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A NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO

Por:   •  24/4/2018  •  Resenha  •  2.095 Palavras (9 Páginas)  •  296 Visualizações

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INTRODUÇÃO: A NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO

Os autores defendem que o recurso interpretativo é, muitas vezes, utilizando de maneira excessiva pelo estudioso das escrituras, mesmo quando a maior dificuldade em uma passagem bíblica não está em compreender o seu significado, mas em obedecer àquele comando na prática cristã diária. Esse excessivo zelo interpretativo pode ser entendido pelo leigo como uma tentativa dos especialistas em monopolizarem a compreensão das escrituras, o que pode gerar, não sem fundamento, uma insatisfação entre alguns cristãos sinceros.

Os autores argumentam que o objetivo da boa interpretação não deve ser a originalidade, mas chegar ao significado mais claro do texto; que se por um lado pode parecer que a simples leitura de qualquer texto será capaz de suprir o leitor com toda clareza necessária, um olhar mais apurado revelará que esta é uma visão simplista e que tanto a natureza do leitor quanto a natureza do texto bíblico podem afetar diretamente seu correto entendimento. Como leitores temos a tendência a confundir o que entendemos com a real intenção do Espirito Santo ou do autor humano, o que pode levar às heresias baseadas na descontextualização de trechos das Escrituras que precisam ser interpretados a partir de diversas perspectivas: dentro do seu contexto histórico-cultural e literário, no significado que as palavras tinham para aquele determinado povo no tempo em que foram escritas ou pronunciadas etc. Interpretar, então, é compreender o significado original (ou significado pretendido) do que foi dito ao público destinatário do texto (exegese) e transpor essa compreensão do texto para o agora (hermenêutica), sem pretender transformar ou acrescenta a ele um significado que nunca foi pretendido pelo autor.

FERRAMENTA BÁSICA: UMA BOA TRADUÇÃO

Os autores defendem que, uma vez que a Bíblia foi escrita em línguas que a maioria das pessoas não domina, boas traduções para a língua do leitor são fundamentais para a correta compreensão do texto bíblico; que uma boa tradução pode ser utilizada como base, mas que a comparação entre várias boas traduções dará ao intérprete uma visão mais clara das passagens onde houve maior dificuldade na escolha de uma entre as diversas opções exegéticas.

Sendo que não existe nenhum manuscrito original os autores explicam que os tradutores enfrentam opções de caráter textual e de caráter linguístico. O caráter textual diz respeito à crítica textual do material disponível: comparação das variantes textuais, local e época de produção das cópias bem como possíveis erros de grafia que podem causar significativas mudanças de significado. O caráter linguístico diz respeito às opções verbais e gramaticais entre a língua-fonte (original) e a língua-alvo para a qual se pretende traduzir o texto: diferenças de significado tanto cultural quanto histórico, e também quanto ao objetivo da tradução, se mais formal (mais literal, preservando as palavras e gramática mais próximas da língua-fonte) ou se mais funcional (preocupação maior com o significado do que estaria sendo transmitido, com palavras e gramática mais próximas da língua-alvo). Os autores defendem que a melhor teoria de tradução é aquela que torna acessível e tão fiel quanto possível o texto na língua-alvo, sem deixar de lado, contudo, a fidelidade ao significado do texto na língua-fonte.

ESPÍSTOLAS: APRENDENDO A PENSAR CONTEXTUALMENTE

Os autores aludem ao fato de que a interpretação das epístolas pode parecer fácil, visto que boa parte do que dizem parecem ser de orientações práticas para a vida da igreja e dos crentes, mas que tal facilidade interpretativa pode ser apenas ilusória. As epístolas tem em comum o fato de que foram escritas no primeiro século e que surgiram devido a uma ocasião específica, como algum comportamento ou doutrina que precisava ser corrigido. Elas foram ocasionais. Não se nega sua inspiração pelo Espírito Santo ou sua possível aplicação a todos os tempos, entretanto é importante identificar em que contexto (histórico, político, social, religioso etc) o autor e os destinatários originais estavam inseridos. É necessário definir seu contexto histórico, seu contexto literário e identificar se há e quais são as passagens problemáticas da epístola.

Usando a primeira epístola aos Coríntios como exemplo, os autores orientam sobre como deve ser lida e como fazer anotações buscando descobrir sobre a problemática que uma epístola responde: 1) a quem foi endereçada a epístola (origem, condição social etc), 2) as atitudes do apóstolo, 3) quaisquer especificidades mencionadas quanto a ocasião para a qual foi escrita, e 4) as divisões naturais e lógicas da carta. Também ressaltam que aprender a pensar em parágrafos é a chave para compreender os argumentos das epístolas.

EPISTOLAS: QUESTÕES HERMENÊUTICAS

Os autores refletem que a hermenêutica, sendo a busca pelo significado e pela possibilidade de aplicação prática do texto para nossos dias, é o ponto crucial do estudo da Palavra de Deus e que, por isso, é mais complexa do que a exegese visto que todos que leem um texto o interpretarão e tirarão dele conclusões, ainda que não tenham feito nenhum trabalho exegético sobre ele, ou que nem saibam o que exegese significa. A isso chamam de “hermenêutica do senso comum” . Argumentam que o principal problema neste tipo de hermenêutica é a falta de consistência, visto que aspectos como “herança teológica, tradições eclesiásticas, normas culturais ou preocupações existenciais” fazem que o leitor acabe por ser seletivo em relação a alguns textos, ignorando-os propositalmente, já que estes poderiam causar dificuldades em sua própria maneira de entender e aplicar uma mensagem. E é justamente esse o motivo pelo qual esse tipo de hermenêutica é problemático.

Os autores sugerem que há quatro problemas ou enfoques a serem enfrentados nesta questão: problema dos limites da aplicação, problema das peculiaridades não comparáveis, problema da relatividade cultural e problema da teologia. O primeiro enfoque trata de características comparáveis e contextos comparáveis entre as situações na igreja do século I e no século XXI e sobre a aplicação ser feita apenas nos limites da intenção original do texto. O segundo enfoque é sobre situações “genuinamente comparáveis” onde questões indiferentes não sejam confundidas com questões importantes. O terceiro enfoque diz respeito a compreender onde as epístolas oferecem uma tratativa de caráter relativo a normas de comportamento e cultura para aquele momento histórico específico e onde, de fato, elas estão

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