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Técnicas e Materiais Construtivos

Por:   •  14/10/2016  •  Dissertação  •  24.427 Palavras (98 Páginas)  •  281 Visualizações

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história da arquitetura e do urbanismo III –

ARQUITETURA BRASILEIRA

Patrimônio Cultural e Paisagem Histórica -

  uma perspectiva para o futuro

Eliane Veras da Veiga  - 2006 atualiz.2010

Professora do curso de arquitetura da UNISUL e da UNIVALI

Texto registrado no EDA – Escritório de Direitos Autorais

uso exclusivo para a academia

“a história está inscrita nos traçados e nas arquiteturas das cidades. Aquilo que dela subsiste forma o fio condutor que, juntamente com os textos e os documentos gráficos permite a representação de imagens sucessivas do passado.”

Le Corbusier

Justificativa

A ausência de uma publicação sobre a arquitetura da cidade, relacionando fases e estilos históricos nos levou a refletir sobre a validade deste tema. Além disso, a carência de meios para promover a conscientização sobre a importância de se preservar o patrimônio edificado, pois “só se protege o que se ama e só se  ama o que se conhece”, nos motivou ainda mais.

Assim, pretendemos com este modesto ensaio divulgar um pouco da nossa riqueza arquitetônica e promover a compreensão de sua diversidade e valores.

Objetivos

Fazem parte dos nossos objetivos despertar a sensibilidade para a leitura da cidade e da sua paisagem construída;  mostrar a riqueza de nosso casario e sua diversidade;  identificar e/ou confirmar, a partir destas edificações, algumas  zonas de ocupação mais recente; evidenciar a importância da arquitetura como testemunho dos momentos históricos; provocar o interesse pela preservação da arquitetura de valor histórico mais recente ( a partir de 1910-20), sujeita a um rápido descarte, a um processo de substituição que não deixa vestígios da sua existência.

Introdução:

A Arquitetura Brasileira pode ser estudada sob várias óticas. Vale considerar, entretanto, que, além de se tratar de um longo período de história, que ultrapassa  quatro séculos,  existem  tipologias e técnicas construtivas distintas, modelos  mais ou menos característicos, alguns aspectos regionais e condicionantes históricos que influíram na composição deste acervo edificado.  Reconhecer  esta arquitetura é na verdade viajar pela história do Brasil, o que, em última análise, significa uma tomada de consciência do processo de desenvolvimento humano e social, assim como das forças econômicas, sociais, políticas e culturais que o impulsionam.

Como na História Política, a da Arquitetura pode ser dividida em três períodos: colonial, imperial e republicano.  Também podemos considerar a arquitetura dentro das tipologias mais marcantes: militar, oficial, religiosa e civil. Estas divisões facilitam a análise mas não se deve desconsiderar a convivência  e interferência entre esses modelos e  os momentos históricos e buscar as inúmeras facetas do fenômeno urbano, tentando aproveitar estas lições para o nosso presente e o futuro.

As cidades brasileiras mais antigas  foram fundadas e se consolidaram na costa mais oriental das Américas. Pequenas feitorias, constituíam pontos de apoio para o reconhecimento do extenso litoral, a  afirmação da posse e a garantia do tráfico português. Podemos observar que o mapa do Brasil revela um desequilíbrio notável: As suas aglomerações urbanas se concentraram na costa nordeste, sul e sudeste e, até hoje, mantêm-se uma distribuição desigual.

Entre as razões históricas desta escolha, devem ser consideradas a latitude, as possibilidades de abrigo aos navegantes, ligações com o interior, perspectivas de sucesso na exploração das riquezas naturais e questões estratégicas. Isto mostra que a História nos ajuda a compreender melhor o fenômeno da Geografia Humana. Por exemplo: São Vicente e Santos,  São Paulo, Olinda e Recife, Salvador, Rio de Janeiro estão entre as mais destacadas cidades históricas . E há outras, um pouco mais recentes: São Luís, Florianópolis, Fortaleza, Curitiba, Paraty e as cidades mineiras.

Em São Paulo, por exemplo, na entrada do sertão, terra adentro e serra acima, não muito longe de São Vicente, o português ensaiou um estabelecimento único, excepcional que foi a escolha dos Campos de Piratininga. Concorreram aqui vários fatores: proximidade e incerteza quanto ao curso correto da Linha  de Tordesilhas e o fascínio do Rio da Prata. E esta escolha  teve reflexos importantes para a colônia portuguêsa e para o continente através dos tempos. A cidade de Paraty por sua vez,  teve sua origem vinculada à exploração do ouro em Minas Gerais e ao seu escoamento para a Metrópole Portuguesa. Florianópolis também teve um sentido próprio ao ser fundada: meio de caminho em direção ao Rio da Prata, sua fundação se justifica como ponto de apoio estratégico e militar para a ocupação do Brasil Meridional e uma ponta de lança também na possibilidade de maior interiorização.

Ao pensarmos nestas cidades históricas, verificamos que seus traçados urbanos e as fases da arquitetura ainda se encontram materializadas  nas antigas construções remanescentes. Com um exercício de observação podemos verificar estas diferentes fases e as faces da cidade. O olhar atento por este ambiente mutante nos permite descobrir ângulos novos, mas também  os detalhes que contém signos históricos, remetendo-nos às características essenciais de cada período histórico, da singeleza e sobriedade das construções da época colonial ao concretismo e arrôjo da arquitetura contemporânea.

Dentre os principais marcos arquitetônicos que merecem ser contemplados, pois testemunham o processo histórico de ocupação, destacamos a arquitetura militar, oficial, religiosa e civil. Cada uma destas linguagens arquitetônicas tiveram  e têm ainda suas tipicidades, próprias do uso ao qual se destinam. A riqueza deste repertório arquitetônico exigiria um grande espaço para um texto descritivo. Assim, ficam aguardando um texto que evidencie seus valores   a arquitetura oficial, militar e religiosa e nos dedicaremos aqui a inventariar a arquitetura civil urbana, desde os primórdios da ocupação até a arquitetura contemporânea, deixando também para outra abordagem a arquitetura civil rural. Como cidade de referência o modelo escolhido é Florianópolis, fundada no século XVII.

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