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O Fichamento de Giovani Arrighi

Por:   •  13/12/2018  •  Trabalho acadêmico  •  4.341 Palavras (18 Páginas)  •  258 Visualizações

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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Discente: Keven Silva Xavier                                                Matrícula:2017495202

Professora: Ana Saggioro Garcia                                         

Fichamento:  ARRIGHI, Giovanni As Três Hegemonias do Capitalismo Histórico (O Longo Século XX)

O conceito de hegemonia mundial:

O autor traz vários conceitos que serão utilizados ao longo de sua análise como hegemonia, anarquia e caos sistêmico.

  • Hegemonia: O autor utiliza o conceito gramsciano de hegemonia pois “explica não só a invariabilidade, mas também a evolução e a superação do sistema mundial moderno. O conceito de “hegemonia mundial” refere-se ao poder que um Estado tem de exercer funções governamentais sobre um sistema de estados soberanos, porém esse poder é maior que somente a dominação pura e simples, também é pautado pela liderança intelectual e moral. Contudo há duas problematizações na definição:
  • Há dois sentidos no que tange a liderança:  a “liderança” pode estar atrelada à um Estado que dirige o sistema de estados para um interesse universal (dominante), e o Estado que atrai outros estados para sua trajetória de desenvolvimento. Isso aumenta a competição pelo poder e podem até coexistir por um momento, mas apenas o primeiro sentido define uma situação de hegemonia.
  • A dificuldade na definição de um interesse geral no plano do sistema interestados do que no plano dos Estados individuais.
  • As hegemonias mundiais só podem surgir quando a busca de poder por parte dos Estados não é o objetivo único da ação estatal e sim, aliado a maximização do poder perante os súditos. Ou seja, um Estado pode se tornar hegemônico mundialmente quando a expansão de seu poder em relação a alguns ou todos os outros Estados representa o interesse geral dos súditos de todos os Estados.
  • Situações como essas tornam-se possíveis por meio do “caos sistêmico”, que difere da anarquia (ausência de poder central). O caos sistêmico ocorre quando há conflito de tendências antagônicas, novas regras e normas são impostas ou a junção de ambos. Conforme aumenta, há uma demanda por uma “ordem” - seja antiga ou nova – e o Estado que tem a oportunidade de satisfazer essa demanda tem a oportunidade de tornar-se hegemônico.

As origens do moderno sistema interestados:

O sistema moderno surge diante a decadência e desintegração final do sistema de governo da Europa Medieval. De acordo com Wallerstein, a ascensão e a expansão do moderno sistema interestados é tanto a principal causa quanto um efeito da incessante acumulação de capital, florescendo diante de múltiplos sistemas políticos devido a tendência de acumuladores capitalistas mobilizar seus estados para melhorar sua posição competitiva na economia mundial. Arrighi comenta que o capitalismo e o moderno sistema interestados é formado por unidades e contradições, e isso leva a dialética territorialismo/capitalismo como lógicas de poder que precedem o sistema moderno.

  • Territorialismo: os governantes identificam o poder à extensão e ao número de habitantes de seus domínios e concebem a riqueza/capital como subproduto da busca “incessante” de expansão territorial.
  • Capitalismo: os governantes identificam o poder com a extensão de seu controle sobre recursos escassos e consideram as aquisições territoriais como subproduto da “incessante” acumulação de capital.

Arrighi cita as cidades-Estado do Norte da Itália como precursores dessas bases características do moderno sistema interestados, sobretudo Veneza, e lista quatro características essenciais:

  • Sistema capitalista de realização de guerra e de construção do Estado: Tinha uma oligarquia capitalista mercantil que manteve as mãos nas rédeas do poder estatal. As aquisições territoriais eram submetidas à análise rigorosa de custo-benefício e, em geral, concretizadas apenas como meio de aumentar a lucratividade do intercâmbio comercial da oligarquia que exercia o poder estatal. Era um Estado capitalista pleno de acordo com o Manifesto Comunista de Marx e Engels onde haveria “ um comitê para administrar as questões de toda a burguesia”.
  • Funcionamento do “equilíbrio de poder”: esse termo está ligado a três noções primordiais ao crescimento do capitalismo que é o equilíbrio de figuras como o papa e o imperador, entre as próprias cidades-Estado do Norte e os Esttados dinásticos emergentes na Europa. Esse equilíbrio de poder pode ser interpretado como um instrumento no qual os governantes capitalistas podem diminuir os custos de proteção em relação aos seus concorrentes e rivais.
  • A “indústria de produção de proteção”, isto é – a realização da guerra e construção do Estado: as cidades-Estado foram capazes de converter parte de seus custos de proteção em renda e fazer as guerras se pagassem a si mesmas. A intensificação de trocas no mercado e a circulação de dinheiro de tropas permitia que as cidades comercializassem a violência armada até o ponto de inflação de custos e dos suprimentos devido à grande duração de guerras.
  • Por fim, a diplomacia residencial: Por meio dessas redes adquiriam conhecimento e informações sobre predisposições de outros governantes para administrar o equilíbrio de poder e minimizar os custos de proteção, auxiliando também na lucratividade do comercio de longa distância.

Todos esses itens relacionados, durante um ou dois séculos, criaram uma extraordinária concentração de riqueza e poder nas mãos da oligarquia que governavam as cidades-Estado. Porém, nunca tentaram transformar o sistema de governo medieval. Somente dois séculos depois haveria um Estado capitalista que cumpria os requisitos da acumulação do capital em escala mundial e poderia beneficiar-se dessa oportunidade.

A hegemonia holandesa e o surgimento do sistema westfaliano:

No final do período medieval, a proposta territorialista, tendo França e, principalmente, Espanha como maiores exemplos, tenta minar os capitalistas ao ameaçar tomar suas rotas de comércio de longa distância, porém falham. Apenas com a expansão para outros continentes, nas Grandes Navegações, que a Espanha veio a acumular tecnologia, riqueza e poder. Contudo esta lógica estava fadada a ruir, pois a Espanha não conseguiu impor seu modelo e criou o caos sistêmico necessário para o surgimento da hegemonia holandesa e o fim definitivo do sistema de governo medieval.

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