AGOSTINHO E A DIALÉTICA DAS DUAS SOCIEDADES

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Campus de Ciências Humanas – CCH

Curso: Ciências Sociais

Ciência Política II

Professora: Gleiciane Silva Vieira De Sousa

Aluno: Daniel Olimpio Albuquerque

RESUMO: AGOSTINHO E A DIALÉTICA DAS DUAS SOCIEDADES

Agostinho foi bispo de Hipona no norte da África, E incansavelmente defendia o cristianismo como única e verdadeira religião. E por isso foi contra as outras religiões de seu tempo e também contra o paganismo que ainda existia no Império Romano de sua época.

Depois de Roma ter sido saqueada pelos visigodos, os pagãos questionaram o cristianismo vigente em Roma. Agostinho decidiu escrever a obra A Cidade de Deus contra os opositores, os pagãos, durante o tempo de calamidades e ameaças para fortalecer a fé dos cristãos. Mostrando assim as diferenças entre a cidade de Deus e a cidade dos homens.

Influenciado pelos escritos do filósofo romano, Cícero, Agostinho define uma cidade com homens em mútua harmonia. Para ele a cidade não era constituída unicamente de estruturas materiais, mas primeiramente de cidadãos. O homem não se via somente como cidadão a serviço de uma pátria terrena, mas também como membro de uma sociedade espiritual junto a Deus. Agostinho fala sobre duas sociedades, uma que levaria os homens junto aos anjos maus e outra junto aos anjos bons. E para ilustrar seu pensamento Agostinho utiliza a passagem bíblica onde menciona Caim que pertence à cidade dos homens matando por inveja Abel que pertence a da cidade de Deus. Assim é a visão que o bispo tem entre os cristãos e os pagãos. Os irmãos como seres racionais, nascidos de um mesmo pai, mas que têm duas vontades radicalmente diferentes. Uma cidade a serviço de Deus e seus anjos e outra servidora do diabo e dos seus demônios. Duas cidades aparentemente misturadas, tanto na Igreja quanto na sociedade temporal, elas se separariam no juízo final.

A cidade de Deus é definida como: Cidade celeste, cidade redimida, sociedade dos santos, cidade peregrina, gloriosa cidade, santa cidade, Jerusalém celeste, Jerusalém suprema, cidade de Cristo.

E a cidade terrena é definida como: A Babilônia, na qual existia a desordem, confusão e divisão de línguas, cidade ímpia, cidade adoradora de demônios, cidade inimiga, cidade do diabo, cidade diabólica.

Agostinho afirma que somente existe verdadeira justiça onde se houver culto cristão. Quando ele fala das duas cidades ou sociedades ele quer expressar a existência de duas comunidades motivadas por atitudes mentais e morais divergentes.

Para Agostinho nas sociedades em que o cristianismo não é a verdadeira religião não poderá haver justiça, povo e estado. Agostinho afirma que os que não são habitantes da cidade celestial, referindo-se aos pagãos, estão excluídos da uma sociedade justa, da unidade religiosa, da ordem do Estado, da felicidade e da salvação eterna. Somente existe a unidade social e política em sociedades que aderiram ao cristianismo. As outras são para Agostinho sociedades em estado de anomia religiosa, social e política.

A representação feita por Agostinho da cidade diabólica vai além do Estado Romano, em sua forma republicana ou imperial. A cidade celestial e do diabo não podem ser vistas como entidades empíricas e nem identificadas em seu sentido geográfico. São cidades simbólicas que englobam todo o gênero humano, portanto transcendem as fronteiras materiais dos estados ou impérios.

Para Agostinho, o valor de uma cidade se mede pelo valor dos objetos que amam. Os membros da cidade diabólica amam a glória humana e, ao contrário, os membros da cidade de Deus amam as coisas celestiais. Significam que entre os cidadãos da cidade do diabo predomina o amor às coisas temporais e entre os cidadãos da cidade celestial existe apenas o amor a Deus na caridade.