FENOMENALISMO SEGUNDO JOHANNES HESSEN

FENOMENALISMO SEGUNDO JOHANNES HESSEN

1.    CONCEITUAÇÃO

Fenômeno (phainómenon em grego, fenômeno = aparência), segundo Immanuel Kant, é o objeto da experiência sensível. Consiste nas coisas como nos aparecem no mundo empírico, quando nós o experimentamos e observamos.

Fenomenalismo, segundo Johannes Hessen, é a teoria segundo a qual não conhecemos as coisas como são, mas como nos aparecem, em forma de fenômenos. Certamente existem coisas reais, mas não somos capazes de conhecer sua essência. Essa teoria, na forma desenvolvida por Kant, é uma tentativa de mediar as correntes do realismo e do idealismo.

Realismo, segundo Johannes Hessen, é ponto de vista epistemológico que considera a existência de coisas reais, independentes da consciência. Ou seja, o conhecimento já está inerte ao objeto, o ser humano somente o adquire por meio da experiência sensível.

Idealismo, segundo Johannes Hessen, é a concepção a cerca do conhecimento que não reconhece a existência de coisas reais, independentes da consciência. Deste modo, nada existe sem a inteligibilidade humana.

O fenomenalismo acompanha o realismo na suposição de coisas reais, mas acompanha o idealismo na limitação do conhecimento à consciência. No entanto, o fenomenalismo se aproxima mais do realismo crítico: ambas as teorias afirmam que as coisas não são tais como nós as percebemos e que as qualidades sensíveis secundárias (como cores, sabores, etc.) não convêm aos objetos, mas apenas surgem a partir da consciência. Porém, diferentemente do realismo crítico, o fenomenalismo considera que as qualidades primárias (como forma, extensão, e em geral todas as determinações espaciais e temporais) também são pertencentes à consciência.

Para o fenomenalismo não são apenas as determinações sensíveis das coisas que provém da nossa consciência, mas também as propriedades conceituais. Segundo esta teoria, lidamos sempre com o mundo das aparências, com o mundo que aparece com base na organização da nossa consciência, e nunca com as coisas em si mesmas. Em outras palavras, o mundo o qual vivemos é modelado pela consciência. Jamais seremos capazes de saber como é o mundo em si mesmo, pois ao conhecer as coisas, já são impostas as formas da consciência.

2.    CARACTERÍSTICAS

O fenomenalismo apresenta como características primordiais, a suposição de coisas reais como no realismo, a limitação do conhecimento ao mundo das aparências tornando as coisas incognoscíveis semelhante ao idealismo e o estimulo do mundo sensível ao surgimento do mundo fenomênico através do apriorismo.

Segundo o fenomenalismo, as qualidades primárias e secundárias que compõem as coisas no mundo sensível não sugerem as coisas-em-si (tornando-as incognoscíveis), pois essas surgem em nossa consciência, ou seja, são deslocadas ao mundo das aparências ou fenomênico.

Dessa forma, o fenomenalismo defende que as determinações intuitivas e as conceituações das coisas provenientes da consciência são baseadas no apriorismo (o entendimento racional fundamental) e estimuladas pela sensação. Assim, estabelece-se que a coisa-em-si não existe senão no mundo fenomênico organizado pelas funções aprioristas e intuitivas da consciência, tornando compreensível apenas as aparências das coisas.

Portanto, podemos compreender o fenomenalismo por meio do seguinte exemplo: o homem percebe o sabor doce do açúcar de acordo com seu sistema cognitivo, mas o açúcar é realmente doce? O objeto como é, não como percebido pelo homem, é incognoscível. Os seres humanos sabem coisas, não como elas realmente são, mas como nós entendemos, como nós a percebemos com o nosso sistema cognitivo que está relacionado de acordo com os valores culturais de um determinado tempo.

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