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Vida Religiosa

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Por:   •  29/4/2014  •  1.583 Palavras (7 Páginas)  •  344 Visualizações

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XXIII AGE CRB

Brasília, 15 a 19/07/2013

Sinais e mediações que anunciam Vida

Reflexão sobre Lc 24,13-24

Delir Brunelli

delirbrunelli@gmail.com

Esta reflexão continua a abordagem iniciada por Pe. Élio Gasda, sobre a primeira parte do relato de Lucas a respeito dos discípulos de Emaús, e se concentra, principalmente, nos versículos 22-24:

É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto... Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo de Jesus. Então voltaram dizendo que tinham visto anjos, e estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas ninguém viu Jesus. (Lc 24,22-24).

Túmulo vazio... anjos... mulheres...

Foram muitos os sinais e as mediações que nos falaram de VIDA nesses últimos 50 anos, ou seja, após o Concílio Vaticano II.

No Brasil, a Vida Religiosa Apostólica deu passos significativos na opção pelos pobres, sob o impulso do Espírito, animada pelas propostas das Conferências de Medellín e de Puebla, e também pelas orientações da CNBB, CLAR e CRB. A expressão privilegiada da opção pelos pobres foi, sem dúvida, a inserção nos meios populares, mas outras formas também foram sinais proféticos: a presença ativa nas CEBs; a participação nas lutas em defesa dos direitos humanos, sociais e políticos; a busca por melhores condições de vida para os menos favorecidos; o compromisso com a paz e com a justiça socioambiental...

O despertar da consciência histórica e da consciência crítica possibilitou a encarnação na realidade de uma forma nova. Muitos meios e estratégias foram usados neste sentido, incluindo a contribuição de outras ciências. Foi um tempo fecundo de busca, aprofundamento, novas descobertas. A Palavra Deus, ouvida em novo contexto, iluminou todo o processo, e a Teologia da Libertação lhe deu legitimidade.

O caminho percorrido no pós-concílio permitiu à Vida Religiosa Apostólica redescobrir sua vocação missionária. Um deslocamento de eixo que mexeu com toda a constelação de elementos que compõem esse estilo de vida. Houve momentos de grande beleza, esperança e vigor apostólico. Chegamos a afirmar que a Vida Religiosa Latino-Americana tinha ultrapassado os limites de uma previsível adaptação ou atualização, e estava surgindo uma nova figura histórica. O termo “refundação”, usado especialmente na década de 1990, teve este sentido.

Em 2001, no entanto, Pe. Carlos Palácio escrevia: “Ao contemplar o que tem sido a evolução da Vida Religiosa nas quatro últimas décadas, chama-nos a atenção sua decidida vontade de se transformar para ser fiel às origens, e sua aparente incapacidade de ir até o fim ou, talvez, de chegar a formular onde reside seu verdadeiro problema para poder enfrentá-lo.”

A Assembleia Geral Eletiva da CRB, em 2007, adotou como lema: Diga a esta geração, avance! (Ex 14,15). Naquela ocasião nos perguntávamos: a Vida Religiosa Apostólica terá coragem de entrar no mar fluido e disforme e fazer a travessia? Conseguirá despojar-se de velhas certezas e seguranças, para fazer novas alianças e parcerias, enveredar por outros caminhos?

O seminário realizado pela CRB em fevereiro de 2012 confirmou o que foi repetido várias vezes nos últimos anos: o modelo de Vida Religiosa Apostólica que temos hoje está esgotado. O alvo que buscamos nas últimas décadas não foi atingido. Novamente Carlos Palácio dizia naquele seminário: “A busca do ‘núcleo identitário’ do qual dependem o sentido, a razão de ser e o futuro da Vida Religiosa Apostólica não encontrou ainda uma resposta satisfatória. As mudanças e as reformas, por mais necessárias e importantes que tenham sido, se esgotaram em aspectos contingentes, nem sempre centrais, incapazes de levar-nos à reconstituição da identidade específica da Vida Religiosa Apostólica como tal, de maneira visível e significativa.”

Por que não conseguimos dar os passos seguintes? Os discípulos de Emaús têm algo a nos dizer nesse aspecto?

Equívoco na esperança

Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel... (Lc 24,21).

Os discípulos não dizem “não esperávamos que isso fosse acontecer”, mas “nós esperávamos que...”. A decepção maior não é pelo que aconteceu, mas pelo que não aconteceu. Na esperança dos discípulos, Jesus resgataria o antigo Israel. Haveria paz, prosperidade, glorificação do povo judeu em meio às nações. Uma esperança em continuidade com a tradição, segundo o paradigma de vários séculos. Mas não era este o paradigma que regia a nova proposta de Jesus. Há um equívoco na esperança dos discípulos.

O que a Vida Religiosa esperava com a renovação pós-conciliar, com todos os passos que deu nesse período? Esperava manter ou recuperar o prestígio que tinha no final do século XIX e início do século XX? Esperava apoio e visibilidade social e eclesial? Esperava muitas novas vocações? Isso não aconteceu!

A Vida Religiosa Apostólica pré-conciliar gozava de uma ampla aprovação da sociedade e da Igreja institucional, e estava acostumada a obter êxitos. As grandes obras eram motivo de orgulho para as congregações religiosas, para a Igreja e para as próprias comunidades locais. Permitiam exercer o apostolado, garantiam a continuidade da cultura cristã e atraíam vocações.

As mudanças ocorridas após o Vaticano II, em especial na América Latina, não tiveram a mesma aprovação social. A opção pelos pobres, a inserção nos meios populares, a defesa dos direitos humanos e da justiça socioambiental... criaram tensões, resistências e até sérios conflitos. Fizeram mártires. Houve desaprovação de setores da Igreja e da própria Vida Religiosa.

A inserção ativa da Vida Religiosa Apostólica em comunidades eclesiais e a maior preparação bíblica, teológica e pastoral da Vida Religiosa feminina também não tiveram o desfecho esperado. O espaço eclesial mais fecundo, aquele das CEBs, foi se tornando raro ou fragilizado. Comunidades religiosas foram dispensadas do serviço pastoral nas paróquias e dioceses; outras permaneceram, mas tiveram que se ajustar a um espaço mais reduzido, a uma Igreja mais tradicional. Religiosos presbíteros preferiram passar para o clero diocesano.

A reflexão sobre a Vida Religiosa em suas várias dimensões

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