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Fichamento Vernant

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Por:   •  29/4/2014  •  1.400 Palavras (6 Páginas)  •  526 Visualizações

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Página 34:

“O que implica o sistema de polis é primeiramente uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos de poder. Torna-se o instrumento político por excelência, a chave de toda a autoridade no Estado, o meio de comando e de domínio sobre outrem.”

Página 34~35:

“A palavra não é mais o termo ritual, a fórmula justa, mas o debate contraditório, a discussão, a argumentação. Supõe um público ao qual ela se dirige como a um juiz que decide em última instância, de mãos erguidas, entre os dois partidos que lhe são apresentados; é essa escolha puramente humana que mede a força de persuasão respectiva dos dois discursos, assegurando a vitória de um dos oradores sobre seu adversário.”

Página 35:

“Entre a política e o logos, há assim uma relação estreita, vínculo recíproco.”

“Historicamente, são a retórica e a sofística que, pela análise que empreendem das formas de discurso como instrumento de vitória nas lutas da assembléia e do tribunal, (…).”

“Uma segunda característica da pólis é o cunho de plena publicidade dada às manifestações mais importantes da vida social. Pode-se mesmo dizer que a pólis existe apenas na medida em que se distinguiu um domínio público, nos dois sentidos diferentes mas solidários do termo: um setor de interesse comum opondo-se aos assuntos privados; práticas abestas, estabelecidas em pleno dia, opondo-se a processos secretos.”

Página 36:

“A lei da pólis, por oposição ao poder absoluto do monarca, exige que umas e outras sejam igualmente submetidas à “prestação de contas”, (…). Já não se impõem pela força de um prestígio pessoal ou religioso; devem mostrar sua retidão por processos de ordem dialética.”

“Era a palavra que formava, no quadro da cidade, o instrumento da vida política; é escrita que vai fornecer, no plano propriamente intelectual, o meio de uma cultura comum e permitir uma completa divulgação de conhecimentos previamente reservados ou interditos.”

“As mais antigas inscrições em alfabeto grego que conhecíamos mostram que, desde o século VIII, não se trata mais de um saber especializado, reservado a escribas, mas de uma técnica de amplo uso, livremente difundida no público.”

“Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação que surge desde o nascimento da cidade: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se faz mais que assegurar-lhes a permanência e fixidez.”

Página 37:

“Quando por sua vez os indivíduos decidirem tornar público o seu saber por meio da escrita, (…),o que vão querer, (…) é fazer dela o bem comum da cidade, uma norma suscetível, como a lei, de impor-se a todos. Uma vez divulgada, sua sabedoria toma uma consciência e uma objetividade novas: ela constitui-se em si mesma como verdade. Não se trata mais de um segredo religioso, reservado a alguns eleitos, favorecidos por uma graça divina.”

“Essa transformação de um saber secreto de tipo esotérico, num corpo de verdades divulgadas no público, tem seu paralelo num outro setor da vida social.”

Página 37~38:

“Os antigos sacerdócios pertenciam como propriedade particular a certos gene e marcavam seu parentesco especial com um poder divino; - a pólis, quando é constituída, confisca-os em seu proveito e os transforma em cultos oficiais da cidade.”

Página 38:

“Entretanto, não é sem dificuldade nem sem resistência que a vida social é assim entregue a uma publicidade completa. O processo de divulgação faz-se por etapas; encontra, em todos os domínios, obstáculos que limitam seus progressos. Mesmo no plano político, práticas de governo secreto mantêm, em pleno período clássico, uma forma de poder que opera por vias misteriosas e meios sobrenaturais.”

Página 39:

“O valor político atribuído a esses talismãs não é simples sobrevivência do passado. Corresponde a necessidades sociais definidas.”

“A dessacralização de todo um plano da vida política tem como contrapartida uma religião oficial que se distanciou das questões humanas e que não está mais tão diretamente ligada às vicissitudes da arché.”

“O 'racionalismo' político que preside às instituições da cidade se opõe certamente aos antigos processos religiosos do governo, mas sem por isso excluí-los de maneira radical.”

Página 40~41:

“Se a cidade se dirige ao Sábio, quando se sente entregue à desordem e à impureza, se lhe pede a solução de seus males, é precisamente porque ele lhe aparece como um se à parte, excepcional, um homem divino que todo seu gênero de vida isola e coloca à margem da comunidade. Reciprocamente, quando o Sábio se dirige à cidade, pela palavra ou por escrito, é sempre para transmitir-lhe uma verdade que vem do alto e que, mesmo divulgada, não deixa de pertencer a um outro mundo, estranho à vida ordinária. A primeira sabedoria constitui-se assim numa espécie de contradição em que se exprime sua natureza paradoxal: entre ao público um saber que proclama ao mesmo tempo inacessível à maior parte.”

Página 41:

“A filosofia vai encontrar-se, pois, ao nascer, numa posição ambígua: em seus métodos, em sua inspiração, aparentar-se-á ao mesmo tempo às iniciações dos mistérios e às controvérsias da ágora; flutuará entre o espírito de segredo próprio das seitas e a publicidade do debate contraditório que caracteriza a atividade política. Segundo os meios, os momentos, as tendências, ver-se-á que, como a seita pitagórica na Grande Grécia, no século VI, ela organiza-se em confraria fechada e recusa entregar à escrita

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