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O Nobre Deputado

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Por:   •  14/3/2015  •  361 Palavras (2 Páginas)  •  206 Visualizações

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O assalto ao orçamento

A política é uma arte que desafia a ciência. Como a física explicaria, por exemplo, que um deputado

tem direito a dois gabinetes, em Brasília e outro no Estado de origem? E que, além disso. pode dar

posto de trabalho a até 25 secretários parlamentares. Os jornais nos criticam por isso, mas o número

deveria ser maior. Afinal, temos muitas pessoas a acomodar. E a genética, então? Algumas tentativas

de conceber lideranças políticas de proveta resultam em criaturas que não compartilham sequer um

cromossomo do pai.

Nada se compara, entretanto, àquilo que nós, os políticos, fazemos com a matemática. Quando os

números correspondem a valores em dinheiro, temos o poder de fazer com que uma quantia destinada

a obras públicas sirva também para somar recursos para a conta particular dos prefeitos e

multiplicar o caixa do partido. Quando representam a área de um hospital ou a extensão de uma

estrada, o todo se transforma em fração sem que nenhuma operação oficial tenha sido efetuada.

Obviamente, não estamos falando de mágica, embora a contabilidade muitas vezes se aproxime das

ciências ocultas. Com um bom contador, conhecimento do sistema, influência e os contatos certos, o

parlamentar encaminha habilmente para seu caixa de campanha parte do dinheiro que arrecada para

distribuir benesses em sua base eleitoral. Quando bem-feita, essa operação não atrai a atenção de

ninguém e é aprovada pelos tribunais de conta. Ninguém perde com isso.

Você já deve ter ouvido falar em emendas parlamentares, mas provavelmente nunca se interessou

de fato em saber o que elas são. A maior parte da população instruída – falo de gente que acompanha

o noticiário –, vê com profundo tédio as reportagens sobre o impasse na aprovação do orçamento,

quando parlamentares de todos os partidos e todos os Estados se digladiam para obter uma fatia

maior de recursos a serem distribuídos em seus redutos eleitorais. Sim, tudo isso é muito chato.

Quem está interessado no chororô de deputados para a obtenção de verbas que resultarão em

ambulâncias no Ceará ou em uma barragem em Santa Catarina? Nós não estamos interessados em que

você tenha interesse nisso. Quanto mais modorrenta a coisa parecer, menos fiscalização sobre nós. É

maior o espaço de manobra para obtermos verbas vultuosas que alocaremos do modo que nos for

mais conveniente.

De repente o assunto

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