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China: análise histórica sobre seu crescimento na economia internacional

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Por:   •  15/9/2013  •  Trabalho acadêmico  •  2.385 Palavras (10 Páginas)  •  535 Visualizações

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China: análise histórica sobre seu crescimento na economia internacional

Marylia Gabriela F. N. Cordeiro

maryliagabriela@hotmail.com

“A China se tornou uma superpotência econômica e um agente fundamental na formação da ordem política global.” – Henry Kissinger.

Resumo:

Este artigo tem por objetivo apresentar argumentos em torno do expressivo crescimento econômico da China no cenário internacional no século XXI, mas para isso é necessário recorrer a fatos anteriores para entender as causas desse crescimento. Tomando como ponto de partida o livro ‘Sobre a China’ de Henry Kissinger, e utilizando de pensamentos de diversos autores serão apresentados tópicos sobre o funcionamento interno da diplomacia do país durante períodos difíceis de guerras, reformas realizadas por Deng Xiaoping que foi de grande importância para que a China surgisse como uma nova potencia econômica, e principalmente sobre a política internacional desse país.

Palavras – chave: China, crescimento, economia, internacional.

Henry Alfred Kissinger é um diplomata americano, de origem judaica, nascido em 27 de maio de 1923. Teve um papel importante na política estrangeira dos Estados Unidos entre 1968 e 1976. Entre seus livros estão A World Restaured, onde é ressaltada a complexa cadeia de Congressos, que começou antes do fim das guerras napoleônicas e Diplomacy, obra em que o autor faz um estudo sobre as crises internacionais que formaram o mundo moderno e uma reflexão provocadora sobre as relações externas norte-americanas.

Em Sobre a China é retratado o decorrer histórico do país, e o ponto de partida é a ideia da China nunca ter tido um começo para sua criação, ao contrário de todas as civilizações ocidentais que é explicito o marco inicial das mesmas. O missionário e viajante do século XIX, Régis-Evarist Huc, observou:

“Estamos acostumados na história das nações e encontrar algum ponto de partida bem definido, e os documentos, as tradições e os monumentos históricos que chegam até nós em geral nos permitem seguir, quase que passo a passo, o progresso da civilização, estar a seu nascimento e assistir ao seu desenvolvimento, em muitos casos, suas subsequentes decadência e ruína.”

Então para falar do crescimento econômico chinês será preciso recorrer a antecedentes históricos, os mais remotos possíveis, para um entendimento abrangente de como a China se tornou uma potencia econômica tão importante no cenário atual.

Desde o século I d.C. o comércio sempre foi uma atividade muito intensa na região, principalmente pela prática de escambo, onde consistia na troca direta de mercadorias tais como seda, cerâmica e alimentos, que eram transportados pelo deserto de Gobi para o Império Romano, um forte consumidor desses produtos, principalmente da seda.

Imagem 1 - Caminho do deserto de Gobi.

Gradualmente a produção da China estendeu-se por toda a Europa. Entretanto a seda só foi industrializada na Inglaterra no século XV. Atualmente a China ainda produz a melhor seda do mundo.

Com isso é perceptível que a China teve sua economia sustentada por um longo período. Ainda sim que este crescimento tenha se acelerado, o país passou por uma grande transformação desde a revolução comunista de 1949, quando era um dos países mais atrasados do mundo. A revolução que trouxe benefícios incontestáveis, como coletivização das terras, controle estatal da economia e nacionalização de empresas estrangeiras. No período de 1949 até 1978 a China cresceu uma média de 5,9% a.a., conhecido como “Revolução Cultural”.

A influência ocidental na China

A china moderna não se abriu ao comércio exterior e ao ocidente, sempre sendo uma civilização muito fechada, até a Guerra do Ópio em 1840, onde foi obrigada pela Grã-Bretanha a praticar certo comércio.

A “ocidentalização” da China não foi um esforço para ficar o mais próximo possível do ocidente, mas sim como uma defesa militar. A China que tinha uma economia muito melhor que da Europa até 1500, distanciou-se do ocidente após essa data, e sua derrocada relativa deveu-se ao isolamento, e também pelo crescimento intenso da população e alguns fatores internos. Isso fez com que a China se tornasse um dos países mais pobres do mundo, na primeira metade do século XX.

Para resumir a influencia ocidental na sociedade chinesa, não trouxe bons avanços, e há diversas razões: a falta de industrialização, a sociedade é fortemente rural, a aliança entre os donos de terra e o governo, e vários outros fatores.

