Voto Nulo:Protesto Ou Ignorância

Voto Nulo: Protesto ou Ignorância?

Em um momento de visível inconformismo do povo com a atuação daqueles que deveriam representa-los [representá-lo] – basta citar as manifestações de junho de 2013 contra o aumento do ônibus ou a movimentação contra a copa do mundo [Copa do Mundo] –, é pertinente discutir a validade do voto nulo enquanto continuidade dessa ideia, mas o próprio comportamento do povo (o que inclui, por exemplo, o posicionamento da Dilma e do Alckmin nas pesquisas de intenção de voto) deixa evidente que existe uma espécie de "amnésia coletiva" que, por si [só] , torna questionável a ideia do voto nulo como manifestação legítima de descontentamento e consciência política.

Nesse cenário, é mais fácil concluir que evocar a nulidade do voto faz-se mais por desconhecimento do processo e falta de perspectivas que [do que por] um protesto em si. Para o eleitor, nulo ou branco, o voto [o voto nulo ou branco] é a mesma coisa. Quantos se lembram de quem foram seus candidatos a deputados ou senadores nas últimas eleições? Quantos votaram de fato por propostas apresentadas e não pela estética da campanha? Quem se lembra do que deveria cobrar ou quais foram as propostas dos candidatos que não foram cumpridas por eles?

O voto nulo como forma de protesto, portanto se dá [protesto se dá, portanto,] quando o eleitor está informado, conhece todas as propostas apresentadas e não se identifica com nenhuma delas. Se considerarmos que vivemos em um Estado que carece principalmente de educação de qualidade e [de] informação, um eleitor que não dá seu voto a nenhum candidato (ou até quem acaba votando por uma "afinidade" que não política) está tão somente assinando um atestado de ignorância.

É impossível desacreditar do processo eleitoral sem colocar em cheque todo o sistema de leis que rege o nosso país. Nesse caso, mais que o voto nulo, um indivíduo consciente deveria adotar uma espécie de desobediência civil: a abstenção de fato com o pagamento da multa de R$ 3,50 (ou nem isso). Para a massa desinformada não há diferença entre nulo, branco ou votar no número do santinho que estiver mais próximo de sua sessão eleitoral.