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Comentarios Religiosos

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Por:   •  6/6/2013  •  1.341 Palavras (6 Páginas)  •  1.209 Visualizações

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Apesar dos espetaculares encontros de Concílio Vaticano II, os pontificados de João Paulo II e de Bento XVI foram muito cautelosos com relação às pesquisas teológicas sobre a pluralidade religiosa, por medo, sem dúvida, de que estas agravassem o "relativismo ambiente". Mas o novo papa, escolhendo o nome de Francisco, não podia deixar de pensar no diálogo arriscado com o Islã empreendido pelo seu modelo, o santo da Úmbria.

A análise é de Josselin Tricou, publicada na revista Témoignage Chrétien, 15-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A persistência das outras religiões é um "sinal dos tempos". Esse é o grito de fé lançado por Paul Knitter. Mas, ao contrário da convicção atual, os Padres conciliares não deram uma verdadeira justificação teológica para essa afirmação. Como todo concílio, ele se contentou em colocar marcos dentro dos quais pesquisa teológica e ação pastoral tendem a procurar livremente por soluções.

Um sinal dos tempos? Essa expressão evangélica (Mt 16, 3) tornou-se um verdadeiro conceito teológico desde que foi usada no prefácio da constituição conciliar Gaudium et Spes (GS, 4): "4. Para levar a cabo esta missão, é dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas".

Explicitado algumas linhas antes, essa "missão" da Igreja é "continuar, sob a direção do Espírito Consolador, a obra de Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar e não para julgar, para servir e não para ser servido" (GS, 3).

Porém, por 20 séculos, a pluralidade religiosa não foi considerada de forma positiva. Ela parecia ser um erro humano que era preciso reabsorver pela ação missionária. A essa visão "exclusiva" da verdade ("Fora da fé cristã não há verdade") e "eclesiocêntrica" da Salvação ("Fora da Igreja não há Salvação"), o Vaticano II opôs, portanto, um visão "inclusiva" da verdade e "cristocêntrica" da Salvação, segundo a qual "a Igreja católica nada rejeita do que nessas religiões existe de verdadeiro e santo" (Nostra Aetate, 2).

Qual é o papel de Cristo?

As outras religiões apresentam "sementes do Verbo", "raios da verdade". A Igreja, "sacramento de Salvação", torna visível, contudo, a verdade na sua plenitude na pessoa de Cristo, rosto definitivo do Deus salvador.

Mas o Concílio deixou em aberto algumas perguntas: como se articulam a pluralidade religiosa e a unicidade da verdade da Salvação? Exceto o judaísmo, Deus se contenta com essa pluralidade ou a desejou plenamente? E, se a quis, qual função desempenha a pluralidade na economia da Salvação? Como pensar, então, o papel mediador de Cristo?

Os teólogos do fim do século XX já abriram pistas de resposta. Eis aqui, rapidamente, três tentativas célebres entre várias outras.

A primeira é de Paul Knitter, professor de teologia católica em Nova York. No livro No Other Name? (1985) ele propunha que se voltasse a um "teocentrismo" radical (um modo de pensar a fé centrado em Deus). Deus seria como o sol no sistema copernicano, e as religiões gravitariam em torno dele como planetas.

Qual é, então, o papel de Cristo? A resposta de Knitter: "Só Deus salva". É preciso relativizar a salvação em Jesus Cristo. Cristo seria efetivamente uma mediação, uma via normativa para os cristãos, mas não seria uma via exclusiva de Salvação. Podemos entender que a teologia de Knitter foi criticada por Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé sob João Paulo II.

Crer como Jesus

A segunda proposta é a de John Hick, teólogo protestante liberal e amigo de Knitter. Poder-se-ia sintetizar o seu livro The Metaphor of God Incarnate (1939) com o célebre lema: quando o sábio mostra a lua com um dedo, o tolo olha para o dedo! Segundo Hick, de fato, não se trata de crer em Jesus (olhar para o dedo), mas sim de crer como Jesus (olhar para o que o sábio mostra com o dedo). Se Jesus agiu sob o impulso do Espírito de Deus, ele não pregou a sua pessoa, mas sim a vinda do reino de Deus: eis a Salvação.

Hick convida, portanto, à imagem do próprio Jesus, a passar de um cristocentrismo a um "reinocentrismo" (um modo de pensar a fé centrado no Reino). E, quando a Igreja diz ser o povo eleito de Deus, ela se equivoca. O povo eleito de Deus, nos lábios do próprio Jesus, não é a Igreja, mas sim os pobres (cf. o Juízo Final).

Outro problema: Jesus é "da mesma natureza do Pai"? Resposta de Hick: a Igreja teria passado progressivamente do uso claramente metafórico que os evangelhos fazem da expressão "filho de Deus" para uma interpretação literal e metafísica.

Portanto, para Hick, o cristianismo deveria ser menos uma "ortodoxia" (uma crença reta) e mais uma "ortopraxia" (uma prática reta), que permite um acesso a uma ética global: a Regra de Ouro ("Faze aos outros o que gostarias que fizessem a ti"),

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