A china após 1978

A transformação econômica foi ocorrendo quando a produção foi sendo determinada pelo governo central, baseando-se em uma economia de mercado e isso foi possível por causa de grandes reformas econômicas e à abertura total da economia.

Deng Xiaoping foi um dos maiores líderes que a China já teve, nascido em 12 de julho de 1904. Muito jovem partiu para a França enquanto diversos conflitos estavam acontecendo na sua terra natal. Com isso se tornou um militante comunista disposto a todas as missões. De volta à China, Xiaoping teve seu primeiro encontro com Mao Tsé-tung (o atual líder) com quem tinha ótima relação e que mais tarde viria a assumir o seu cargo.

Imagem 2 - Deng Xiaoping e Mao Tse-tung juntos em março de 1959.

Aos olhos de Deng a China ainda era um país muito pobre, subdesenvolvido e que precisaria de muitas mudanças. Para isso ele acreditou que no seu governo teria que ser implantado um socialismo apostando que o país se tornaria medianamente desenvolvido na metade do século XXI. E criou um lema para isso, que dizia:

“Para que o socialismo seja concretamente superior ao capitalismo, é necessário que ele seja capaz de nos tirar da pobreza”. A explicação para essa afirmação seria uma liberalização econômica sem democracia, e foi o que Deng se empenhou arduamente.

Xiaoping então começou a introduzir diversas reformas na economia, e que pouco a pouco foi mudando a estrutura econômica do país. Focando no setor agrícola, aumentando o preço da produção e diminuindo os impostos, entre outras reformas feitas. Essas transformações aos poucos levaram o aumento da renda familiar, consequentemente tendo uma melhoria não só no plano micro, mas no macro também, como aumento de investimentos e a demanda por bens em todo o país. Xiaoping acaba expressando sua necessidade de se reintegrar no sistema mundial:

“Se mantivermos o protecionismo como nossa via maior de desenvolvimento da economia nacional, nós certamente nos isolaremos do ciclo da economia mundial. Isto temporariamente protege a indústria e o comercio nacional, mas é péssimo do ponto de vista do longo prazo”.

Então na metade da década de 80, empresas privadas do setor industrial começaram a se fixar na região para complementar as estatais já existentes, o que trouxe benefícios lucrativos a esta última. Essas reformas atraíram investimento estrangeiro direto sob a forma de novas empresas e de capital estrangeiro, o que proporcionou o desenvolvimento das indústrias de tecnologia e de infraestrutura, tais como produção de energia e transportes, além de criar novos postos de trabalho. Essas empresas estrangeiras têm papel destacado na exportação chinesa desde os anos 90, representando mais de 40% das exportações.

Ano Exportação Importação Saldo

1978 9,8 10,9 -1,1

1983 22,2 21,4 0,8

1988 47,5 55,3 -7,8

1993 91,7 104,0 -12,2

1996 151,1 138,8 12,6

Imagem 3 - Tabela Exterior da China 1978-1996 (bilhões de USA dólar)

A China do século XXI

A grande questão mundial no que se refere à geopolítica contemporânea é da dúvida se a China se tornou uma potência tão forte que poderá ser uma ameaça ao poderio dos Estados Unidos. Com esse crescimento gigantesco a China está alterando o mapa econômico mundial. Muitos estudiosos acreditam que as taxas anuais de crescimento são tão grandes que superará as dos EUA, em três ou quatro décadas.

O verdadeiro motivo para a China se tornar uma superpotência é sua constante restruturação econômica. Seu setor mais dinâmico é a indústria, apoiado seja por investimento externo, seja por empresas de propriedade privada nacional. O segundo setor (indústrias) está sempre contratando trabalhadores que antes estavam trabalhando na agricultura ou em empresas estatais ineficientes, num processo que multiplicará a produtividade dos trabalhadores chineses por anos a fim.

Imagem 4 – Evolução do PIB chinês nos últimos 30 anos.

