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Africa Do Sul E Copa De 2010

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Por:   •  2/11/2014  •  1.740 Palavras (7 Páginas)  •  268 Visualizações

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Apesar da África do Sul ser considerada hoje em dia uma democracia constitucional na forma de uma república parlamentar, sabe-se de seus regimes autoritários de um passado não tão distante. A África do Sul conquistou sua independência do Reino Unido, os partidos Sul-Africano e o Nacional tentaram unir-se, porém com a Segunda Guerra Mundial e com a África do Sul aliando-se ao Reino Unido e tornando-se membro das nações unidas, fez com que o Partido Nacional que estava chegando ao poder se opusesse. Com isso o primeiro ministro se recusou a assinar a Declaração Universal de Direitos Humanos. O Partido Nacional segregou a população sul africana em três raças, cada uma mantinha seus direitos e limitações de acordo com sua cor, iniciando-se assim uma segregação legalmente institucionalizada, o apartheid.

O apartheid além de uma segregação legalmente institucionalizada ele permitia que brancos tivessem um maior direito enquanto negros e pessoas "não brancas" não. Os brancos eram uma minoria muito privilegiada, já que apenas eles conseguiam viver um alto padrão de vida, os negros por sua vez não podiam nem votar e tiveram que sair de áreas nobres, chamado de Ato das Terras Nativas, que fez com que 1,5 milhões1 de africanos das cidades fossem obrigados a se mudar para áreas rurais vivendo em extrema pobreza. Só foi possível o fim do apartheid depois de uma pressão interna de opositores e externa, como países boicotando negócios com o país e impondo sanções por conta de seus episódios de quebra de direitos humanos. E apenas em 1989 o presidente libertou Nelson Mandela da prisão e enfim elaboraram uma nova constituição que foi aprovada em 1996.

No ambiente pós apartheid a África do Sul enfrenta mitos problemas sócio econômicos e mesmo tentando resolver as taxas de desemprego, desigualdade grave e lacunas na prestação de serviços básicos nas comunidades urbanas e rurais pobres, os problemas anda persiste mem grandes escalas, sem excluir também o grande problema de saúde que ronda a África do Sul que é a crescente epidemia do HIV. E foi nesse meio que a Copa do Mundo na África do Sul em 2010 foi realizada. Atingindo o título de a copa mais cara, perdendo-o apenas para o Brasil no momento. Um estudo feito pelo National Department of Tourism (NDT)2 afirma que a Copa do Mundo de 2010 não trouxe tantos benefícios para o país. Os gastos para a preparação de tal megaevento esportivo chegaram a níveis exorbitantes para financiar a construção de estádios e melhorias na infraestrutura para as cidades sedes (Johanesburgo, Bloemfontein, Pretória, Cidade do Cabo, Port Elizabeth, Nelspruit, Durban, Rustenburg e Polokwane). E segundo fontes3 de 2012 a África do Sul ainda se encontrava em dificuldades para pagar seus gastos, porém enxergam que houve mesmo com tantos contras alguns prós desse megaevento. No blog do Andrew Harding que é o correspondente da África na BBC em um de seus artigos4 ele relata o interesse da África em investir em construções para melhorar sua imagem, por mais que o país tenha feito um bom trabalho de marketing para o mundo, eles pensam em melhorar o marketing do continente em geral. Nesse mesmo blog identificamos o termo "World Cup Honeymoon" que relata esse lapso que teve em 2010 no qual a África do Sul foi mostrada como um país animado que sediava a copa, porém, mostra que agora como antes esta tudo desmoronando nos serviços públicos com isso o correspondente se pergunta se a África está precisando de um momento Thatcher. Segundo especialistas houve uma grande melhoria na infraestrutura para que o país pudesse sediar a copa como aumentos de transportes públicos e alargamento de ruas e estradas. Houveram denúncias de corrupção na construção dos estádios, deslocamentos forçados de famílias, aumento da repressão policial e expulsão de moradores de rua e de vendedores ambulantes e etc. De acordo com a segurança do local na época dos jogos foi identificado que alguns repórteres foram roubados5 dentro do próprio hotel e alguns outros turistas assaltados pelas mediações das cidades. Será que é possível um país com um sistema democrático relativamente novo consiga sediar um megaevento esportivo que sirva para também melhor economicamente e socialmente um país?

Em megaeventos esportivos desse porte podemos sempre analisar grandes violações de direitos humanos. Uma das maiores violações que se tem documentado foi a limpeza social de moradores de rua, prostitutas e vendedores ambulantes, além de realocação de pessoas que moravam em habitações informais dentro as cidades sedes, que foram demolidas sem aviso prévio. Segundo relatos6 de uma moradora de rua ela e outras 280 pessoas na mesma situação foram mandadas contra sua vontade e levadas para um local afastado das cidades chamado Blikkiesdorp antes do evento. Ou seja, faltou um projeto de desenvolvimento social após a copa, pois essas pessoas retiradas da rua antes do megaevento, estão no momento longe da cidade, na miséria e sem nenhuma política social que os ajude. Os despejos forçados sofridos pelos moradores de algumas favelas os obrigou a viver como em um ''campo de concentração'' ou temporários campos de realocação em volta das grandes cidades. Esses campos se mantém com uma altíssima taxa de desemprego, sem escolas ou clínicas medicas, além da grande densidade de pessoas por metro quadrado7. Essas realocações de pessoas serviu apenas para causar uma boa imagem aos turistas durante a copa do mundo.

A prioridade em proteger os turistas fez com que a polícia ficasse mais agressiva, fazendo um uso maior de força letal contra suspeitos e contra manifestantes locais em protestos, há dados de que houve um aumento de 47% de tiroteios fatais pela polícia nos últimos dois anos. O amnesty international documentou crescentes casos de tortura em suspeitos de investigações criminais8 e sucessivamente muitas prisões arbitrarias também, como no caso das mulheres que foram presas por se recusarem a sair do estádio pelo fato de estarem usando vestidos que faziam propaganda de uma marca de cerveja9.

Muitas denúncias de xenofobia também foram apuradas, segundo o Amnesty Internacional10 nos primeiros meses de 2010 pelo menos 11 casos foram registrados em cinco províncias envolvendo ataques violentos e furtos, particularmente de imigrantes da Somália e Etiópia e com isso, os refugiados e imigrantes acabam se tornando mais vulneráveis já que não contam mais com proteção policial adequada e o acesso

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