Análise de demonstrações financeiras

Francisco Filho *

No dia 21/09/2001, em debate com alguns alunos da turma 131-B, do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Moraes Júnior, comentou-se que o grupo vinha tendo dificuldades em acompanhar e entender o desenvolvimento da disciplina Análise das Demonstrações Contábeis - ADC, motivo pelo qual resolvi elaborar o presente texto.

A realização do trabalho de pesquisa em ADC tem como objetivo principal a análise da situação econômico-financeira de uma empresa e, normalmente, aborda as seguintes partes:

1. a sua situação interna;

2. como ela se situa dentro do setor em que atua;

3. como está seu desempenho em relação à economia do país.

O trabalho deve ser elaborado levando em consideração uma estruturação em cerca de seis partes, a saber: metodologia; resumos das principais contas e critérios de preparação; outras informações, em que são relatados os dados para melhor compreensão das demonstrações financeiras da empresa, estratégia de longo prazo; análise e discussão gerencial, os fatos relevantes para o desempenho da empresa; e, por último, a conclusão do trabalho de pesquisa.

A primeira parte compreende a metodologia empregada na pesquisa de dados e o embasamento teórico sobre a análise econômico-financeira, indispensável à melhor compreensão do trabalho.

A segunda parte mostra as principais contas que foram objeto de estudo direto do trabalho e a geração dos indicadores a serem analisados. De acordo com o objetivo proposto, deve-se montar um modelo padrão que permita identificar os fatores importantes para a análise.

A terceira parte são as informações necessárias para melhor compreensão do trabalho. Como cada empresa possui o seu próprio plano de contas diferenciado de outras empresas, é necessário agregar contas a fim de que os balanços se tornem comparáveis (caso dos indicadores médios do setor em que a empresa atua).

Na quarta parte, são observados dados e informações que complementam as demonstrações contábil-financeiras, como, por exemplo, taxas de juros, vencimentos e garantias de obrigações de longo prazo, os critérios contábeis, como os de avaliações de estoques, depreciação e demais provisões, ou ainda acrescentam informações, como garantias prestadas a terceiros, espécies de ações do capital social, eventos subseqüentes à data do balanço que tenham efeitos relevantes sobre a situação da empresa.

Na quinta parte ficam a analise da empresa e uma discussão com a visão do que foi o objeto do trabalho.

Na sexta e última parte, fica a conclusão do trabalho.

Por outro lado, de forma mais direta, o trabalho de análise das demonstrações contábil-financeiras pode ser agrupado em dois grandes grupos, segundo o posicionamento do analista que o elabora:

1. análise interna;

2. análise externa.

Na primeira, o analista está vinculado diretamente à empresa analisada. Seus conhecimentos a respeito dessa empresa poderão ser mais aprofundados em virtude de maiores facilidades de acesso às informações necessárias a seus exames. Essa análise pode ter como objetivos específicos:

1.controle operacional;

2. avaliação de desempenho.

3. projeto de expansão

Na análise externa, o analista está vinculado a outra pessoa ou entidade interessada nos negócios da empresa a ser analisada. As empresas normalmente demandantes por esse tipo de trabalho são instituições financeiras, fornecedores, autoridades governamentais, investidores etc.

Essa posição exige o maior cuidado do profissional encarregado do trabalho, uma vez que, feita à distância, sem a utilização de dados internos, exige a adoção de máxima cautela na emissão das conclusões, baseando-se sempre em maior número possível de dados informativos para minimizar os riscos dos interessados.

Estrutura básica do relatório da análise.

Os relatórios de análise devem ser elaborados de forma clara e sucinta, dentro dos objetivos traçados e para melhor compreensão possível do público para o qual eles se dirigem.

Os principais elementos constituintes de uma análise são os seguintes:

1. introdução: parte que explica porque e para quem o relatório foi feito.

2. sumário: observações genéricas sobre a análise, de forma sucinta.

3. corpo: descrição analítica do sumário.

4. conclusões: opiniões sobre a situação geral e particular de cada item relevante.

5. recomendações – efetuada com base nos pontos levantados nos objetivos do trabalho.

Para a confecção do relatório, o analista deverá atentar para os seguintes pontos:

1. dar sempre ênfase às tendências;

2. ajustar os números depois de um minucioso exame das informações fornecidas e dos objetivos em mira;

3. demonstrar, com habilidade, a situação corrente;

4. situar sempre os pontos fracos;

5. ser claro e conciso.

Metodologia

A razão de ser do projeto é a análise das demonstrações contábil-financeiras, que têm por objeto uma empresa do ramo industrial cuja produção é voltada para o mercado nacional.

Para a realização do trabalho sobre a empresa citada, foram utilizadas algumas demonstrações financeiras – balanço patrimonial, demonstração de resultado do exercício, demonstração das mutações do patrimônio líquido e demonstração das origens e aplicações de recursos, notas explicativas, bem como relatório da administração da empresa.

A postura do analista com relação a seu objeto de investigação implica, assim, uma posição a priori, posição essa justificada pela perspectiva teórico-metodológica adotada pela própria motivação ou razão de ser do projeto.

Neste trabalho, foi desenvolvida análise vertical (baseia-se em percentuais das demonstrações financeiras em relação a valor base) das contas do balanço patrimonial da empresa e suas variações relativas aos anos de X1, X2 e X3, e ainda análise de estrutura patrimonial e estrutura