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VIOLÊNCIA SIMBÓLICA CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E REFLEXOS NA SOCIEDADE

Por:   •  14/3/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.073 Palavras (9 Páginas)  •  5.276 Visualizações

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FACULDADE BRASILEIRA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

EAD ADAPTAÇÃO 2014/1

CARLOS EDUARDO ROMANO

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA

CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E REFLEXOS NA SOCIEDADE

VITÓRIA-ES

2014

CARLOS EDUARDO ROMANO

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA

CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E REFLEXOS NA SOCIEDADE

Trabalho apresentado ä disciplina Antropologia Aplicada ao Direito do Curso de Graduação em Direito da Faculdade Brasileira - Multivix, como requisito para avaliação. Orientador: Prof. Tatyana Lellis

VITÓRIA-ES

2014


1 INTRODUÇÃO

O conceito de violência simbólica permite compreender melhor as motivações profundas que se encontram na origem da aceitação de atitudes e comportamentos de submissão.

Por violência, temos como alguns conceitos: a forma de usar a agressividade de maneira intencional e excessiva para ameaçar ou cometer algum ato que resulte em acidente, morte ou trauma psicológico; para a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, violência é o uso intencional de força física ou do poder contra si mesmo, outra pessoa, um grupo ou uma comunidade; de acordo com a definição que está no Dicionário de Sociologia (JOHNSON, A. 1997) a violência é classificada como um "comportamento causador de prejuízos às vítimas da agressão, uma pessoa ou um objeto".  É também uma forma de privação. Segundo Nilo Odalia, “(...) Privar significa tirar, destituir, despojar alguém de alguma coisa. Todo ato de violência é exatamente isso. Ele nos despoja de alguma coisa, de nossa vida, de nossos direitos como pessoas e como cidadãos”. O ato violento pode se manifestar de diferentes maneiras, contudo, uma característica comum a todas elas pode ser verificada pela negação da autonomia do agredido, os danos à integridade física ou psicológica, e até mesmo a morte da vítima. A utilização exagerada e ilegítima da força também pode ser considerada uma espécie de violência.

Por simbólica, aqui, temos como algo de difícil percepção, com ou sem a concordância do indivíduo. Segundo Bourdieu, o poder simbólico é um “poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem”. As relações existentes entre os grupos dominantes e dominados aparecem de forma "naturalizada".

A Violência simbólica é difícil de ser identificada. Imperceptível, mas presente fortemente em nosso cotidiano, não revela a verdadeira violência de seus atos. Exercida naturalmente, demonstra o modo de ser e de viver do homem atual, tornando as pessoas deficientes de solidariedade.

 Este trabalho tem como objetivo abordar a questão da violência simbólica presente no cotidiano, que é aceita, incorporada e reproduzida pelas pessoas, sem a percepção de sua existência, a qual é praticada através de um conjunto de mecanismos sutis de conservação e reprodução das estruturas de domínio.

2 CONCEITO E CARACTERÏSTICAS DA VIOLÊNCIA SIMBÖLICA

Violência Simbólica é um conceito elaborado pelo sociólogo Pierre Bourdieu e está no livro A Reprodução, escrito por ele e Jean-Claude Passeron.

É uma forma de coação que se apoia no reconhecimento de uma imposição determinada, seja esta econômica, social ou simbólica. Ela se constrói na fabricação contínua de crenças no processo de socialização, que induzem o indivíduo a se posicionar no espaço social seguindo critérios e padrões do discurso dominante. Este tipo de violência é manifestação destes critérios e padrões através do reconhecimento da legitimidade deste discurso dominante. Em Pierre Bourdieu, a violência simbólica é o meio de exercício do poder simbólico.

O pensamento de Pierre Bourdieu sobre a violência simbólica foi criado com o objetivo de esclarecer as relações de dominação que não pressupõe a coerção física que podem ocorrer entre as pessoas e entre os grupos presentes no mundo social, o sociólogo francês define esta noção, a qual corresponde a um tipo de violência que é exercida em parte com o consentimento de quem a sofre.

A raiz da violência simbólica estaria deste modo presente nos símbolos e signos culturais, especialmente no reconhecimento subentendido da autoridade exercida por certas pessoas e grupos de pessoas. Deste modo, a violência simbólica nem é percebida como violência, mas sim como uma espécie de interdição desenvolvida com base em um respeito que "naturalmente" se exerce de um para outro. Como exemplo disto temos a atitude de docentes, a qual pressupõe o uso legitimado de estratégias punitivas em relação aos alunos que não se enquadram nos moldes sociais de uma instituição escolar.

Neste sentido, a violência simbólica, despercebida na vida rotineira, encontra-se presente nos hábitos, nos costumes, nas leis, na mídia, nas escolas, nas universidades. Presente também nas pichações de muros, nos bancos quebrados de praças públicas, na sujeira das ruas, na poluição dos automóveis, na poluição sonora, na poluição visual dos incontáveis cartazes de propaganda, a violência simbólica é reforçada na rigidez e na dureza das paisagens urbanas.

No que tange à concordância entre o dominado e o dominador, este aspecto da argumentação de Bourdieu é muito pouco entendido, pois alguns entendem como se houvesse um acordo formalmente estabelecido no qual a dominação é reconhecida como legítima, quando na verdade esta se dá pela ação das forças sociais e pela estrutura das normas internas do mundo social em que os indivíduos se inserem, e que de certa maneira se incorporam em seus hábitos.

O sistema simbólico de uma determinada cultura é uma construção social e sua manutenção é fundamental para a perpetuação de uma determinada sociedade, através da interiorização da cultura por todos os membros da mesma. A violência simbólica se expressa na imposição "legítima" e dissimulada, com a interiorização da cultura dominante, reproduzindo as relações do mundo do trabalho. O dominado não se opõe ao seu opressor, já que não se percebe como vítima deste processo: ao contrário, o oprimido considera a situação natural e inevitável.

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