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A guerra dos meninos

Por:   •  17/6/2015  •  Projeto de pesquisa  •  1.131 Palavras (5 Páginas)  •  487 Visualizações

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Um rastro de esperança

Luís André Gasperino

Uma das heranças mais importantes do final da ditadura militar no Brasil foi o crescimento de instituições da sociedade civil, criada fora dos braços do Estado. Nos anos que nos distanciaram da filosofia de quartel, a população se organizou em grupos, comunidades e associações das mais distintas naturezas para mudar e tentar melhorar o quadro sociocultural do país por conta própria, sem esperar pela onipresença falha do Estado. Assim, popularizaram-se as Organizações Não Governamentais (ONGs), que deixaram de lado o caráter puramente assistencialista para assumir posturas mais ativas na elaboração de projetos de intervenção social e na pressão por definições de políticas públicas junto às esferas governamentais.

Os setores que mais absorveram as ONGs foram o da saúde e educação. A visão certamente arraigada de que se tratavam de setores estratégicos tanto para a melhoria de vida dos cidadãos como para o crescimento do país, acabou fazendo com que esses fossem os principais foco de atuação do 3º setor, para o qual se volta com arco bastante amplo e heterogêneo de trabalhos em escolas e comunidades.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com o Grupo de Institutos Fundações e empresas (Gife) e com a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), existiam 338,2 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos em 2005 no país, a maior parte criada na década de 1990.

É justamente neste contexto histórico que nasce o Projeto de Incentivo a Vida, o P.I.V.I. Fundado em agosto de 1993, no Parque Mandaqui, Zona Norte de São Paulo.

O P.I.V.I é uma entidade de natureza filantrópica, sem fins lucrativos, que atua na área de assistência social visando efetivar o processo de inclusão social, resgatar, promover e formar crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade pessoal e social, que tiveram seus direitos violados ou ameaçados, buscando a auto realização e preparação para o futuro, bem como o exercício consciente de sua cidadania.

Criada inicialmente com a intenção de acolher apenas crianças portadoras do vírus HIV, o projeto sofreu inúmeras transformações em sua estrutura de atendimento no decorrer dos seus quase vinte e dois anos de existência, como explica Eduardo Lins, 51, atual presidente da instituição. “Naquela época ser soro positivo era sinônimo de pena de morte. Com o advento do coquetel isso se reduziu muito, começou a mudar o panorama e a sobrevida das crianças. Então, aquele apelo se tornou até que, de uma certa forma, preconceito. Assim, começou-se abrir o atendimento para outras crianças que não tinham a mesma patologia. Em 2010, foi impetrada a lei 12.010, vulgarmente conhecida como lei da adoção, que veio complementar o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Onde os abrigos tiveram que mudar a forma que trabalhavam com essas crianças. Até essa lei, nós tínhamos uma estrutura parecida com depósitos. Chegamos a ter mais de 100 crianças morando aqui dentro. É uma coisa absurda, sem respeito nenhum a individualidade. Essa lei instituiu que toda casa de abrigados precisa ter um aspecto de lar. O limite agora é de 20 crianças e 25 crianças em tempos de frio. E o P.I.V.I que começou como um abrigo hoje é um Núcleo Sócio Educativo.”

De acordo com Eduardo, o projeto atende a mais de 220 crianças e oferece três tipos de serviço. “ Temos a Creche que atende crianças de 0 a 6 anos, onde nós temos cerca de 80 crianças. O CCA, que é o Centro de Convivência da Criança e Adolescente, em uma média de 45 crianças por período, trabalhando no contraturno escolar. E os cursos profissionalizantes, que funcionam em duas turmas. A primeira de 14 a 16 anos e outra turma de 16 a 29 anos, que funciona na inserção do jovem no mercado de trabalho.”, completou ele.

Daiany Aparecida Paim Martins, 17, cursa o terceiro ano do ensino médio na E. E Professor Antonio José Leite, Zona Norte, e passou a frequentar as aulas dos cursos profissionalizantes oferecidos pelo P.I.V.I há 4 meses. Bem articulada, Daiany fala com propriedade sobre a importância do projeto no trabalho de inclusão social. “O curso de capacitação profissional é essencial. A gente frequenta as aulas na escola e acha que está preparado para o mercado de trabalho. E quando se passa por uma experiência dessas que passei, você percebe que não sabia de nada, que é totalmente inexperiente. Foi um curso que me trouxe muito conhecimento, tanto pessoal quanto impessoal. Além de conhecimentos básicos sobre muitas coisas. É essencial mesmo”.

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