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Sinopse Cidadão Boilesen

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Por:   •  25/6/2014  •  361 Palavras (2 Páginas)  •  198 Visualizações

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Henning Boilesen era um dinamarquês radicado no Brasil, líder de uma grande indústria de gás. Como boa parte do empresariado paulista nos anos 60 e 70, ele financiava o regime militar por medo da “cubanização” do país – um financiamento direcionado principalmente para a perseguição de revolucionários e a tortura. Mas estes são apenas os “dados pessoais e curriculum vitae” do personagem, para usar expressões do próprio filme, pois na descrição do protagonista, também de acordo com o próprio filme, interessam em igual importância coisas do tipo “conseguiu ser um ponta-esquerda razoável, pelo menos para os padrões da Dinamarca”, ou ainda “todo mundo sabia que ele gostava mesmo é de mulatas”, com todas as piadas propositalmente inseridas aí. Quando, em algum momento de Cidadão Boilesen descobrimos que o industrial era amigo do lendário delegado Sérgio Fleury, para logo depois vermos um trecho da incorporação chanchadesca que Cássio Gabus Mendes e Helvécio Ratton assinaram em Batismo de Sangue, percebemos que ser “amigo do Fleury” para Chaim Litewski significa necessariamente ser digno do mesmo tipo de desconstrução pelo ridículo que com Ratton era puramente involuntário, mas que aqui assume caráter de matriz narrativa mesmo.

Em mais de um aspecto, Cidadão Boilesen serve como sadio contraponto a Memórias Para Uso Diário, de Beth Formaggini. Não exatamente pelo recorte temático mais óbvio (no último se tratava especificamente dos desaparecidos políticos como vítimas de um regime, e no primeiro foca-se apenas nos algozes), mas porque no fundo ambos estão tratando de um mesmo problema de ordem dramática: como filmar frontalmente os humores envolvidos durante o regime de exceção quando faltam exatamente as pessoas a quem filmar, seja porque foram mortos ou porque aqueles que mataram nunca tiveram que se encontrar, de fato, com um julgamento institucional que demarcasse ali alguma culpa? Se o filme de Formaggini lidava de maneira muito emocionante e compreensiva com essa sua incapacidade de ser mais efetivo que a campanha de amnésia coletiva que tomou a sociedade brasileira desde então (sobre isso falei melhor numa crítica do filme), Cidadão Boilesen é uma resposta, muito incisiva em seus métodos e posicionamentos, a uma outra incapacidade que é a de confrontar os carrascos de frente.

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