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Realismo De Maquiavel

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Por:   •  29/5/2014  •  2.673 Palavras (11 Páginas)  •  367 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL

DISCIPLINA: Teoria das Relações Internacionais I

Sabrina Eggers.

Prof. Bruno Mendelski.

Realismo – sobrevivência e aumento de poder baseado na obra de Maquiavel – O príncipe.

O Realismo é uma corrente de pensamento que surgiu na Grécia Antiga, a partir da obra de Tucídides. A teoria Realista possui pressupostos similares à tangente da política internacional e possui abordagens de temas específicos, como a centralidade do Estado como um autor unitário e racional, em que o permanente conflito e o sistema anárquico estão presentes. Para os adeptos a essa concepção, a ausência de uma força acima dos Estados independentes deixa uma lacuna que limita a possibilidade de que esses agentes obtenham a assistência de um terceiro para dirimirem seus litígios.

A arena das Relações Internacionais, de acordo com esse esquema interpretativo, reproduz o cenário hobbesiano de incerteza e guerra perpétua de todos contra todos, no pré-civilizacional estado de natureza. Essa sociedade anárquica conduz ao vigente padrão comportamental patológico, em que cada unidade atua de forma egoística/não-cooperativa para obter/preservar mecanismos de detenção das capacidades de agressão das outras unidades do sistema. Além de remeter os fundamentos filosóficos à Thomas Hobbes [02], os Realistas repartem, com Nicolau Maquiavel, a dissociação entre ética/moralidade e política. Nessa espiral de incerteza e insegurança, um recinto sem comportamentos éticos e princípios morais, não há espaço para a cooperação ou mútua assistência para a promoção de seus interesses. (BAYLIS & SMITH, 2006; CARR, 1939; KEOHANE, 1986; MEARSHEIMER, 2001; MORGENTHAU, 2006; WALTZ, 1979.In MIGUEL, ViniciusValentinRaduan.A perspectiva realista na teoria das relações internacionais. Fatores estruturais no sistema político internacional.)

O Realismo vê o homem como possuidor de uma natureza ruim, principal defensor dessa teoria é Thomas Hobbes em sua obra Leviatã. Acredita no “Estado de Natureza”, isto é, egoísta, ambicioso, competitivo, conflituoso e uma disputa constante de todos contra todos (o lobo como lobo do homem) na busca de seus interesses e seu espaço. É um jogo de soma zero, no qual só se ganha se o outro perde, consequentemente gera desconfiança de ambas as partes e um ambiente hostil, uma antecipação ao ataque preventivo, que só acontece no Estado de Natureza e é uma ação condenada pela ONU. Para Hobbes, a partir desse momento da natureza humana, é necessário assinar um “contrato”, por isso é chamado de contratualista. Em sua obra “Leviatã”, Thomas Hobbes afirma que: “A competição impulsiona os homens a se atacarem para lograr algum benefício, a desconfiança garante-lhes a segurança e a glória, a reputação”. Isto é, a competição leva os homens a fazer uso da violência para se apossar de algo pessoal de outrem, como esposa, filhos, o gado. A desconfiança os leva à violência para poder defender os seus bens. Já a glória os impulsiona a fazer uso da força por motivos que para o autor, são insignificantes, como uma opinião diferente ou até mesmo uma palavra ou um sorriso de escárnio.

Segundo WalterBrugger, o Realismo pode ser definido dessa maneira:

Em oposição ao idealismo, é a concepção que afirma que o ente real existe em si, independentemente, do nosso conhecimento, que, por conseguinte, o ser não é mera produção do sujeito pensante; que o sentido do nosso conhecimento é adequar-se, é assimilar-se ao ente, apreendê-lo como ele é em si e que tal objetivo se pode alcançar, ao menos dentro de determinados limites. Seria exagero definir o “real” precisamente como aquilo que existe independentemente do nosso pensamento. Real é, antes, o que tem ser (ser real), embora este ser, exatamente como o ser de nossos atos internos e externos e de nossas operações exteriores, dependa de nosso pensamento, de nosso querer e operar. (BRUGGER, Walter. Dicionário de filosofia. In CASTRO, Thales. Teoria das Relações Internacionais, Brasília, 2012. p. 311)

As bases do Realismo são encontradas no trabalho de Tucídides: “História da Guerra do Peloponeso”, na Grécia Antiga, em que avalia a dinâmica do relacionamento entre Esparta e Atenas e elabora os princípios do equilíbrio de poder. Mais adiante, aparece em Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes uma enfatização do aspecto competitivo e conflituoso, ambicioso e predatório dos homens. Tais concepções são destacadas como elemento de poder devido a necessidade de sobrevivência, autonomia e aumento dos ganhos.

Conforme Lang, teóricos defensores do Realismo podem ser assim corretamente definidos:

Realists are either amoral analysts of the international systems who focus only on power or immoral Machiavellians who see nothing wrong with using violence and deception to advance the national interest. This, at least, is the caricature often found in critical and even some sympathetic accounts of the realist tradition.(LANG, Jr., Antony. Morgenthau, Agency and Aristotle.In CASTRO, Thales.Teoria das Relações Internacionais. Brasília, 2012. p. 312.)

Um dos principais autores defensores do Realismo é Nicolau Maquiavel, acredita na natureza ruim dos homens e vendo todo o caos que se passava na Itália no ano de 1513, escreveu sua obra intitulada “O príncipe”. Nesta, ele escreve a maneira com que os príncipes devem agir perante a sua sociedade e o que devem fazer para se manter no poder. A sua análise política é baseada apenas pelas questões práticas, as que envolvem a conquista e a manutenção do poder, através da “realidade objetiva dos fatos”.

Maquiavel lamenta os vícios humanos, os quais tornaram tais trilhas pecaminosas politicamente inevitáveis, é um moralista o qual sente “náusea moral” ao se deparar com um mundo no qual os fins políticos só podem ser alcançados através de meios moralmente maus.

Os homens, como indivíduos, buscam finalidades diversas, e cada tipo de busca precisa de uma capacitação adequada. Escultores, médicos, soldados, arquitetos, homens de estado, amantes, aventureiros buscam, cada um, seus objetivos particulares. Para possibilitar que o façam, são necessários governos, pois não existe nenhuma mão oculta que conduza tais atividades humanas a uma harmonia natural, espontânea.(MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Op. cit. p.35.)

Isto é, pela diversidade de interesses, os homens precisam de alguém que os regulem, que os

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