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O Regionalismo Na Arquitetura

Por:   •  10/9/2023  •  Trabalho acadêmico  •  2.360 Palavras (10 Páginas)  •  72 Visualizações

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REGIONALISMO NA ARQUITETURA

O presente trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica, de modo que serão analisados estudos que abordem a temática: Regionalismo na arquitetura. A realização do estudo em questão tem como principal objetivo promover uma análise perante os principais tópicos em torno do Regionalismo, movimento de tamanha importância na Arquitetura e na sociedade em geral, bem como suas influências na arquitetura mundial e, na arquitetura moderna da região mato-grossense.

Tendo em vista a existência de uma lacuna em torno da história de disseminação e adaptação da arquitetura moderna brasileira em contextos que promoveram as tendências hegemônicas, o estudo tem como finalidade promover um maior conhecimento a respeito da arquitetura moderna da região do Mato Grosso, associada ao movimento de Regionalismo, de modo a apresentar algumas obras que foram construídas sob influências externas e internacionais e também analisar as vantagens e as desvantagens em torno das aplicações externas à arquitetura local.

REGIONALISMO

O Regionalismo surgiu a partir da busca por um estilo arquitetônico mais próspero e independente da cultura, economia e política, de maneira que sejam geradas formas vitais de cultura regional, porém apropriando-se de influências estrangeiras, gerando um agrupamento de elementos modulares de acordo com os valores da civilização universal, demonstrando a sua capacidade de aplicação normativa (FRAMPTON, 1992).

Sob o entendimento de que a arquitetura possui sempre um estigma de localidade, o Regionalismo vem a ser classificado como Regionalismo Restritivo e Regionalismo Liberado. O primeiro consiste na adoção fiel aos aspectos e elementos locais, já o Regionalismo Liberado consiste na inovação e no rompimento da mesmice, de forma a manifestar os aspectos universais de um local. A partir deste último há a possibilidade de surgimento de novas tipologias arquitetônicas e até mesmo exportação de identidade (FELL, 2004).

Numa alusão ao enfrentamento entre a estética universal e a regional, a arquitetura moderna fez uma depuração das formas clássicas; numa racionalidade estética que visou a funcionalidade explícita das formas puras, em plena era da máquina, contra a ostentação rebuscada da herança pitoresca e eclética, eclipsando a importância sobre regionalismos ao situar as necessidades de contemporaneidade e atualidade (FELL, 2004, P. 51).

Para Frampton (1992), o termo Regionalismo consiste em um movimento arquitetônico, de maneira que se pretende identificar as “escolas” regionais recentes com a finalidade de refletir os limitados elementos constitutivos no qual se basearam e servir a eles.

Baseando-se em Ricouer, as culturas regionais e nacionais necessitam ser constituídas como manifestações moduladas por uma cultura internacional. De tal maneira, não é admitido encararmos a cultura regional como algo imutável, mas sim, como algo que precisa ser cultivado de maneira autoconsciente. A manutenção de uma cultura autêntica demonstrará a capacidade humana em gerar formas vitais de influências estrangeiras (FRAMPTON, 1992).

O REGIONALISMO NA ARQUITETURA MUNDIAL

O arquiteto barcelonês J. A. Coderch foi um dos primeiros profissionais a aplicarem seguimentos ao Regionalismo, associando uma alvenaria genuína mediterraneizada e moderna, utilizada pela primeira vez em seu bloco de apartamentos localizado em Barcelona no ano de 1951, com a composição vanguardista, neoplástica e miesiana de sua Casa Catasus, que foi construída no ano de 1956.

Em meados do século XVIII, as vanguardas neoclássicas aparecem como sendo propagadoras da civilização universal. Chegado o século XIX, novos vanguardas, não defensores das ‘artes aplicadas’ pela indústria (FELL, 2004).

A partir do Regionalismo Crítico existe a possibilidade de combate a falta de localização e identidade. A partir dele torna-se possível fornecer uma arquitetura enraizada na tradição moderna, mas ligada ao contexto geográfico e cultural. De tal maneira, o Regionalismo não pretendia que a arquitetura local perdesse a sua autenticidade ou identidade. As influências externas deveriam ser utilizadas de modo sutil, para renovar as paisagens da região local.

O REGIONALISMO NA ARQUITETURA MODERNA MATOGROSSENSE

A partir da segunda metade do século XX, a arquitetura moderna no Mato Grosso sofreu influências ligadas à cultura local, que por vez estava sendo marcada pelo enfrentamento de valores antigos e recentes, além de locais e importados. Fatores regionais como clima quente, além da abundância de materiais naturais, presença de conjuntos coloniais e carência em torno de produtos industrializados, reforçava o movimento de Regionalismo na Arquitetura da região mato-grossense. Projetos arquitetônicos europeus desenvolvidos entre os anos de 1960 e 1970 influenciaram as primeiras tentativas de princípios modernos na região mato-grossense.

O mencionado processo de assimilação é notável na Igreja Bagsvaerd, obra de Jorn Utzon, levantada em meados de 1976. A obra fora fabricada com concreto de dimensões padronizadas, formando um agrupamento de elementos modulares, representando os valores da civilização universal e a capacidade de aplicação normativa. A Igreja Bagsvaerd foi construída revitalizando elementos ocidentais com contornos orientais (CASTOR, 2010).

Segundo Castor (2010), por mais de dois séculos, a navegação fluvial representou o principal meio de contato da região do Mato Grosso com o mundo exterior. A respeito da arquitetura moderna na região, o autor assegura que esta consistiu em frutos da política nacionalista de Vargas durante o regime do Estado Novo, entre os anos de 1937 e 1945. A navegação fluvial torna o Mato Grosso conhecido por “Portal da Amazônia”, e, devido a este título, o governo promoveu um conjunto de obras oficiais que fora encomendado pelo interventor Júlio Müller à construtora Coimbra Bueno, sediada no Rio de Janeiro:

Os edifícios então construídos impõem-se pelo peso e austeridade de suas formas, pendendo ora para o neocolonial, como a Residência dos Governadores (1939), ora para o art déco, como Cine Teatro (1942), ambos projetados pelo arquiteto Humberto Kaulino, do Rio de Janeiro (CASTOR, 2010)

As intervenções da Era Vargas promoveram uma transformação à fisionomia da cidade de Cuiabá. O Regionalismo aplicado assimilou elementos antigos aos modernos da arquitetura, como o Grande Hotel, projeto de Carlos Porto construído entre a Praça Alencastro com a Avenida Getúlio Vargas.

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