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Os Efeitos da Divisão do Trabalho na Produção Manufatureira

Por:   •  23/10/2018  •  Artigo  •  1.955 Palavras (8 Páginas)  •  115 Visualizações

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OS EFEITOS DA DIVISÃO DO TRABALHO NA PRODUÇÃO MANUFATUREIRA[1]

                   Camila Camilo da Silva[2]

Resumo

Este trabalho tem por objetivo a exposição dos efeitos socioeconômicos resultantes da divisão do trabalho, que nasce concomitantemente à produção manufatureira, em meados do século XVI. Para tanto, abordaremos as características do trabalhador manufatureiro, bem como importantes aspectos desse modo de produção, para, ao fim, expor os aspectos positivos e negativos do surgimento da manufatura.

Palavras-Chave: divisão do trabalho, produção manufatureira, manufatura, fragmentação do trabalho.

Introdução

Pretende-se, nesse artigo, utilizar as bases teóricas de Riqueza das Nações[3] e O Capital[4] para discutir o fenômeno da fragmentação do trabalho na produção manufatureira. A escolha pelo estudo da divisão do trabalho se dá devido aos grandes impactos causados por ela na economia geral da sociedade desde meados do século XVI, onde nasce o sistema de produção manufatureira, até a contemporaneidade.

Inicialmente calha estabelecer que a manufatura sucede as oficinas medievais, onde o trabalho era manual e realizado por um artesão, que, por sua vez, tinha pleno controle da produção dos objetos almejados, haja vista que o mesmo realizava todas as etapas para a confecção daquele produto, não havendo divisão de tarefas. Nesse tipo de organização a produção era lenta e capaz de atender apenas um mercado consumidor restrito. Desta forma, concomitante ao aumento populacional, que exigia formas mais rápidas e eficientes do desenvolvimento do trabalho, surge a manufatura como solução.

Assim, a manufatura[5] eclode para atender um mercado consumidor sedento, e, para tanto, é aderida a divisão do trabalho.

Para a compreensão do modo de divisão do trabalho existente no modo de produção manufatureira, Smith[6] exemplifica-a por meio de uma pequena manufatura de alfinetes, onde a divisão do trabalho é facilmente notada. Vejamos:

Tomemos, pois, um exemplo, tirado de uma manufatura muito pequena, mas na qual a divisão do trabalho muitas vezes tem sido notada: a fabricação de alfinetes. [...] da forma como essa atividade é hoje executada, não somente o trabalho todo constitui uma indústria específica, mas ele está dividido em uma série de setores, dos quais, por sua vez, a maior parte também constitui provavelmente um ofício especial. Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer uma cabeça de alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já é uma atividade diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria embalagem dos alfinetes também constitui uma atividade independente. Assim, a importante atividade de fabricar um alfinete está dividida em 18 operações distintas (1996, p. 65/66).

Portanto, as manufaturas são destinadas a suprir as necessidades da sociedade, empregando, assim, a divisão do trabalho, onde cada operário executa uma função específica para a confecção de um objeto, em lugar de fazê-las todas sucessivamente.

  1. Aspectos do Sistema Manufatureiro

Como vimos na introdução, a produção manufatureira surge como solução à grande demanda de produtos resultante do aumento populacional daquele período, a qual as oficinas medievais não eram capazes de suprir por meio de seu sistema de produção artesanal, que não possuía, em seus aspectos, qualquer tipo de sistema organizacional para a confecção sucinta de objetos.                                                                                                Assim, realizada a divisão de tarefas do trabalho acidentalmente pela primeira vez nas oficinas manufatureiras, ela repete-se, pois demonstra vantagens e acaba se tornando uma divisão sistemática do trabalho.                                                                

Para a completa compreensão da divisão do trabalho na manufatura, é essencial não perder de vista importantes aspectos, como o fato de que nesse sistema cada funcionário deve ficar restrito a realizar uma tarefa pormenorizada da confecção do produto, utilizando sua força manual, bem como necessita-se de cooperação nesse sistema, pois as vantagens da divisão do trabalho não dependem da força particular do operário, mas do modo como essa divisão é realizada.

Destarte, apesar da produção manufatureira se tornar um organismo de produção, isto é, conjunto de operários trabalhando paralelamente, cujo objetivo é a confecção de bens, sua forma primitiva é a mesma, ou seja, a utilização da força humana, assim como no modo de produção artesanal.

Outrossim, no modo de produção manufatureira, o objeto de trabalho, antes de chegar à sua forma definitiva, percorre uma série de operações que são realizadas por trabalhadores diferentes.

Dessa maneira, o resultado de um trabalhador é o ponto de partida do outro, fazendo com que os trabalhadores realizem suas atividades paralelamente e sem interrupção. Tal aspecto de cooperação e ininterrupção gera o maior aprimoramento das forças produtivas de trabalho, pois essa dependência imediata entre os operários obriga a cada um utilizar apenas o tempo necessário para sua função, aumentando, portanto, o rendimento do trabalho.

Outro aspecto importante do sistema de produção manufatureira é o fato de que a produtividade do trabalho não depende só da habilidade do operário, mas também da perfeição dos instrumentos utilizados nas operações. Assim, os dois elementos indispensáveis da manufatura são o trabalhador e o seu instrumento de trabalho.

  1. O trabalhador do sistema manufatureiro

A partir do surgimento da manufatura, o artesão, que antes realizada todas as operações necessárias à produção de um objeto, se torna um trabalhador que realiza tarefas pormenorizadas, onde passa a receber um salário fixo em troca de uma jornada de trabalho.

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