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Cultura Americana Sociologia das Relações Internacionais

Por:   •  4/11/2018  •  Artigo  •  825 Palavras (4 Páginas)  •  254 Visualizações

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Cultura Americana

Gabriel Karsburg Aguiar

Sociologia das Relações Internacionais – Fernanda Barasuol

        

        Em sua obra A Democracia na América, lançado pela primeira vez em 1835, o pensador político francês Alexis de Tocqueville tentou compreender o ordenamento do sistema democrático norte-americano, abordando suas virtudes e defeitos. Para Tocqueville, os Estados Unidos da América gozavam de uma estrutura baseada em liberdade, igualitarismo, individualismo e empreendedorismo que, pelo contexto geográfico e histórico, podia ser qualificado como “excepcional”, destacando a livre associação entre indivíduos, independente do mecanismo estatal. O pensador francês observou que os americanos “imaginam que está em seu próprio interesse fazer contribuições para o bem-estar comum e o bem público.” Esta forma de pensar diverge da postura patrimonialista encontrada no mundo latino. A força das livres associações voluntárias são um caráter singular do dia a dia norte-americano que diferia da sociedade francesa, que se voltava para o Estado, e inglesa que se voltava para a aristocracia (CONSTANTINO apud TOCQUEVILLE, 2013).

        Passadas décadas depois de Alexis de Tocqueville, observou-se que essas particularidades norte-americanas à política se espalharam para outros aspectos, atingindo a cultura, os costumes, as normas etc. de tal forma que foi formulada uma controversa crença que se refere exatamente à essas diferenças sui generis, cuja expressão é o Excepcionalismo Americano, que não implica, necessariamente, à alguma forma de etnocentrismo ou nacionalismo.

        No campo sociológico, três perspectivas podem ser usadas para encontrar os elementos que formam a complexa e singular estrutura americana.

        Seguindo pelas definições de Jon Witt (2016, p. 68), na visão funcionalista, a sociedade preserva sua cultura transmitindo linguagem, normas e valores compartilhados de uma geração à próxima, proporcionando assim estabilidade social. Dessa forma, o sociólogo Robin Williams (1970) apresentou uma lista de valores básicos dos Estados Unidos, que incluem liberdade, igualdade, democracia, moralidade, conformidade, progresso, humanitarismo e conforto material, dando um ponto de partida para definir a identidade nacional americana. Pela perspectiva funcionalista, os interesses dos subgrupos dentro de uma cultura são atendidos pela formação de subculturas, que podem ser encontrados aos vários nos Estados Unidos (BELCH; BELCH, 2014, p. 137)

        Na visão interacionista, a interação social é essencial à sociedade para construir sua cultura e transmiti-la. A interação pode ser feita de muitas formas e foi facilitada pelos avanços tecnológicos encontrados nas últimas décadas. O explosivo número de assinantes de telefonia celular nos Estados Unidos demonstra esse aspecto: em 1985, 300.000 norte-americanos utilizavam do serviço; em 2011, esse número passou para 322,9 milhões. Também se observa através da perspectiva interacionista, apoiado pelo crescente e impactante fenômeno da globalização, a difusão cultural, espalhando aspectos da cultura de uma sociedade para a outra. Na amostra norte-americana, aspectos culturais como beber café se espalharam até o continente asiático, da mesma forma que as pessoas na América do Norte descobriram a culinária japonesa.

        Por fim, pela visão do conflito, embora uma cultura comum ajude a unificar uma sociedade, também privilegia alguns em detrimento de outros. A ideologia dominante vem reforçando o poder de uma certa classe dominante. Na cultura americana, “o valor da concorrência de mercado continua poderoso, e, muitas vezes, olha-se com desprezo para aqueles que se suspeita serem preguiçosos” (WITT, p. 62). Se pode observar esse fenômeno chegando até linguagem, como as feministas tem apontado: a linguagem de gênero pode refletir a aceitação tradicional de homens e mulheres em certas profissões, embora não seja o fator determinando. Além disso, a linguagem pode transmitir estereótipos relacionados à raça. Por meio desses padrões de comunicação, a cultura do país reforça associações positivas com o termo (e cor da pele) branco e associações negativas com negro – por exemplo, nos dicionários publicados nos Estados Unidos pode se encontrar significados distintos para black e white, como threatening e innocent respectivamente (WITT, p. 62).  

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