A Economia Brasileira À Luz De Castro & Pires De Souza

INTRODUÇÃO

A dinâmica do desenvolvimento econômico brasileiro, desde a crise do modelo de

crescimento associado ao endividamento externo no início da década de 1980 até os desafios

estruturais enfrentados nos anos recentes, constitui um dos temas centrais da análise

macroeconômica do país. O período pós-1985 marca uma ruptura histórica, na qual o Brasil

abandona definitivamente o ciclo de expansão industrial apoiado na intervenção estatal,

grande capacidade de investimento público e financiamento externo relativamente acessível,

passando a enfrentar instabilidade monetária, inflação crônica, fragilidade externa e queda

persistente da produtividade. A obra de Castro e Pires de Souza (1985), referência

indispensável sobre esse momento, caracteriza essa fase como a expressão de um sistema

econômico em “marcha forçada”, pressionado por desequilíbrios estruturais que limitavam a

capacidade de crescimento sustentado.

Nas décadas seguintes, o país atravessou diferentes ciclos macroeconômicos, com

mudanças expressivas em suas variáveis fundamentais: estabilização monetária após o Plano

Real, abertura econômica, novas configurações do papel do Estado, boom de commodities,

inclusão social, crise fiscal prolongada, recessão profunda e os impactos econômicos da

pandemia da COVID-19. Cada uma dessas etapas refletiu transformações não apenas

conjunturais, mas também estruturais, sobretudo no padrão de industrialização, no mercado de

trabalho e nas relações do país com a economia mundial.

Diante disso, compreender a trajetória econômica brasileira entre 1985 e 2023 exige

revisitar a interpretação clássica de Castro e Souza, atualizar seu quadro analítico e confrontar

seus argumentos com as transformações produtivas, institucionais e sociais que

caracterizaram as últimas quatro décadas. Trata-se de identificar padrões de continuidade e

ruptura, avaliar a evolução da macroeconomia e analisar como o processo de desenvolvimento

se reconfigurou diante de novos desafios internos e pressões externas.

.

1.1 Problema de pesquisa

COMO AS VARIÁVEIS ESTRUTURAIS IDENTIFICADAS POR CASTRO E PIRES DE SOUZA - DÍVIDAS

EXTERNAS, PIB, INVESTIMENTO, INFLAÇÃO, JUROS, CÂMBIO, SALÁRIOS E POLÍTICA FISCAL - EVOLUÍRAM

NO BRASIL ENTRE 1985 E 2023, E EM QUE MEDIDA A LÓGICA DA “MARCHA FORÇADA” SE TRANSFORMOU

EM NOVOS PADRÕES DE RESTRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO?

1.2 Objetivo Geral

Analisar a evolução das principais variáveis econômicas destacadas por Castro e Pires

de Souza no período 1985-2023

1.2.1 Objetivo Específicos

1.2.1.1. Retomar criticamente a abordagem de Castro e Pires de Souza (1985),

revisitando o conceito de “marcha forçada” e examinando como a crise internacional

deflagrada em 1974 impulsionou uma transformação estrutural tardia na economia

brasileira. Busca-se enfatizar a interpretação dos autores de que os resultados positivos

observados no final da década de 1970 decorreram do amadurecimento de projetos de

investimento iniciados previamente no regime desenvolvimentista, e não apenas de

políticas recessivas, como assumido por análises ortodoxas da época.

1.2.1.2. Analisar a evolução dos principais indicadores macroeconômicos

brasileiros entre 1985 e 2023, considerando variáveis como PIB, inflação, taxa de

juros, câmbio, contas externas, dívida pública e Formação Bruta de Capital Fixo. A

análise abrangerá tanto o comportamento conjuntural desses indicadores quanto suas

determinações estruturais, incluindo desajustes fiscais, choques externos, restrições de

financiamento e o papel do Estado na condução da política econômica

1.2.1.3. Investigar as transformações estruturais pelas quais o tecido produtivo

brasileiro passou desde os anos 1980, com atenção às mudanças vivenciadas na

indústria,