TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

O CONCEITO DE COLONIALIDADE DO PODER DE ANIBAL QUIJANO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPREGO DAS MULHERES NO BRASIL DURANTE A PANDEMIA

Por:   •  12/7/2021  •  Artigo  •  3.822 Palavras (16 Páginas)  •  809 Visualizações

Página 1 de 16

O CONCEITO DE COLONIALIDADE DO PODER DE ANIBAL QUIJANO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPREGO DAS MULHERES NO BRASIL DURANTE A PANDEMIA.

Bruna Galves Peruzzo

RESUMO

Discussões acerca do papel das mulheres nas políticas desenvolvimentistas têm marcado o cenário internacional a partir da década de 1970. O presente artigo analisa sob a vertente jurídico-sociológica a conexão entre o fenômeno social das relações de trabalho e gênero e o fenômeno jurídico constituído pela desigualdade e discriminação no mercado de trabalho contemporâneo, mediante uma critica a ausência de interseccionalidade Gênero, então, é tratado neste estudo como objeto situado no entrecruzamento de campos de saberes diversos partindo dos estudos feministas, compreendendo-os como teoria política, ética filosófica, movimento social e posição política. Pautou-se nos aportes decoloniais, para as lógicas imperialistas/colonialistas que marcam tanto a delimitação do continente como a própria “ideia” de América Latina. Gênero tem sido utilizado de diversos modos: em oposição a sexo, contrapondo fatores biológicos aos culturais; de modo indistinto a sexo; como variável empírica ao invés de categoria de análise; como substituto à mulher ou ainda com ênfase no aspecto relacional, sem, no entanto, que se considerem as desigualdades de poder.

Palavra-chave: Gênero. Colonialidade. Interseccionalidade

1. INTRODUÇÃO

Pode-se conceituar a colonialidade do poder como sendo um centro no coletivo Modernidade/ Colonialidade, que buscar uma renovação critica nas ciências sociais de um movimento epistemológico da América Latina e no Século XXI, sendo seu intuito desconstruir um modelo moderno-colonial de produção eurocêntrica de conhecimento.

Será questionado o conceito dessa colonialidade e do poder utilizado pelo coletivo Modernidade/Colonialidade, sendo um problema complexo da desigualdade e discriminação no mercado de trabalho atuais, assim sendo capturar as formas sobrepostas de opressão e subalternidades em relação de trabalho e gênero.

Também será abordado em relação como essa situação se encontra hoje no Brasil, como as mulheres estão sendo vista e como estão ocupando o mercado de trabalho devido a situação a qual se encontra. E por fim, como as mulheres estão lidando com a Pandemia, o que esta sendo afetado, seu espaço no mercado de trabalho e o dia-a-dia.

2. A COLONIALIDADE DO PODER ELABORADO POR ANIBAL QUIJANO NASCIDO NAS AMÉRICAS, QUE PERSISTE ATÉ HOJE.

Segundo Anibal Quijano, a colonialidade é um pilar que exprime a constatação das esferas econômicas, politicas, social e epistêmica a não findarem com a destruição do colonialismo, sendo assim, permitindo compreender formas coloniais. O autor ainda discorre do conceito sendo um poder nascido nas Américas, que essa dominança se deu das identidades geo-culturais, que surgiu das ideias de raça, sendo uma categoria mental construída no continente latino-americano.

As identidades que os europeus criaram associando a natureza das funções, sendo que raça e divisão de trabalho foram estruturalmente mescladas para reforçar e justificar as relações de poder. Quijano (2000, p.107), foi criado a divisão racial de trabalho, que indivisamente apropriou-se da escravidão, servidão e pequenas propriedades mercantil.

A colonialidade do poder não se restringiu apenas em um espaço econômico, mas se estendeu para todos os espações da existência humana, criança um padrão de poder. Quijano (2002, p.01), comenta que o Estado- Nação se transformou em uma autoridade coletiva e o eurocentrismo um novo modelo de controle de produção de conhecimento.

Segundo Quijano (2000, p.111), a Europa e o resto do mundo entraram em uma jogo de novas categorias, sendo denominado: Oriente-Ocidente, primitivo-civilizado, mítico-cientifico, irracional-racional.

Conforme Santos (1988, p.50), conhecer é significar a divisão  e classificação daquilo que não era categorizável, ou seja, não era relevante.

Aníbal Quijano (1992), ao discutir sobre a conquista das sociedades que habitavam o que hoje se denomina América, diferencia o colonialismo, processo histórico referente à dominação direta, formal, no âmbito político, social e cultural, dos europeus sobre os conquistados dos outros continentes, do conceito de colonialidade. Este constitui o modo mais geral de dominação na atualidade, uma vez que o colonialismo como ordenamento político específico teve fim:

A colonialidade se refere a um padrão de poder que emergiu como resultado do colonialismo moderno, mas que em vez de estar limitado a uma relação formal de poder entre os povos nacionais, mais bem se refere a forma como o trabalho, o conhecimento, a autoridade e as relações intersubjetivas se articulam entre si, através do mercado capitalista mundial e da ideia de raça (MALDONADO-TORRES, 2007, p.131, tradução nossa)

Segundo Quijano (1992, 2009), a estrutura colonial de poder produziu uma série de discriminações sobre os povos dominados. Tais construções intersubjetivas, que posteriormente foram articuladas em torno da ideia de raça, passaram a ser tratadas como categorias, inclusive com pretensões científicas e objetivas, tomadas de forma a-histórica. Tal processo conduziu a uma classificação racial/étnica – índios, negros, amarelos, brancos, mestiços – e a uma classificação geocultural – América, África, Oriente, Ásia, Ocidente e Europa. Os colonizadores europeus impuseram ainda uma sistemática repressão do conjunto de crenças, saberes e dos modos de produção de conhecimento dos povos colonizados, convertendo a cultura europeia no padrão de conhecimento a ser alcançado. As normas e ideias do comportamento sexual de gênero, conforme Quijano (2007) estavam assentadas na classificação social racial, o que implicou o livre acesso do colonizador às mulheres dos povos colonizados, não-brancos A produção de conhecimento eurocentrada e a hegemonização do mundo europeu como sujeito do conhecimento remete à dois outros conceitos do pensamento decolonial: o eurocentrismo e a colonialidade do saber. Quijano (2005) aponta que o eurocentrismo se constituiu como uma das racionalidades da modernidade, tornando-se a perspectiva hegemônica de conhecimento no período mesmo em que a Europa exercia seu domínio colonial sobre o mundo. Está ancorado em dois principais mitos fundacionais: a ideia de que a história da civilização humana parte de um estado natural e culmina na Europa e a tentativa de conferir sentido às diferenças entre Europa e não-Europa tratando-as como diferenças de natureza (racial) e não de relações de poder.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (26.9 Kb)   pdf (263.4 Kb)   docx (169.2 Kb)  
Continuar por mais 15 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com