Desvalorizaçã do real

1. Introdução

Neste trabalho, procurou-se apresentar a origem de várias tentativas de implantar alguns planos econômicos no Brasil. A implantação daquele que teve o maior sucesso é utilizado até os dias de hoje, o plano real. Descrição de todo o processo de como foi concebido e fatores macroeconômicos e políticos que vem contribuindo para a desvalorização da moeda. O impacto e seus efeitos na economia brasileira, foram descritas as principais medidas implementadas pelo governo para tentar contornar os problemas.

2. Planos Econômicos Brasileiros Antes do Plano Real

2.1 Cruzado

O Brasil, na década de 80 e início da década de 90, tinha como perfil PIB baixo e inflação em alta. Em 1985, estava acumulada em 235,13% (fonte Brasil econômico), com a inflação fora de controle.

A primeira tentativa de desenvolver um plano econômico para combater a inflação e resgatar a credibilidade da economia brasileira, o plano cruzado, foi lançada em 28 de fevereiro de 1986, pelo, então presidente, José Sarney e o ministro da fazenda, Dilson Funaro. Então, houve uma mudança na moeda de cruzeiro para cruzado. Um cruzado era o equivalente a mil cruzeiros.

A regra do plano era o congelamento nos preços, salários, câmbio por um ano com o dólar valendo Cz$ 13,84.

Característica interessante neste período, é que a própria população era “fiscal” do governo, verificando se os valores sofriam alguma alteração, na época era divulgado nos jornais os preços para que os consumidores pudessem consultá-los na hora das compras todo o estabelecimento comercial tinha que possuir uma edição exposta em local visível.

Caso o estabelecimento fosse denunciado por descumprir o que estava estabelecido pelo governo, o mesmo era imediatamente fechado pela SUNAB (Superintendência Nacional do Abastecimento).

Ao passo que houve um aumento da demanda dos consumidores, surgiu uma crise no abastecimento nos mercados o que contribuiu para o fracasso do plano.

2.2 Cruzado 2

No segundo semestre de 1986, houve o lançamento do Cruzado 2, que previa controlar o consumo e o déficit público, que é a relação entre o valor total das despesas maior que as receitas, mas como o plano não foi efetivo não havendo controle na balança o cruzado 2 teve seu fim.

2.3 Plano Bresser

Em 1987, com o surgimento de uma nova crise o, então, ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, lançou o plano que leva seu nome, Bresser. O plano previa um novo congelamento, só que desta vez por 3 meses. Desvalorização da taxa de cambio em 10%, com o objetivo de aumentar as exportações e obter receita em dólares.

O pacote previa também cortes nas despesas públicas, o que não foi adiante. Com a saída do ministro do cargo, a inflação acumulada chegou a níveis elevados.

2.4 Plano Verão

Em 1989, a inflação permanecia alta, houve uma nova tentativa de controlar a economia com o lançamento do Plano Verão, houve novo congelamento com um prazo indefinido e houve também a troca da moeda, o cruzado, perdeu três zeros e foi substituído pelo cruzado novo. Em pouco tempo novo fracasso. Aos poucos, os preços foram descongelados e a inflação voltou a crescer.

Em 1990, o Brasil tinha como presidente Fernando Collor de Melo e na gestão do ministério da fazenda, Zélia Cardoso de Mello. Juntos, instituíram, de todos os planos anteriores, o mais traumático para a população. Com o confisco das poupanças e contas correntes, além de outras decisões, a moeda voltou a se chamar cruzeiro e outra estratégia adotada foi a limitação de busca de recursos em circulação na economia, congelamento e correção dos salários com a correção da inflação do mês seguinte, abertura de entrada para produtos importados. Estas decisões levam a economia a retração e diminuem arrecadação de impostos ao governo.

Collor 2: Previa contenção de salários, congelamento de preços demissões em massa de funcionários públicos e federais gerando insatisfação e desgastando a imagem do governo perante a população ocasionando até mesmo no impeachment do então presidente no seu lugar assume o vise Itamar Franco.

2.5 Plano Real

Em 1994, após vários planos econômicos fracassados, é implementado o plano real, idealizado pelo, então, ministro da fazenda. Fernando Henrique Cardoso e completavam o grupo: Edmar Bacha, Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco e Pedro Mala. O lançamento foi no auge da hiperinflação e instabilidade da economia brasileira.

O plano real teve como pilar influencias do economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946), que dizia: “Microeconomia. Que as forças de oferta e de procura provocam automaticamente ajustes para o equilíbrio em todos os preços e valores, plena utilização dos fatores de produção, e um preço de equilíbrio para o uso de cada um”.

Fonte: Livro The General Theory of Employment, Interest and Money" (Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda)

3. Etapas do Plano Real

Baseados nas ideias acima, o plano foi dividido em 3 etapas:

- 1° Primeira etapa: teve início em junho 1993, com um pacote onde estava previsto medidas para retomar o crescimento econômico em uma estrutura sólida, redução e melhor aplicação dos recursos do governo, ajustes fiscais, criação de um fundo social de emergência.

- 2° Segunda etapa: foi criada a URV (Unidade Real de Valor) através de medida provisória, após aprovado, a URV que era atrelada ao dólar se transformou na forma que era estipulado os valores (moeda paralela), para ser mais especifico qualquer produto adquirido na ocasião tinha o valor definido em URV mas quando o pagamento era realizado o valor era convertido para moeda que estava em circulação na época o Cruzeiro Real.

A Cotação da URV no dia 01/03/ 1994 era equivalente CR$ 657,50 e era corrigido diariamente, conforme tabela abaixo:

Tabela 1: Tabela de valores da URV

- 3° Terceira etapa: entrou em circulação definitiva a nova moeda o Real, sem congelamento de preços, ou qualquer outro choque maior a população como por exemplo o confisco de contas, etc., estabilizando a economia conforme gráfico abaixo: