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OUTRA METODOLOGIA PARA ANALISAR “O INTERNACIONAL”

Por:   •  26/11/2018  •  Resenha  •  968 Palavras (4 Páginas)  •  124 Visualizações

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OUTRA METODOLOGIA PARA ANALISAR “O INTERNACIONAL”

As relações comerciais e políticas do Estado brasileiro com outros países e órgãos internacionais vêm sendo objeto de estudos de trabalhos acadêmicos ligados principalmente às áreas das Ciências Sociais, Direito, Relações Internacionais e Economia.

Existem vários estudos sobre a questão da politica externa brasileira, mas sempre ligados as mesmas perspectivas, como a questão da polarização ocidental e a ordem mundial pos guerra fria, ou as consequências dos governos LULA E FHC no Brasil, mas não tem nenhum estudo que tenha como perspectiva teorias sociológicas de Pierre Bourdieu, por exemplo, não no contexto brasileiro pelo menos.

Adler-Nissen (2011), Bigo (2011) e Leander (2011) concordam que a perspectiva bourdiesiana pode trazer avanços as analises de relações internacionais.  A partir dessa perspectiva é possível identificar um dos principais problemas dos estudos internacionalistas contemporâneos: uma relação fraca entre teoria, metodologia e pesquisa empírica.

Um olhar bourdiesiano sobre “o internacional” vira as teorias tradicionais de relações internacionais de cabeça para baixo. Por exemplo, enquanto os neorrealistas afirmam que o sistema internacional é anárquico, um olhar bourdiesiano dirá que é hierarquizado.

Mas faz questão de destacar que a teoria bourdiesiana não faz parte da corrente construtivista na teoria das relações internacionais.

A IMPORTÂNCIA DA NOÇÃO DE CAMPO APLICADA À DEFINIÇÃO DE ESTADO PARA ESTUDAR AS RELAÇÕES SOCIAIS INTERNACIONALIZADAS

Pra começar um estudo com inspiração na perspectiva bourdiesiana você tem que compreender a ideia de Estado como campo.

Bourdieu diz: Pensar o Estado é aplicar categorizações ao Estado que são produzidas pelo próprio, principalmente através da escola.

“O Estado produz e impõe as categorias de pensamento que utilizamos espontaneamente a todas as coisas do mundo, inclusive ao próprio Estado”.( O que a gente pensa do estado, é construção do próprio). Para analisar o Estado, portanto, é necessário se colocar em questão todos os pressupostos e todas as pré-construções inscritas na realidade social que pretende analisar, e no próprio pensamento dos analistas desta realidade.

Bourdieu vai buscar em Durkheim e Hegel a noção de que o Estado funciona como uma burocracia dotada de representação do interesse coletivo e universal.

Para as Ciências Sociais terem se construído ao longo da história como independentes das pressões e demandas sociais (o que lhes garantiu o caminho em direção à “cientificidade”) elas precisaram do Estado. Mas, por isso, correm o risco constante de serem submissas ao próprio Estado e suas demandas.

O Estado é uma instituição que se integra nas estruturas sociais e mentais da população, fazendo parecer de “natural” às ações resultantes de longos e complexos processos e dinâmicas de disputas. Um exemplo disso é o das “reformas ortográficas” que acontecem de tempos em tempos em vários países: mudanças promovidas pelo Estado a uma maneira das pessoas se relacionarem com a linguagem do dia a dia.

Nestes momentos, não é raro encontrar opiniões de críticos ortodoxos da ortografia que classificam as mudanças impostas pelo Estado como um atentado à maneira “natural” de se relacionar com a linguagem. Mas essas mudanças já são o NATURAL.

Entender o Estado como campo significa entender, como estratégia de pesquisa, a necessidade da reconstrução da origem do Estado, momento que pode trazer à tona os processos que determinaram os rumos do Estado, ou a ação do Estado.

O Estado contribui para a unificação do mercado cultural ao unificar os códigos (linguísticos, jurídicos, métricos) e homogeneizar as formas de comunicação burocrática e oficial. Desta forma, o Estado molda as estruturas mentais, e impõe princípios de divisão comuns, ou seja, formas de pensar que estão para o “pensamento culto” assim como as formas primitivas de classificação de Durkheim e Mauss estão para o “pensamento selvagem” (Bourdieu, 2011a).

Isso facilita para classificarmos o Estado como identidade nacional, uma verdadeira religião cívica – destaque para o papel da escola e a universalização da educação no processo de domínio simbólico do Estado.

O reconhecimento da legitimidade do Estado não é um ato consciente e esclarecido individual. O reconhecimento é enraizado nas estruturas do indivíduo.

Grande parte das pesquisas tradicionalmente vinculadas à produção de conhecimento hegemônico da disciplina de Relações Internacionais rejeita a ideia de que o Estado não é um ator. Contudo, a sociologia de Bourdieu, entendendo o Estado como campo (metacampo), passa a pesquisar sobre quem atua dentro do metacampo Estado, por exemplo, qual é a elite dominante, como se configura essa disputa.

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