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RIO 40 GRAUS - BANGU 50 GRAUS». RESILIÊNCIA DAS ILHAS DE CALOR URBANAS.

Por:   •  16/2/2023  •  Projeto de pesquisa  •  2.393 Palavras (10 Páginas)  •  74 Visualizações

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Introdução.

As ondas de calor, provocadas pelas mudanças climáticas, estão se tornando cada vez mais prevalentes. A última década foi a mais quente da história da humanidade.

O artigo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) revela que os aumentos de temperatura, incêndios, ciclones e furacões são cada vez mais o novo normal, e as emissões são 62% mais altas agora do que quando as negociações internacionais sobre o clima começaram em 1990.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) o planeta está agora quase um grau mais quente do que estava antes do processo de industrialização e a temperatura global pode aumentar de 1,5°C a 2°C ainda neste século.

Baseado em uma base de dados da BBC, o julho de 2019 deve ser o mês mais quente da história - e as temperaturas em julho em quase todos os lugares do planeta foram mais altas nos últimos 10 anos em comparação com os anos 1880-1900.

Com o crescente aumento das temperaturas, a previsão é que o mundo continuará esquentando. Mas quanto pode piorar?

Se essa tendência continuar, as temperaturas poderão subir entre 3°C e 5°C até 2100.

As pesquisas publicadas no artigo na Geophysical Research Letters em fevereiro desse ano indicam que em 2040 mais de 50% dos verões serão mais quentes do que em 2003 e em 2100 as mesmas temperaturas do verão serão consideradas frias.

O relatório do PNUMA «Um Guia Prático para Construções e Comunidades Resilientes ao Clima», mostra que em 2050, 1,6 bilhão de pessoas que vivem em mais de 970 cidades estarão regularmente expostas a temperaturas altas extremas. Juntamente com o "efeito de ilha de calor urbana", que torna as cidades mais quentes do que a área rural circundante, isso coloca os moradores urbanos em alto risco.

Atualmente há uma diversidade de fenômenos naturais que provocam desastres nas cidades, como inundações, terremotos, tempestades e ondas de calor, no entanto, este estudo vai investigar especificamente o fenômeno de aumento de temperaturas nas ilhas de calor urbanas, através do caso de estudo de um bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro - Bangu.

Objetivos.

O objetivo geral de pesquisa está focado em um dos desafios do planejamento urbano na atualidade, no que se refere a capacidade do espaço urbano de ser resiliente aos impactos causados pelas mudanças climáticas e, especificamente, as ondas de temperaturas altas nas ilhas de calor urbanas.

As questões principais deste estudo são:

  • identificar as principais definições de resiliência urbana;
  • levantar as principais abordagens teóricas-conceituais sobre o planeamento urbano, riscos e vulnerabilidades;
  • determinar em qual medida o Bangu, como ilha de calor urbana, está em risco e vulnerável ao aumento de temperaturas;
  • avaliar como a gestão do risco de temperaturas extremas pode ser integrada ao planeamento urbano;
  • delinear novos projetos de resiliência para a área de ilha de calor urbana e elaborar um plano de adaptação a mudanças climáticas;

E objetivo central deste trabalho é:

  • Como reforçar a resiliência da cidade através do planejamento urbano e da gestão de riscos climáticos?

Objeto de estudo.

O aquecimento global que está impactando o mundo todo deve provocar graves consequências também no Brasil e, principalmente, no Rio de Janeiro. O análise das condições climáticas do Estado do Rio de Janeiro feito por meteorologista da UFF Márcio Cataldi apontou que os grandes problemas para os moradores da Região Metropolitana serão o aumento de ilhas de calor e a diminuição média da chuva e esclareceu: «Quando você tem as regiões de fundo da baía, onde a brisa não chega, a ilha de calor pode agravar e a gente pode ter ondas de calor, semelhantes aos que a gente teve na Europa e teve no Canadá nesse ano.»

