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O Conjunto Residencial Pruitt-igoe

Por:   •  6/6/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.762 Palavras (8 Páginas)  •  815 Visualizações

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Conjunto residencial Pruitt-igoe

        Situado na cidade de St. Louis, em Missouri, nos EUA, o Conjunto residencial Pruitt-igoe foi um grande projeto urbano de habitação financiado pelo governo e com participação privada por volta de 1950.

        Vivendo um período de desenvolvimento conhecido como Estado de Bem-Estar Social (“Welfare State”) logo após a Segunda Guerra Mundial, os EUA consolidavam-se como a maior potência capitalista, promovendo a imagem de estavam no auge de sua expansão econômica. O Projeto do Pruitt- igoe (PI) surge com o objetivo de resolver problemas de moradias das classes mais baixas da cidade, e secundariamente, a classe média; além de servir como propaganda do esplendor dos anos 50.

        Durante os anos 40 e começo dos 50, Saint Louis, não possuía qualquer planejamento urbano. As consequências foram o crescimento desenfreado da construção de moradias irregulares e a superpopulação. Muitas destas moradias estavam em péssimas condições, sem saneamento básico e desvalorizavam a região ocupada, o central da cidade. A região central sofreu forte êxodo rural por parte da classe média, que procuraram refúgio nas regiões periféricas da cidade.

        Houve uma parceria entre a prefeitura de Saint Louis, o estado do Missouri e algumas empresas privadas para resolver todos os problemas de moradia do município, assim nasceu o projeto de ao conjunto residencial de baixo custo que daria fim às moradias irregulares. Algumas mudanças ocorreram no projeto inicial, visando atrair também a classe média.

[pic 1]        Quando finalmente pronto, em 1954, PI foi considerado um divisor de águas na arquitetura urbana moderna. Foi ocupado em aproximadamente 91%, sendo lançado oficialmente em 1954. As áreas das ocupações pobres e marginalizadas próximas às áreas centrais foram demolidas, e os habitantes realocados para as novas instalações.

       O complexo foi projetado pelo arquiteto Minoru Yamasaki, foi o seu primeiro grande trabalho independente, realizada sob a supervisão e as restrições impostas pelas autoridades f ederais.

[pic 2]       O estilo arquitetônico purista do PI tinha o propósito de influenciar o comportamento de seus habitantes, supostamente propiciando uma conduta virtuosa. Este objetivo era influenciado pelo determinismo ambiental, com a ideia de que a arquitetura e o planejamento apenas, tidos como meras respostas físicas a problemas sociais complexos, poderiam superar tais problemas e transformar a sociedade.

        O PI consistia em 33 blocos de 11 pisos de apartamentos em um local aproximadamente 24 hectares acomodando cerca de 15.000 pessoas, no lado inferior ao norte de St. Louis. [pic 3]Totalizaram 2.870 apartamentos, os quais eram deliberadamente pequenos, com utensílios de cozinha subdimensionados. Os elevadores paravam apenas no primeiro, quarto, sétimo e décimo andares, obrigando os moradores a usar escadas em uma tentativa de diminuir o congestionamento.

        O projeto traduz os elementos fundamentais da arquitetura moderna expostos anteriormente por Le Corbusier:  construída sobre pilotis, possuía planta livre da estrutura, fachada livre, e essencialmente horizontalizada.

         As moradias ficavam suspensas no edifício para manter o térreo e o primeiro andar livres para as atividades comunitárias. A cada três andares, foram previstas "ruas aéreas": corredores nos quais estavam localizadas lavanderias, depósitos de materiais e lixo e cômodos compartilhados. Esta determinação tem a ver com a ideia de uma cidade utópica na qual a Natureza está preservada e as necessidades tradicionais das cidades estão concentradas em poucos edifícios.

[pic 4]        A concepção estética dos edifícios repousa em um ideário rigidamente moderno: modularizado, retilíneo, racional. Os edifícios eram construídos de tijolos aparentes, seus elementos construtivos com ideal estético da máquina de morar, onde as repetições dos elementos-base em séries coordenada com a variação das séries são responsáveis pelo arranjo plástico da fachada.

        As ruas convencionais da época foram substituídas por ruas separadas para circulação veicular e de pedestres, possuía também espaços separados por diferentes funções como: playground, área de lavanderia e creche.

[pic 5]        Em 1968, a obra havia consumido 57 milhões de dólares, um valor alto demais para ser deixado de lado. Não obstante, nesse mesmo ano, o Departamento de Habitação federal começou a incentivar os moradores a deixarem PI. Com esse incentivo, e com os diversos problemas estruturais que os prédios apresentavam, o complexo perdeu muito de sua ocupação original ao final dos anos 60. Seu estado de degradação ficava cada vez mais grave e evidente, e a falta de manutenção por parte do governo contribuiu para aprofundar ainda mais esse decaimento.

        O complexo mostrou-se um desastre. Os ambientes comunitários, que eram dissociados das unidades, tornaram-se perigosos, logo estavam cobertos com cacos de vidro e lixo. As caixas de correio no térreo foram vandalizadas. Os corredores, saguões, elevadores e escadas eram lugares perigosos para transitar e cobertos de pichações, lixo e dejetos humanos. Os elevadores, lavanderias e cômodos comunitários foram vandalizados, e o lixo acumulava-se ao redor de dutos não-operantes.

[pic 6]        Foram os habitantes do PI que, sistematicamente, vandalizaram as construções até chegar ao ponto de, em janeiro de 1970, serem tantas as janelas quebradas que fizeram com que a perda de calor provocasse o congelamento do encanamento. Os canos se romperam e causaram estragos na instalação elétrica, deixando os moradores sem luz e sem aquecimento. A essa altura, os habitantes tiveram que ser evacuados. 

[pic 7]        Os mais ricos abandonaram o lugar, fazendo voltar um dos problemas que impulsionaram a construção de Pruitt-Igoe – o êxodo urbano. A população de renda mais baixa não tinha a opção de sair, e, abandonada à própria sorte, foi forçada a conviver com os marginais que se moveram para o local. O complexo se tornou um antro de violência e marginalidade e seus prédios acabaram se transformando naquilo que se propuseram a acabar – as favelas.

        Algumas medidas até foram pensadas para se resolver o problema, mas em 1972 o governo desistiu e os prédios começaram a ser demolidos, finalizado o processo em 1976. A destruição final dos prédios foi chamada pelo historiador de arquitetura pós-moderna Charles Jencks de “o dia em que a arquitetura moderna morreu “.

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