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Devoção Aos Deuses

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Por:   •  6/4/2014  •  Resenha  •  8.469 Palavras (34 Páginas)  •  318 Visualizações

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- A DEVOÇÃO AOS DEUSES –

Talvez os termos "Espiritualidade" ou "Religiosidade" sejam mais adequados do que "Religião" para definir a devoção aos deuses. Assim sendo, A Devoção aos Deuses é uma espiritualidade baseada nos princípios filosóficos e religiosos da antiguidade clássica, por isso ela também é conhecido como paganismo greco-romano.

A Devoção aos Deuses não é uma religião ortodoxa, mas é definida como ortopraxia, ou seja, é uma religião sem dogmas específicos, sem texto divinamente inspirado, mas com uma longa e rica tradição de práticas, cujos devotos partilham de uma mesma visão, cultura e corpo de conhecimentos sobre o mundo e nossos Deuses.

Embora seja um sistema essencialmente ortoprático, a Devoção aos Deuses foi (e é) flexível o suficiente para mudar ao longo do tempo e se adaptar à evolução das necessidades dos devotos. Isso mostra que ela foi (e é) uma força vital, e não simplesmente uma tradição estéril, limitada.

PRIMEIRA PARTE

NOSSAS CRENÇAS

- NO PRINCIPIO –

Antes de verdadeiramente existirem os deuses cósmicos e princípios universais, existe uma divindade imóvel residindo na solidão de sua própria unidade: o Uno (En). Mais Além do Uno não há mais nenhum outro principio; porque a unidade é idêntica ao Bem e é, portanto o principio (arché) de todas as coisas.

Perfeito como é (o Uno), posto que nada procura, nada possui, de nada precisa. Ele transborda por assim dizer. E a sua exuberância da origem a realidade. Não por um ato consciente de criação, mas por emanação: que é o processo pelo qual uma realidade sai da outra por superabundância (como o calor emana do fogo).

Assim como a luz, sem deixar de ser luz, decai em intensidade à medida que se afasta da fonte luminosa, também o processo emanatório principiado pelo Uno constitui, sucessivamente, camadas cada vez mais esmaecidas de realidade. Dos sutilíssimos estratos espirituais à mais densa materialidade, a realidade apresenta-se, assim, como um todo unitário, porém hierarquicamente estruturado: uma grande corrente do ser, ao mesmo tempo única, mas constituída por diversos elos.

O Uno é imperecível e supremo. É a emanação que da origem a todos os seres. O Uno é todas as coisas e não é nenhuma delas. Imperceptível, inimaginável, inconcebível; nenhum predicado lhe cabe. É transcendência absoluta e escapa ás comparações com as categorias humanas, inclusive a categoria do ser. O homem não consegue alcançá-lo por meio dos sentidos, da imaginação ou do pensamento. Portanto não se pode indagar sobre o Uno, investiga-lo ou pesquisa-lo por meio da razão. Depois deste inexprimível poder vêm as ordens dos Deuses.

- A ORDEM DOS DEUSES –

Dentre os Deuses, alguns são do mundo, alguns são cósmicos, e alguns são hipercósmicos. Por cósmicos, quero dizer aqueles que fazem o mundo. Dos Deuses hipercósmicos, alguns fazem a Essência dos Deuses, alguns o Intelecto, e alguns a Alma. Portanto, eles têm três ordens e podem ser todos encontrados nos respectivos tratados.

De entre os Deuses cósmicos alguns fazem com que o mundo seja, outros animam-no, outros harmonizam os seus diferentes elementos; e um quarto tipo de Deuses mantêm-no em harmonia. Estas são as quatro ações, tendo cada uma delas um começo, um meio e um fim, sendo necessariamente doze os que governam o cosmos.

Aqueles que fazem o cosmo são Júpiter, Netuno e Vulcano; Aqueles que o animam, são Ceres, Juno e Diana; Aqueles que o harmonizam, são Apolo, Vênus e Mercúrio; e aqueles que por ele zelam, são Vesta, Minerva e Marte.

Pode ver-se sugestões secretas de tudo isto nas imagens dos Deuses: Apolo toca uma lira; Minerva está armada; e Vênus está nua, porque harmonia cria beleza e a beleza nas coisas visíveis não está encoberta. Enquanto estes doze possuem o cosmo no sentido primário, devemos considerar que os outros Deuses estão contidos neles. Baco em Júpiter, Esculápio em Apolo e as Graças em Vênus, por exemplo. Assim, as ordens, os poderes e as esferas dos doze Deuses foram explicadas e são celebradas em Hinos.

Os Deuses são bons, livres de paixões e livres de alterações. Gozam de uma felicidade inalterável no seio da unidade (En), porque não estão sujeitos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material; mas, esta felicidade não é, absolutamente, a de uma ociosidade monótona vivida numa perpétua contemplação.

Eles (Os Deuses) comandam todas as almas, ajudam-nas a se aperfeiçoar e lhes designam sua missão. Assistir os homens no seu desespero concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os afastam da felicidade suprema, constitui para eles uma suave ocupação. Assim, dum modo misterioso, toda a nossa vida com os deuses é uma continua procura, em que dois amantes, nós e os deuses, se buscam mutuamente.

Todo este zelo pelo mundo é tomado pelos Deuses sem qualquer acto de labor. Tal como os corpos que possuem algum poder produzem os seus efeitos pelo simples facto de existirem, como por exemplo o Sol, que dá luz e calor pelo simples facto de existir, também e muito mais ainda, a Providência dos Deuses actua sem esforço para si própria e para bem dos objectos da sua previdência.

- SOBRE OS MITOS –

Podemos então inquirir porque é que os antigos deixaram de lado estas doutrinas e fizeram uso de mitos. Há um primeiro benefício que os mitos dão, que é o de termos de estudar e não ficarmos com as mentes preguiçosas.

Que os mitos são divinos, podem ser vistos pela qualidade dos que os usaram. Os mitos foram usados por poetas inspirados, pelos melhores de entre os filósofos, por aqueles que estabeleceram os Mistérios, e pelos próprios Deuses em oráculos.

Mas é dever dos filósofos inquirir sobre o porquê da divindade dos mitos. Uma vez que todas as coisas vivas se alegram perante o que lhes é semelhante e rejeitam o que lhes é dessemelhante, as histórias sobre os Deuses devem ser como os Deuses, para que possam ser dignas da divina essência e dispor bem os Deuses em relação aos que com Eles falam: o que só pode ser feito através de mitos.

Os mitos representam

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