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A obra cinematográfica não adapta só um conto, mas teorias filosóficas essenciais da grade escolar brasileira.

Por:   •  14/4/2016  •  Resenha  •  720 Palavras (3 Páginas)  •  429 Visualizações

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Sopa filosófica elíptica

A obra cinematográfica não adapta só um conto, mas teorias filosóficas essenciais da grade escolar brasileira.

O filme “o homem que sabia javanês” que foi às telas de cinema no ano de 2004, é derivado de um conto, publicado em 1911, do grande romancista brasileiro Lima Barreto. Dirigido por Xavier de Oliverira (Adagio ao sol -1996-, O Vampiro de Copacabana -1976-, André, a Cara e Coragem -1971) e estrelado por Carlos Alberto Riccelli (Guerra dos Sexos - 2012 -, Éramos seis - 1977), Sérgio Mamberti  (Castello RáTimBum - 1995 -, Linha Direta -1999) e Sérgio Viotti (Sinhá moça - 1986 -, JK – 2006), conta com uma participação especial de Zózimo Bulbul (Quilombo -1984) que foi o primeiro negro protagonista de novelas da história do Brasil. A obra cinematográfica tem a duração de 51 minutos e repassa de maneira clara, objetiva e bem adaptada a história do conto, sem fugir muito dos cenários ou das falas dos personagens apresentados na obra literária original. São raras as exceções. O filme apresenta diversas transições de imagem – muito bem elaboradas -, por conta da alternância entre as cenas em que dois homens dialogam e as em que a narrativa do protagonista ganha vida própria.

O enredo volta-se à história do cônsul brasileiro, Castelo, que conta a um amigo, Castro, aventuras de sua vida, enfocando o momento no qual, por necessidade, teve que se passar por um suposto professor de javanês (língua conhecida por poucos, provinda de Java, uma ilha asiática integrada à Indonésia) e dar aulas a um Barão idoso – que deseja aprender o idioma por conta de uma história de herança familiar. Castelo passa a ensinar-lhe o pouco que estudara sobre a difícil língua, à qual o Barão não consegue aprender. Este, então, resolve simplesmente pedir ao “professor” que leia para ele um livro em javanês, para que não morra antes de saber sobre o quê o livro se trata, já que havia ganhado de seu pai e lhe prometera que um dia o entenderia. Castelo inventa e dita diversos contos ao senhor – alegando traduzi-los do livro javanês. Certo dia, o velho propõe a Castelo um emprego de Diplomata, alegando que seu conhecimento da língua estrangeira, educação e porte culto bastavam para isso. Foi aceito por Castelo, ainda que com certo êxito. Posteriormente, este vem a se tornar cônsul. Durante a narrativa há interrupções das cenas, nas quais Castelo introduz e explica determinadas situações em que se coloca e às quais Castro – a quem a história é contada – faz diversas sátiras em tom humorístico.

A partir das premissas de Castro e da situação em geral, o drama cinematográfico veladamente critica um tema caro à realidade do Brasil: o “jeitinho brasileiro” de ser.  A maneira com a qual o protagonista se desenrola na situação em que se põe praticamente descreve a dinâmica que envolve aquele conceito e, inclusive, aplica-se a teorias de famosos filósofos como Nicolau Maquiavel e Jean Piaget de uma maneira prática, evidenciando a “Anomia” –teoria deste- e a prática do “não importa a maneira como se chega ao poder, desde que se chegue” – teoria daquele -, sendo uma boa escolha de filme a amantes da filosofia, a quem já tenha tido uma leitura prévia das teorias ou a quem terá que ler e quer entendê-las por completo – alternativa válida já que tais teorias fazem parte da grade de leitura escolar. As teorias não são citadas, mas explícitas para quem passou o olho pelo assunto. Além de tudo, o conto do qual o filme deriva também faz parte daquela grade, proporcionando uma alternativa de estudo da obra para os que não a entenderam como queriam ou deveriam. O filme é simples, divertido e pode ser compreendido por qualquer leigo no assunto, mas a sopa filosófica que apresenta é capaz de proporcionar uma excelente nutrição intelectual principalmente a estudiosos jovens espectadores e amantes da filosofia.

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