TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A MORTE DE EDUARDO E O ESGOTO DESTAMPADO

Dissertações: A MORTE DE EDUARDO E O ESGOTO DESTAMPADO. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  19/8/2014  •  1.355 Palavras (6 Páginas)  •  170 Visualizações

Página 1 de 6

Na última quarta-feira (13), há exatos sete dias, eu almoçava tranquilamente com Jéssica e com meus sogros, além da querida dona Madalena, avó de Jéssica, quando meu celular vibrou. Olho a mensagem do amigo Lauro Tentardini e vem a notícia absolutamente chocante: o avião que transportava Eduardo Campos havia caído em Santos. Parei de comer no mesmo instante para saber, minutos depois, que tanto Eduardo quanto os demais seis ocupantes do jatinho estavam mortos. Um nó imediatamente se deu na barriga e um estado praticamente de choque tomou conta de mim. Tive de me recompor até o fim da tarde. Era o dia da formatura de Jéssica. Desde então, dia após dia, tenho segurado o nó na garganta a cada vez que tomo contato com a notícia e com outras relacionadas.

Eduardo era um menino. Tinha 49 anos e uma vida inteira pela frente. Encontrava-se no ápice de sua capacidade física e intelectual. Era um pai de família. De uma família maravilhosa. Cinco filhos, sendo o último, Miguel, um adorável menino portador da Síndrome de Down. Enquanto intelectuais supostamente conservadores baseiam seus discursos pró-família e pró-vida em pura lenga-lenga, Eduardo e sua família eram um testemunho vivo do que isso significa.

Eu votaria em Eduardo? Não, não votaria. Eduardo defendeu a vida toda uma política de esquerda. A política de esquerda democrática que eu acho que o Brasil precisa e que o PT há tempos não mais representa, mas ainda assim, uma política de esquerda. Sou de direita. E por isso não votaria nele. Mas apenas por isso. Honestidade, caráter, seriedade e uma senhora gestão em Pernambuco depunham a seu favor.

Outros poderiam falar ainda da sua companheira de chapa, Marina Silva. Mas sejamos francos: quem, em sã consciência e querendo vencer a eleição presidencial, abriria mão de uma companheira de chapa com o capital político que Marina tem? Os que escondem-se atrás de teclados em discursos de purismo ideológico e nunca fazendo política de verdade, certamente poderiam recusar tal apoio. Não é a toa que se mantêm a milhares de quilômetros de qualquer vida partidária real.

Diante desta morte trágica, de um dos mais brilhantes, se não o mais brilhante quadro formado na política brasileira do pós-1964, as reações nas redes sociais e em vários “blogs políticos” são absolutamente nauseantes. Dão ânsia de vômito. Fazem, ao contrário do que Eduardo pregou em sua última aparição pública no Jornal Nacional, querer desistir do Brasil. O quê dizer de um Paulo Henrique Amorim achincalhando Renata Campos antes mesmo que os restos mortais de Eduardo fossem liberados em São Paulo? O quê dizer do site Muda Mais, da campanha de Dilma Rousseff (PT), sumindo com textos em que atacava Eduardo de maneira virulenta? O quê dizer dos oportunistas do PT que tentaram transformar Eduardo em filho de Lula? O quê dizer ainda de um Reinaldo Azevedo que malemal esperou o primeiro dia para iniciar uma verdadeira campanha de desconstrução de Marina Silva? Que se nos primeiros dias achava lindo o comportamento de Renata Campos em contraste com Marina agora, que se cogita de coloca-la como vice na chapa, a ataca sem dó, tentando lhe carimbar como a viúva-herdeira de um coronel nordestino?

Aliás, abro um parágrafo apenas para tratar deste preconceito nojento, asqueroso e absolutamente inaceitável com o Nordeste e seus políticos. Quem lê este tipo de texto asqueroso, explorando preconceitos nojentos como este, parece fingir que Bruno Covas e Mário Covas Neto não existem em São Paulo. E que não militam no PSDB tão incensado como moderno por este tipo de gente. Fazem de conta, ainda, que Aécio Neves da Cunha (em quem votarei) não é neto de Tancredo Neves e filho de Aécio da Cunha, ambos políticos. E isso pra ficar na linhagem mais recente. Que Beto Richa, governador do Paraná, não é filho de José Richa, fundador do PSDB e político desde sempre. A propósito, este discurso anti-coronelismo e anti-famílias na política é puro provincianismo tacanho de vira-latas incuráveis. Os Kennedy são lindos. Os Bush são lindos. Os Clinton são lindos. Quando é no Nordeste brasileiro trata-se de coronelismo.

E os críticos de funeral, dizer o quê? De um lado, uma caça frenética a fotos que mostrem Lula-Pai-de-Eduardo. De outro, críticas absolutamente asnais e com total falta de conhecimento da relação de ambos atacando Lula e chamando seu choro de hipócrita. Até que os psicopatas da conspiração que povoam as redes provem qualquer envolvimento seu na tragédia (e não há qualquer indício, por mínimo que seja), a relação entre ambos era absolutamente fraternal. Ou Eduardo não foi seu ministro, não foi seu líder no Congresso, não foi governador com seu total apoio?

Ainda: a caça frenética a fotos mostrando Marina eventualmente sorrindo. Vem cá: estes filhos da puta nunca foram a um velório na vida? Não sabem que em uma vigília com a duração de qualquer funeral, é absolutamente natural que pessoas conversem, sorriam e procurem relaxar? Queriam que Marina encarnasse o papel da carpideira profissional?

...

Baixar como (para membros premium)  txt (8.3 Kb)  
Continuar por mais 5 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com