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A INTERNET E A LEITURA NO ENSINO MÉDIO

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Por:   •  12/10/2013  •  3.373 Palavras (14 Páginas)  •  746 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.”

Mario Quintana

Ler: interpretar, compreender o sentido do que está escrito. Um verbo que em sua transitividade nos remete a busca de sentido. Ler não é só decifrar códigos alfanuméricos que representam fonemas, ler é compreender um sentido, ler é interpretar idéias. João Wanderley Geraldi (Geraldi 1997) ao falar de leitura afirma que:

A leitura é um processo de interlocução entre leitor/autor mediado pelo texto. Encontro com o autor, ausente, que se dá pela sua palavra escrita. Como o leitor, neste processo, não é passivo, mas é o agente que busca significações, o sentido de um texto não é jamais interrompido, já que ele se produz nas situações dialógicas ilimitadas que constituem suas leituras possíveis.

Assim, ler é muito mais que decodificar o alfabeto, juntar letras, formar silabas e construir palavras. As letras/fonemas são apenas instrumentos os quais são usados por o autor e o leitor para que haja a comunicação. No entanto, nota-se que muitos educadores não se preocupam em ensinar “a busca de sentido” do texto e só a sua mera decodificação; segundo Ezequiel Theodoro Silva “a leitura levanta-se como uma grande fonte de inquietação dentro do cenário educacional brasileiro – como um grande enigma, por assim dizer.” (Silva 1998).

Termos perturbadores para um país em franco desenvolvimento como o Brasil. A leitura, por ser uma habilidade que exige muitas funções cognitivas, exige para seu desenvolvimento, muitas experiências pessoais do indivíduo. (Silva 1998) afirma que a leitura deve ser trazida para a sala de aula como instrumento de participação e renovação cultural, pois as crianças nunca chegam à escola num estado de ignorância, mas podem chegar analfabetas. Segundo o mesmo autor, a leitura está presente em todos os níveis educacionais da sociedade letrada e sua aquisição se inicia formalmente, no período de alfabetização, quando a criança começa a compreender o significado da mensagem registrada no papel.

Assim, a leitura assume o seu papel fundamental, instrumento usado para partilhar ideias, partilhar conhecimento, informações. A leitura é algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através dela que o indivíduo enriquece seu vocabulário, obtém conhecimento, dinamiza o raciocínio e a interpretação. É através da leitura que o indivíduo pode chegar ao conhecimento, não mais aquele de decodificar sinais, mas, física, matemática, cultura, ciência, política, filosofia e tudo o que a humanidade já descobriu.

Hoje, vivemos em uma sociedade letrada, que com o advento das novas tecnologias encontra-se na era da informação. Ler e interpretar textos são requisito básico para se viver neste mundo em que tudo está escrito. Segundo (Takahashi 2000), com a universalização de acesso às tecnologias de informação e comunicação surgiu um novo paradigma global no qual o acesso aos serviços informacionais tem se tornado, cada vez mais, condição necessária para inserção social dos indivíduos como cidadãos.

No âmago dessa definição infere-se que formar leitores é muito mais importante que “informá-los”. Acrescentando o pensamento “Quem não lê; mal ouve, mal vê, mal fala”. de Monteiro Lobato pode-se verificar que a leitura, mais do que nunca, assumiu um papel vital para o desenvolvimento do homem moderno.

Há dez anos, poucos imaginavam que a internet se tornaria um instrumento de primeira necessidade. E essa evolução mudou a sociedade, os hábitos e até mesmo a forma em que o homem vê o mundo. Temos mapas, fotos, informações do mundo inteiro a qualquer momento e a qualquer hora.

Jay David Bolter (Bolter 1991) diz que, a introdução da escrita conduziu a uma cultura letrada nos ambientes em que a escrita floresceu. Tudo indica que hoje, de igual modo, a introdução da escrita eletrônica, pela sua importância, está conduzindo a uma cultura eletrônica, com uma nova economia da escrita. Basta observar a quantidade de expressões surgidas nos últimos tempos com o prefixo “e-“ como bem observou (Crystal 2001).

Toda a informação do mundo sendo textualizada, Segundo (Yates 2000) com as novas tecnologias digitais, vem-se dando uma espécie de “radicalização do uso da escrita” e nossa sociedade parece tornar-se “textualizada”, isto é, passar para o plano da escrita.

Assim pode-se concluir que há também uma “radicalização da leitura” e isso se deve por a simples lógica de que, se tudo está escrito, tem que ser lido. Entretanto a leitura que a internet proporciona aos seus usuários é bem diferente; um livro tem início, meio e fim, uma página após outra, mesmo que tenha figuras e outros recursos visuais, ainda é linear, pois exige do leitor uma continuidade para que haja entendimento do texto; já a internet oferece um texto dinâmico, que faz os olhos saltarem por toda a tela, chamado hipertexto.

Ao longo desse estudo, além dessas diferenças pretende-se abordar o impacto que esse novo tipo de leitura terá nos jovens do ensino médio, jovens que cresceram com essas novas tecnologias, jovens que são sem dúvida a primeira geração a ter a acesso integral a internet e seus recursos ilimitados.

1.1. Problema

A internet pode influir sobre os hábitos de leitura dos estudantes do ensino médio? Geralmente ao alcançar o ensino médio os jovens têm entre quinze e dezoito anos uma faixa etária em que o uso de computadores, tablets, smartphones e outros dispositivos interligados a internet se intensifica exponencialmente, redes sociais, jogos, aplicativos de mensagens instantâneas, mapas, vídeos, blogs, buscadores, sites de notícias e outros recursos da internet, são utilizados demasiadamente por esses estudantes.

Esse novo fenômeno cria hábitos novos, posto que estes jovens passam a maior parte do tempo conectados a internet e seus conteúdos dinâmicos, o hipertexto presente nestes conteúdos, faz com que o leitor tenha uma experiência nova quanto a leitura;

Se ler consiste em hierarquizar, selecionar, esquematizar, construir uma rede semântica e integrar idéias adquiridas a uma memória, então as técnicas digitais de hipertextualização e de navegação constituem de fato uma espécie de virtualização técnica ou de exteriorização dos processos e leitura (Lévy, 1996)

Assim, como o hipertexto pode influir no desenvolvimento da leitura desses jovens? É fato e certo que o Brasil nunca foi uma pátria de

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