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Actos De Fala

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Por:   •  16/12/2013  •  1.046 Palavras (5 Páginas)  •  777 Visualizações

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Comunicar é agir. Quem comunica, mesmo não tendo essa consciência, executa sempre atos. O ato da fala caracteriza-se pela acção que o falante realiza quando produz um enunciado, ou seja, é uma acção verbal com uma intenção comunicativa. Comunicar acaba por ser um trabalho qualificado, onde o domínio da técnica, aliado ao canal de comunicação a utilizar, determina a sua eficácia, em que, para se alcançar a competência comunicativa dos falantes, é necessário ter em conta vários factores, em que a interação verbal (competência social) determina a acção linguística com a utilização do código socialmente estabelecido para cada situação.

A pragmática(disciplina linguística que estuda as várias formas de expressão comunicacional dos intervenientes) tem sido a área de maior estudo, no que diz respeito à actividade verbal. J. L. Austin(1962) caracterizou-se como o primeiro teorizador dos atos de fala (unidade básica de significação), enunciando três atos distintos na realização completa de um ato de fala: respectivamente os atos locucionário, ilocucionário e perlocucionário.

O ato locutório consiste nas palavras empregues com regras gramaticais, com sentido e referencia, isto é, a verdadeira intenção do locutor, ao enunciar determinado enunciado. O ato ilocutório constitui o tipo de ato realizado, tornando explícito a sua força. Exemplo: “Prometo que amanhã deixo de fumar”/”Na 4ª feira vamos ao cinema”. O ato perlocutório consiste nas “ consequências do ato em relação aos sentimentos”, ou seja, os efeitos que um dado ato ilocutório produz no locutário. Exemplo: “A próxima vez que mexeres no armário ficas de castigo”/”És tão burro que não vais conseguir acabar o curso”.

Baseando-se na teoria de J. L. Austin, Searle(1969) propõe a criação de uma tipologia de atos ilocutórios, dividindo-os em seis categorias diferentes: assertivos, directivos, compromissivos, expressivos, declarativos e declarativos assertivos, assumindo que a actividade linguística é um comportamento governado por regras.

Assertivo: ato de fala que implica um certo comprometimento de valor relativo de verdade/falsidade - exemplo : ”Em 2020 vou casar”.

Directivo: ato de fala em que o locutor leva o alocutário a fazer ou dizer alguma coisa - exemplo: “Vai-me buscar um copo de água”.

Compromissivo: ato de fala em que o locutor cria um comprometimento a uma acção futura - exemplo: “Amanhã levo-te ao cinema”.

Expressivo: ato de fala em que face ao enunciado o locutor expressa os seus sentimentos - exemplo: “Fico feliz por teres conseguido”.

Declarações: ato de fala que altera a realidade pela simples declaração que ela existe - exemplo: “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”

Declarações assertivas: ato de fala em que o locutor tem uma autoridade especifica, trazendo uma nova realidade à sua existência - exemplo: “Considero-o a partir de agora inapto para todo e qualquer serviço militar mas apto para angariar fundos de subsistência”.

As realizações do ato de fala de desculpa, assim como outros, baseiam-se na adequação de diferentes escolhas linguísticas em relação aos seus contextos de uso (variações dialetais), em que o locutário(falante) expressa significados ao interlocutor a respeito do grau de distância/proximidade, poder/solidariedade, etc. Grande parte dos estudos do ato de fala de desculpa baseiam-se numa perspectiva intercultural ( Cohen e Olshtain,1981,1985; Blum-Kulka e Olshain, 1984). Fraser (1981) cria várias formas semânticas para o ato de fala de desculpa usadas por falantes da mesma língua: ato directo/indirecto; homem/mulher, etc. Mais tarde Jaworski(1994) realiza um estudo sobre a variação funcional, centrado em aspectos teóricos e metodológicos. Existe uma grande variedade de trabalhos realizados sobre o ato de fala de desculpa, que têm em conta diversas variações, tais como: variação intercultural (diastrática), variação dentro de uma mesma cultura (diatópica) e outras puramente formais (diafásica).

Os atos de fala de desculpa integram-se, em princípio, nos atos ilocutórios expressivos, uma vez que expressam um determinado estado psicológico. Contudo, os objectivos do locutor poderão ir mais além do conteúdo proposicional. De acordo com Leech(1983), a troca comunicativa não passa de “retórica interpessoal”. Assim, pedir desculpas pode ser apenas uma estratégia atenuadora, um preliminar de outros atos, como, por exemplo, o directivo. Pede-se desculpas, com o intuito de substituir uma resposta negativa directa, para introduzir uma informação que o locutor pressupõe ser desagradável para o ouvinte...

Os exemplos que se seguem, recolhidos do nosso quotidiano, permitem-nos verificar diferentes realizações para o ato de fala de desculpa.

Exemplos:

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