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AS CRISES ECONÔMICAS

Por:   •  24/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.725 Palavras (15 Páginas)  •  174 Visualizações

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CRISES ECONÔMICAS

Introdução: Uma Figura Cíclica?

        "As inovações e as experiências financeiras eram bem recebidas por suas extraordinárias contribuições para o crescimento econômico; novos tipos de empresas financeiras surgiram para negociar títulos que investidores inexperientes pouco compreendiam, e extensas linhas de créditos foram oferecidas a milhões de tocadores de empréstimos.

        Num dado momento, o bom tornou-se bolha. Todo mundo, dos grandes bancos ao consumidor comum, assumia dívidas ao máximo de suas possibilidades, apostando na crença duvidosa, mas fascinante, de que os preços só iriam subir. A maioria dos economistas aprovou esse estado de coisas: o mercado estava sempre certo, assim eles aconselharam; o melhor era não interferir. Um punhado de dissidentes advertiu sobre a proximidade de um colapso, mas foram alvo de chacota, quando não ignorados.

        Então o crash chegou…"

        O trecho acima, extraído do livro "A Economia das Crises: Um Curso-Relâmpago Sobre o Futuro do Sistema Financeiro Internacional"  de Nouriel Roubini e Stephen Mihn, apesar de ter sido escrito direcionado para a crise financeira que alarmou o mundo em 1929, espanta por sua abrangência, pois  após uma breve análise verifica-se que os maiores colapsos econômicos-financeiros da história podem ser facilmente encaixados nesse enunciado.

        Inevitavelmente, esse é um impulso quando se observa superficialmente as crises econômicas, sobretudo, as que se deram ao longo do Século XX. Entretanto,  independente de uma sistemática semelhante, as crises possuem suas particularidades quanto a suas causas e também com relação aos seus efeitos, os quais estão intimamente atrelados aos esforços governamentais envolvidos naquela conjuntura econômica.

        Fugindo as posições de "particularismo" e "universalismo" das crises econômicas, houve quem sugerisse se tratar de um fenômeno imprevisível, tendo vista se tratar de uma mudança de curso extremamente rara e improvável. Surge o "Evento Cisne Negro", conforme a denominação dada por Nassim Nicholas Taleb, em seu livro lançado pouco antes da Crise de 2008. Incrivelmente a idéia pode parecer reconfortante quando se depara com o pensamento que, por ser a crise econômica algo imprevisível e inesperado, seria inútil se preocupar com elas.

        No entanto, quando se toma colapsos econômicos em pauta, tal como a recente Crise de 2008, percebe-se que não tratou de um evento inusitado, mas sim algo capaz de ser previsto, ainda por que, percebe-se que as crises seguem um "roteiro familiar", ou seja, uma sistemática semelhante. Simplificando: elas decorrem de uma série de vulnerabilidades econômicas e financeiras, muitas vezes de amplo conhecimento, as quais acabam por culminar em um ponto de desequilíbrio. Portanto, seguindo essa perspectiva, seriam as crises econômicas "Criaturas Metódicas".

        Mais uma vez cedendo palavras Nouriel Roubini e Stephen Mihn: "Contrariamente à sabedoria convencional, esses não são cisnes-negros; são cisnes-brancos: os elementos da expansão e do colapso são altamente previsíveis. Se olharmos para o passado recente, encontraremos dúzias de crises financeiras. Se voltarmos ainda mais no tempo, além da Grande Depressão, descobriremos muitas outras, escondidas nos registros da história. Algumas anteviram nações individualmente; outras se alastraram pelos países e continentes, causando distúrbios em escala global."

        

CRISE DAS TULIPAS

        Desde fins da Idade Média e início da Idade Moderna, os reinos da Europa já buscavam formas de lidar com suas ocasionais crises econômicas, as quais estavam intimamente vinculadas ao endividamento público.

        Uma prática comum era a diminuição da porcentagem de prata ou ouro na cunhagem de moedas, enquanto que o governo mantinham a ilusão de que as novas moedas valiam tanto quanto as anteriores. Essa prática se tornou consideravelmente mais fácil com o advento do papel moeda na Europa, em meados do Século XVIII, pois havia se tornado possível se "livrar" de dívidas simplesmente imprimindo mais dinheiro. Além dessa prática, havia outras menos ardilosas e mais sinceras, tal como a  decretação de moratória. Sendo um episódio famoso a moratória decretada por Eduardo III da Inglaterra, em meados do Século XIV, em relação aos seus credores, os banqueiros de Florença, o que levou caos econômico aos centros comerciais da Itália.

        Entretanto, percebe-se que esses ocorridos eram decorrentes da confiança em governos altamente endividados e não do modelo capitalista em si. No entanto, com a independência da Holanda em relação a Espanha, no final do Século XVI e início do Século XVII, surge o "primeiro dínamo capitalista do mundo" e com ele surge um novo tipo de crise: a bolha de ativos.

        Na década de 1630 as tulipas eram um artigo ornamental bastante popular na Holanda. A flor, apreciada por sua beleza, era um notório sinal de opulência e status social, o que ocasionava que estas tivessem preços altos. Em decorrência disso, muitos negociantes viram no comércio de tulipas uma oportunidade com grande potencial lucrativo. Concomitantemente, um número crescente de pessoas buscava possuir esse tipo de flor, a medida em que a Holanda enriquecia com o comércio marítimo.

        A demanda crescente pelo produto juntamente com a dificuldade de cultivo no clima holandês, além do fato que a tulipa só floresce cerca de duas semanas por ano, levaram a uma alta absurda nos preços. Um negociante de tulipas bem sucedido poderia auferir mensalmente um lucro de até 10 mil florins neerlandeses, enquanto que um comerciante comum dificilmente passaria dos 300 florins. Algumas tulipas raras conseguiam atingir somas exorbitantes como o valor de uma casa em Amsterdã. Alguns episódios, do que ficou conhecido na Holanda como "Tulpenmanie",  tal como a venda de um único bulbo de tulipa por 6 mil florins e a venda de 40 bulbos de tulipa por 100 mil florins exemplificam a que nível havia chegado a euforia holandesa pela flor.

        O pico da Mania das Tulipas foi durante o biênio 1636/1637 quando as tulipas passaram a ser comercializadas em bolsas de valores por toda a Holanda. Enquanto isso, um espécie de "Mercado Futuro" já vinha se desenvolvendo, no qual comerciantes que não possuíam tulipas para vender começaram a negociar flores que ainda seriam plantadas ou que ainda estavam para florescer, através de "contratos futuros de tulipa", o que abriu margem para uma grande atividade especulativa.         Essa modalidade de negociação de tulipa ficou conhecida como "windhandel", negócio de vento, pois acaba-se por investir em algo que não existia e, possivelmente, poderia nunca vir a existir.

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