Porém toda essa reviravolta econômica chinesa acarreta sérios problemas sociais. A china sendo a segunda economia mundial ainda enfrenta graves problemas internos. A desigualdade social ocasionada por esse desenvolvimento exige a atenção do governo chinês, pois existem em torno de 150 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza no país. Boa parte destas pessoas mora no campo. Criar políticas públicas para combater a pobreza e conter o êxodo rural se torna um grande desafio para as autoridades chinesas. O plano chinês para que a população rural se mude para a cidade assenta basicamente no objetivo de aumentar o consumo. O sistema faz com que milhões de chineses sejam impedidos de se registarem como residentes rurais, mas ao chegarem às cidades não têm acesso aos mais básicos serviços de bem-estar e higiene. Para isso, o governo precisa criar 15 milhões de novos empregos por ano. E isso é o grande desafio, trazer para o governo central um ritmo de crescimento econômico que atenda à expectativa de criação de empregos para todos. Empregos estes que ocasiona uma profunda lesão no que se refere a legislação trabalhista e aos direitos humanos, pois a exploração da mão de obra barata acaba por não respeitar os direitos pelos empregadores. A saída encontrada pelo Partido Comunista foi promover um crescimento controlado. O governo mantém o controle da população - por meio da censura, da restrição de direitos e etc. - para impedir qualquer deslocamento que possa prejudicar o desenvolvimento econômico do país.

Em contraste de muita pobreza e problemas sociais, as reformas econômicas das últimas décadas ainda assim elevaram o padrão de vida no País, que conta com 1,3 bilhão de habitantes. Mas as preocupações do governo são com a concentração de riquezas e o quanto isso pode comprometer a estabilidade social. Visto que os trabalhadores que exercem funções com mão de obra barata ganham em média US$22,00 por semana (0,13 cents por hora).

Enquanto nos Estados Unidos, no Japão o crescimento econômico acaba sendo uma qualidade de vida, na China a situação é diferente. A renda per capta no país é bem abaixo que a do índice japonês e do americano. Apesar do Estado Chinês está tentando ampliar seu desenvolvimento no cenário internacional, ele ainda enfrenta dificuldades com o processo de democratização, de acordo com os padrões ocidentais.

Entende-se então que a China sempre foi um país que sempre teve sua economia sustentada. Desde a fundação da “nova China” em 1949, a economia chinesa vem se modificando relativamente rápido. Especialmente desde 1978, ano em que começou a reforma e abertura na China, a economia chinesa vem mantendo um ritmo de crescimento de 9% ao ano. E por isso é hoje a segunda economia mundial.

Passou-se 20 anos da reforma e modernização chinesa, passando sua economia planificada para uma economia de mercado socialista, melhorando desta forma o sistema econômico. Juntamente a isso o sistema financeiro está numa fase de reforma constante. Tudo isso oferece embasamentos para um maior desenvolvimento econômico da China.

A abertura do mercado chinês no cenário internacional tem trazido oportunidades e desafios para os empresários. A completa integração da China no comércio mundial ainda é bastante superficial, e as dificuldades que este país passa internamente ainda anunciam um caminho com diversos obstáculos. Para saber lidar com processos internacionais é preciso de tratados e acordos feitos multilateralmente e bilateralmente, para que empresas estrangeiras continuem se adequando a realidade das normas chinesas.

O século XXI tornou-se o marco da abertura total da economia da China e da sua modernização, a mão de obra barata que consequentemente leva o baixo custo de produção e a incessante exportação e investimento no exterior. Muitas empresas públicas chinesas foram transformadas em sociedades por ações, alvos de exponencial investimento estrangeiro. Porém, os princípios socialistas do marxismo-leninismo em versão chinesa mantêm-se centrados e rígidos, apesar de algumas pequenas reformas. Em 2015, porém, espera-se, que a China seja já a maior economia do mundo, se continuar no mesmo ritmo de crescimento.

Referências:

Sobre a China; Editora: Objetiva

http://www.suapesquisa.com/geografia/economia_da_china.htm (acessado em 25/05/2013)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_Rep%C3%BAblica_Popular_da_China (acessado em 25/05/2013)

http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/deng_xiaoping_-_o_arquiteto_do_milagre_chines.html ( acessado em 25/05/2013)

http://www.guiageo-china.com/economia.htm (acessado em 25/05/2013)

http://www.e-ir.info/2011/07/07/china-21st-century-superpower/ (acessado em 01/06/2013)

http://www.e-ir.info/2011/04/14/us-navy-and-chinese-navy-partners-or-rivals/ (acessado em 01/06/2013)

http://www.youtube.com/watch?v=7vClA8MKeeE (acessado em 10/06/2013)

http://www.youtube.com/watch?v=oq963S605DA (acessado em 10/06/2013)

http://www.em.ufop.br/chinabrasil/EconomiaChinesaParaPrincipiantes (acessado em 10/06/2013)

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