal “desenvolvimentismo” são desastrosos. Para Souza o termo “desenvolvimento” tem sido usualmente encarado como “desenvolvimento econômico” pouco importando outros problemas sociais e ambientais dada a natureza capitalista do espaço urbano (SOUZA, 2002). Entretanto Souza nos chama à superação desta concepção de “desenvolvimento” como “desenvolvimento econômico” para um desenvolvimento que considera as diferentes dimensões do problema sócio-urbano. Entre elas o sistema político, de valores, os padrões culturais e a organização espacial (SOUZA, 2003).

A definição de “desenvolvimento social” parece razoável, pondera Souza. O desenvolvimento social explicita as esferas econômicas, políticas e culturais, mas se mostra insuficiente, segundo ele, por não contemplar a “dimensão espacial da sociedade”, e mesmo quando lembrada torna-se mera “projeção abstrata da dimensão econômica no espaço” (SOUZA, 2003, p. 98,99). Desta forma, a maneira que o espaço urbano é ainda interpretado só poderá gerar mais dissiparidades, pois seu fim último ainda é o lucro através do dito “desenvolvimento urbano”. Para Souza a “organização espacial e as formas espaciais refletem o tipo de sociedade que as produziu, uma vez produzidas, influenciam os processos sociais subsequentes” (SOUZA, 2003, p.99). Quando se trata a questão urbana, sem se pensar o sentido que as projeções materiais podem gerar nas relações sociais, a gestão ou o planejamento urbano só podem ser ineficazes ou ineficientes. Sendo assim, o que deveria se propor para Souza é uma reflexão partir do espaço social e das relações projetadas no espaço para que se possa visualizar as dimensões espaciais qualificando-as e mesmo redimensionando-as para transformá-las, ou seja, não apenas visando transformar o espaço social, “mas a transformação das relações sociais e do espaço social, simultaneamente” (SOUZA, 2003, p. 100). É fundado nesses aspectos que Souza dá um tratamento específico ao desenvolvimento e defende sua concepção de “desenvolvimento sócio-espacial” (SOUZA, 2003, p. 101; SOUZA, 2002, p. 62). Este conceito encerra duas variáveis importantes que, para Souza, podem nortear uma “mudança social positiva” no cotidiano das cidades. A justiça social e a qualidade de vida seriam aspectos fundamentais para qualificar a vida urbana.

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