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Introdução a arte do ocidente

Por:   •  14/9/2016  •  Trabalho acadêmico  •  904 Palavras (4 Páginas)  •  801 Visualizações

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Introdução à arte do ocidente

Henri Focillon

        Cada capítulo da nossa civilização tem seu próprio âmbito geográfico e sua própria paisagem. Em torno do Mediterrâneo, Roma e Grécia fizeram prevalecer princípios políticos, imagens e pensamentos do homem que conquistaram um valor universal. Com as invasões na Europa ocidental novas condições do homem e novas formas que remontaram as eras primitivas, procurando encontrar um equilíbrio. O império de Carlos Magno possuía tradições antigas do passado romano, que ficaram fundidas na vida do Medievo. A partir do século XI, constitui-se uma nova ordem de expansão, um repovoamento intenso, que expõe o Ocidente a penetrações. O Ocidente faz matéria própria de tudo que recebe e o Medievo é a expressão ocidental da civilização europeia.

        O homem desse período permanece presente e vivo nas pedras dos monumentos, que os revelam por inteiro. A dimensão humana é subordinada pela amplitude de proporções, pelo espírito de medida (inteligível) e pelo equilíbrio de efeitos (sensível). A tendência ao colossal liga-se à lógica mais rigorosa, e no dia em que essa perde seu valor, pode-se dizer que a arte do Medievo entra em declínio.

        A arquitetura não absorve todas as forças vivas da arte medieval, mas as subordina e determina. A lei do primado técnico, de Bréhier, manifesta-se de modo irrefutável, com o declínio da edificação e o primado da decoração, no qual a pedra é a matéria do grande Medievo, que não só constitui o elemento estrutural, mas o ornamento incorporado à estrutura. Cada técnica subordinada desenvolve-se em função da principal, deixando intacta a homogeneidade dos conjuntos. Tal homogeneidade justifica o emprego da noção de estilo, ao qual transmite toda a força própria e nos permite acompanhar todos os aspectos de suas modulações. O Medievo ser uma grande massa não é uma completa verdade, pois tem flexibilidade geográfica, cada momento e lugar tem questões particulares e pontos móveis, transformações, que fazem forças, trocas. No momento em que os efeitos não estiverem mais fundidos, a arte medieval entrará em dissolução e não saberá mais organizar os elementos. A arte do Medievo é caracterizada pela tendência ao universal.

        A arquitetura medieval e as artes que dela derivam constituem a língua comum de toda a cristandade ocidental: a língua de articulações flexíveis, mas apta a traduzir os mesmos conhecimentos, a mesma ordem intelectual, em um idioma a todos compreensível. A arte se harmoniza com o ambiente em que se insere, ressuscita e assimila antigos elementos aos quais acrescenta um aspecto original, com o qual se adorna. Essa flexibilidade é uma das forças do universalismo medieval, garantia de sua vitalidade. A escultura românica tem um valor absoluto e universal, e talvez seja nela que se encontre o valor mais evidente do gênio medieval.

        O universalismo da arte medieval foi preparado pela fusão de civilizações, por uma mudança e pelo enriquecimento do que se poderia chamar de o “teor humano” do europeu. Ele foi favorecido pelo ritmo das trocas e encontrou a mais alta inteligível expressão na arquitetura e na combinação de imagens. Essa arte universalista é enciclopédica. A arte do Medievo nos fez conhecer a sua vasta concepção do homem e das relações com o universo (humanismo medieval), não o isola, revela-o em luta com as exigências, as misérias e as grandezas do seu destino, essa arte é espírito.

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