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A Casa Caiada

Artigo: A Casa Caiada. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  30/8/2014  •  Artigo  •  1.443 Palavras (6 Páginas)  •  347 Visualizações

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A CASA CAIADA

Esta noite eu tive um sonho. Todo mundo tem ideia do seja sonho. A primeira definição dada pelo dicionário é: “Sonho é um conjunto de imagens que se apresentam ao espírito durante o sono”. Outras definições sugerem visão, devaneio, fantasia, ilusão. O sonho desta noite parou na primeira definição.

Em seu livro “A interpretação dos sonhos”, Freud diz que “todo material que compõe o conteúdo de um sonho é derivado de algum modo da experiência, ou seja, foi reproduzido ou lembrado no sonho – ao menos isso podemos considerar como fato indiscutível. Mas seria um erro supor que uma ligação dessa natureza entre o conteúdo de um sonho e a realidade esteja destinado a vir à luz facilmente, como resultado imediato da comparação entre ambos. A ligação exige, pelo contrário, ser diligentemente procurada, e em inúmeros casos pode permanecer oculta por muito tempo...”. Certo é que interpretar sonhos não é uma tarefa tão fácil. Mas como temos a mente fértil, podemos especular a vontade.

O sonho foi o seguinte: Eu ainda morava na casa de meus pais, mas tinha a sensação que já era casado. Saí para participar de uma reunião em casa de alguém que não consigo lembrar o nome, e demorei durante todo o dia na mesma. Não me lembro do teor da reunião, mas sei que retornava dela com um amigo, empurrando uma bicicleta e teci o comentário que havia esquecido meus documentos no local da reunião, por isso, retornei ao local, quando saia, e demorei um pouco a sair de lá. Durante o trajeto conversamos sobre diversos assuntos. Quando me aproximei da casa de meus pais percebi que a casa estava pintada de branco e apareciam as saliências do reboco que tinha sido feito de uma maneira agreste. Notei que meu pai estava todo salpicado de tinta branca e, por ter o entendimento que ele não podia mais fazer aquele tipo de serviço, questionei porque ele estava fazendo aquilo e que tinta ele usou. Ele respondeu, demonstrando cansaço e com os olhos lacrimejando: - Não tinha dinheiro para usar tinta, por isso usei cal. Percebi que duas das paredes externas mantinham a cor original, um trecho azul outro rosa. Entendi que a quantidade de cal não foi suficiente para pintar toda casa. No sonho eu tinha o entendimento que haveria uma festa e meu pai fez o que pode de melhor para ajustar o ambiente. Questionei às minhas irmãs presentes, porque deixou meu pai fazer aquilo. Uma delas me respondeu que só ele poderia alcançar as partes mais altas das paredes e pediu para fazer. Chamei meu pai, e o apoiando nos meus ombros, o conduzi até o banheiro para tomar um banho e me afastei do local. Não me lembro de mais nada sobre ele no sonho. Comecei a circular no interior da casa e percebi que a mesma estava bastante desarrumada, muitas roupas espalhadas por cima das poucas peças de móveis que existiam no local, o espaço que servia como cozinha, também bastante desarrumado. Não lembro a cor interna das paredes e se as mesmas haviam sido pintadas. Perguntei, mais uma vez, as minhas irmãs se não iriam arrumar aquela bagunça, e não obtive resposta. Na verdade a presença de minhas irmãs e da minha mãe era algo sentimental. Sentia que elas estavam presentes, mas não as via no meu sonho, as perguntas e questionamentos eram idealizados na minha mente. Ao lado da casa havia uma área grande descoberta onde aconteceria a festa familiar. Alguns sobrinhos aproveitavam o espaço vazio para brincar com suas bicicletas. Ouvi de um deles o seguinte comentário: “Lá onde moramos ninguém tem uma bicicleta tão bonita quanto a nossa, as nossas são as mais bonitas”. Realmente, vi duas delas bastante bonitas que chamavam atenção pela forma e cor. Tornei perguntar, não sei a quem, se não deveriam arrumar as cadeiras para a reunião e pedi, talvez só em pensamento, que os meninos liberassem o espaço para possibilitar a arrumação. Não me lembro de mais nada. Sabe, aquele sonho que termina sem ter fim, foi assim!

Freud disse que os sonhos não devem ser assemelhados aos sons desregulados que saem de um instrumento musical atingido pelo golpe de alguma força externa, e não tocado pela mão de um instrumentista; eles não são destituídos de sentido, não são absurdos. Para ele os sonhos são fenômenos psíquicos de inteira validade, realizações de desejos; podem ser inseridos na cadeia de atos mentais inteligíveis de vigília; são produzidos por uma atividade mental altamente complexa.

Mas como interpretar esse sonho? Onde estão os atos inteligíveis? Meus pais estão mortos, minhas irmãs eu sei que existem, mas não vislumbrei os seus rostos no sonho, os sobrinhos que brincavam não foram identificados, não consegui encontrar nem ter o sentimento da presença de nenhum outro irmão e a reunião familiar prevista não aconteceu. Talvez a casa caiada seja apenas devaneio da minha mente de um sentimento de família, de comunhão, de solidificação daquilo que meu pai desejou deixar um dia. Pode ser um sonho de conveniência que pretende encher a falta que faz aquele momento deixado por meu pai.

Não quero ser chamado de sonhador, pois não tenho nenhuma pretensão

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