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POLÍTICA ARISTOTLE

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Por:   •  15/9/2014  •  Relatório de pesquisa  •  6.380 Palavras (26 Páginas)  •  166 Visualizações

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A POLÍTICA

ARISTÓTELES

Prefácio

Só penetramos bem as obras próximas de nós mesmos ou de nosso

tempo, pelo menos por algum aspecto.

Igualmente, só se amam os escritos cujo autor nos atrai por seu caráter e

por seu exemplo. Ora, Aristóteles, com a extrema dignidade de vida, a nobreza

de pensamento, o gosto por um justo equilíbrio, é para nós, por toda a sua

personalidade, um reconforto.

Com efeito, foi possível classificá-lo não apenas entre os "grandes

espíritos", mas também entre os "grandes corações". Na coleção de biografias

- quase de hagiografias - que levava este título, M. D. Roland-Gosselin chega a

esta conclusão um tanto inesperada: "Decididamente, não é demais dizer que

Aristóteles foi um excelente marido, um pai afetuoso e devotado, um bom

homem." Ela ilumina com uma luz bastante simpática a fisionomia do Estagirita,

cuja vida, na medida em que a conhecemos exatamente, revela poucos

acontecimentos e, afora a educação de Alexandre, é carente dos grandes

cargos que não raro acompanham os grandes livros consagrados ao Estado e

a seu governo.

Aristóteles não é nada mais do que um "intelectual", no melhor sentido da

palavra, um "letrado" que às vezes age não sem prudência, mas nunca sem

coragem ou sem retidão. Romperá com seu real discípulo depois do assassínio

de Calístenes; para retirá-la do cativeiro, desposará Pítia, sobrinha e filha

adotiva de seu amigo crucificado, Hérmias de Atárnea; com palavras tocantes,

cercará de zelos póstumos sua segunda esposa, Hérpilis, "que lhe foi muito

devotada".

Assim, por si mesmo, o homem deu testemunho do alto ideal de que está

impregnada toda a sua obra. Colocou-se naquela disposição de espírito que Paul Bureau diz ser a condição primeira de todo estudo sociológico, exigindo

daqueles que se entregaram a ele o acordo da seriedade de suas vidas com a

gravidade de suas pesquisas.

Estas qualidades morais, no entanto, não teriam por si sós feito do autor da

Política senão um estimável pedagogo e não o gênio excepcional que "entreviu

de relance os problemas fundamentais da sociologia jurídica: a

microssociologia do direito, a sociologia jurídica diferencial e a sociologia

jurídica genética"; que, mais diretamente, fundou o direito constitucional com

seus diferentes ramos, histórico, nacional, geral e comparativo; que criou a

ciência política no sentido de que, estabelecendo a dinâmica e medindo o

rendimento das instituições, ela ultrapasse o direito. Um duplo concurso de

circunstâncias era necessário para o surgimento e o florescimento dessa

prodigiosa personalidade e para, dentro do "milagre grego", realizar o milagre

aristotélico.

Em primeiro lugar, era preciso que Aristóteles fosse, senão médico - ele

sempre se proibiu de ser um profissional , pelo menos biólogo, para que, dado

desde a infância às ciências da natureza, tivesse adquirido o método original

com o qual criaria as ciências do homem em sociedade.

Como Wilhelm Oncken faz lembrar, Aristóteles era filho de um Asclepíada

chamado Nicômaco, que vivia na corte de Macedônia como amigo e médico

pessoal do rei Amimas II. Nicômaco era considerado um dos homens mais

doutos e mais cultos de sua profissão. Segundo Dió Laércio, teria escrito seis

volumes de medicina e um de física, isto é, provavelmente, de ciências naturais,

no sentido amplo da palavra. Tal ascendência foi de decisiva importância para

Aristóteles, pois a ciência médica na época se transmitia de pai para filho,

numa iniciação confidencial que começava na mais tenra infância. Assim, sua

instrução já se mostrava acabada quando Nicômaco o deixou órfão, entre

dezesseis e dezessete anos. Já estava de posse de suas concepções mestras

quando veio a Atenas para seguir os ensinamentos do divino Platão. Estava

pronto para revolucionar o pensamento de seu tempo e para prefigurar a atitude

científica de que se orgulha a sociologia contemporânea. Ele levava à pesquisa

esta abnegação que é própria do verdadeiro cientista que não chega à

conclusão senão através de um longo exame analítico, esta paciência que

escapa às tentações dos resumos brilhantes e das conclusões a priori. O Estagirita sempre prevenirá seus discípulos contra a facilidade e a presunção e,

se algumas vezes lhe acontecer, na aplicação de suas próprias regras, de

também pecar, sempre saberá voltar aos princípios essenciais do ensino

paterno. A pergunta do aluno Alexandre, que o interrogará sobre os seus

mestres,

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