As regiões mais afetadas pelo aumento de temperatura do ar serão os municípios da Baixada Fluminense e os bairros da Zona Oeste, como Santa Cruz e Bangu. (Figura 02)

De acordo com esses dados, Bangu, como um dos bairros mais quentes do município, foi escolhido como o alvo principal da minha pesquisa. Quem sabe esse nome, sem dúvida conhece a associação que é feita entre o bairro e as temperaturas altas. Este episódio ocorre porque durante muito tempo o bairro da Zona Oeste registrou as maiores temperaturas do Rio de Janeiro durante o verão. Durante boa parte do verão, a cidade do Rio costuma ter temperaturas muito elevadas, sendo assim, não é exagero dizer que em Bangu eram registradas as temperaturas máximas do Brasil.

A explicação para o calor intenso está na localização do bairro. Em uma parte da Zona Oeste da cidade, entre Realengo e Santíssimo, há uma região que fica cercada de montanhas: de um lado o maciço da Pedra Branca (que separa a Zona Oeste da Barra da Tijuca); e do outro lado o maciço do Gericinó (que também é conhecido como Mendanha e separa a Zona Oeste da Baixada Fluminense).

Essas duas montanhas são as mais altas da região, com mais de 1000 metros de altitude. A região historicamente mais quente da cidade fica encravada entre os dois maciços, em uma área de vale que impede a chegada de vento que vem do mar.

Justificativa.

Na cidade do Rio de Janeiro, as regiões mais afastadas do mar estão mais suscetíveis a formarem ondas de calor, especialmente nas áreas parcial ou totalmente bloqueadas ao vento, como aquelas contíguas aos maciços da Tijuca, Pedra Branca e Gericinó. Estima- se que bairros como Bangu, Realengo, Santa Cruz e Campo Grande sejam os mais propensos a formarem ilhas de calor. (Prefeitura do Rio de Janeiro «Rio Resiliente: Diagnóstico e Áreas de Foco», 2015)

De acordo com livro da Prefeitura, o bairro de Bangu é uma das ilhas de calor localizada em centro urbano que, por suas características físicas acumula mais ar quente. Predominância de concreto e o asfalto, de vários prédios e casas com telhados escuros favorece o acúmulo de calor de dia e de noite ao invés de dissipá-lo, como acontece nas áreas verdes. O resultado é que uma área dentro de uma ilha de calor que tem temperaturas mais altas em comparação às áreas ao redor.

Ondas de calor e ilhas de calor geram diversos impactos negativos à cidade e aos cidadãos:

  • Aumento de doenças respiratórias (o ar quente favorece o acúmulo de ozônio nas camadas baixas da atmosfera, e a falta de ventos propicia acúmulo de poluição no ar).
  • Aumento de casos de hipertermia e desidratação, principalmente entre crianças e idosos, causando sobrecarga dos serviços municipais de saúde.
  • Aumento do consumo de energia elétrica, devido ao aumento do uso de ar- condicionado, com possibilidade de queda de energia por uso excessivo.
  • Aumento do consumo de água.
  • Dias secos, com perigo de incêndio em encostas, muitas das quais próximas a moradias.

(Prefeitura do Rio de Janeiro «Rio Resiliente: Diagnóstico e Áreas de Foco», 2015)

A escolha do caso de estudo - o bairro de Bangu - obedeceu, assim, a um conjunto cumulativo de critérios de uma área urbana que necessita de apoio em seu caminho para a redução de riscos e desenvolvimento de resiliência por meio de um roteiro para a resiliência urbana. Um bairro que exige a preparação para absorver e se recuperar de qualquer tipo de impacto negativo, enquanto mantêm suas funções e estruturas essenciais e sua identidade, assim como se mostra capaz de se adaptar e enfrentar outras mudanças que virão. Para construir essa capacidade de resiliência precisa, antes de tudo, Identificar e avaliar os riscos, de maneira a reduzir a vulnerabilidade e a exposição da área em relação a eles, aumentando a resistência, a capacidade de adaptação e ação mediante emergência.

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